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terça-feira, 19 de abril de 2016

ATAQUES EM FORTALEZA (CE), PARTEM DE PRESÍDIOS

(Foto: Reprodução/Diário do Nordeste)

A ordem dos ataques que estão ocorrendo em Fortaleza e Região Metropolitana parte de dentro dos presídios, segundo uma fonte da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). A reportagem conversou com um investigador ligado às apurações sobre os atentados e ele afirmou que o Sistema Penitenciário está em ebulição desde que foi anunciada a instalação de bloqueadores de sinal de celulares. Durante três dias o Diário do Nordeste irá contar a atuação das facções criminosas, que agem dentro e fora das unidades prisionais do Ceará.

Dentre os presos que estão sendo investigados pela possibilidade de ter planejado atentados de dentro da prisão, está Paulo Diego da Silva Araújo, que segundo foi citado por três fontes da SSPDS, seria o principal suspeito de ter articulado para que um carro-bomba fosse colocado próximo à Assembleia Legislativa do Ceará, no dia 5 de abril.

A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) informou que Araújo foi transferido, no último sábado, para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, com outros três detentos.

PCC

Conforme investigações realizadas pela Polícia Federal (PF), que culminaram na ´Operação Cardume´ deflagrada em setembro de 2015, o suspeito é integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) e participava de uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas. De acordo com a PF, Paulo Diego tinha um poder financeiro considerável e foi empresário, no ramo de revendas de veículos.

Segundo um servidor da Polícia Civil, que preferiu não se identificar, a operação em busca dos culpados pelos ataques demanda tempo, porque é muito complexa, mas já é certo que outros detentos serão implicados, por envolvimento com os planos de atentados realizados nas ruas.

"Houve uma operação nas unidades prisionais e alguns aparelhos celulares foram apreendidos. Foi então que as suspeita sobre o Paulo Diego aumentaram, mas também revelaram outros nomes. No entanto, ainda não existe prova contra o Paulo Diego que garanta com certeza que ele é o culpado neste episódio da Assembleia", ressaltou.

Contumaz

O histórico de Paulo Diego Araújo mostra que ele é um criminosos contumaz, que já foi investigado em três inquéritos da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal, abertos nos anos de 2012 e 2013; e em vários outros da Polícia Civil do Ceará. Em sua última prisão, em cumprimento a um mandado de prisão da Comarca de Caucaia, o criminoso foi encontrado em um condomínio no Porto das Dunas, em Aquiraz, usando o nome falso de Paulo Henrique Ferreira dos Santos. Ele já tinha condenações por tráfico, furto qualificado, lavagem de dinheiro, homicídio e roubo.

Segundo o processo que deu seguimento à ´Operação Cardume´, Paulo Diego recebia drogas de um traficante, que tratava diretamente com um fornecedor boliviano de cocaína, e repassava para os traficantes menores de Fortaleza. O processo diz que o criminoso "seria responsável pelo financiamento do tráfico internacional e do PCC".

Desde que operação foi deflagrada, a transferência de Paulo Diego Araújo foi solicitada à Justiça Federal e concedida. "Ele foi flagrado por interceptações telefônicas movimentando o tráfico, mesmo preso. Por conta disto, quando a operação foi deflagrada nós pedimos que ele fosse transferido para uma presídio federal. Nos áudios fica claro que ele tinha sim ligações importantes com o PCC e isto foi mais um motivo para que ele não fosse mantido aqui", afirmou um servidor da PF que participou das investigações.

Transferidos

Outras três pessoas acusadas do esquema desvendado pela ´Operação Cardume´ também foram transferidas. Elas são José Ivan do Carmo Brito, que ia até a Bolívia adquirir a cocaína que seria distribuída no Ceará; Roberto Oliveira de Sousa, que seria filiado ao PCC e atuava na guarda, preparo e distribuição da cocaína; e Edvandro da Silva Militão, acusado de adquirir armamento pesado, inclusive fuzis, e comercializar material bélico.

A Polícia apura se existe a possibilidade dessas pessoas terem participado dos ataques, mas até agora não há indícios. "Não se pode descartar, mas a princípio, foram transferidos porque havia um pedido da PF para isto", afirmou o servidor da SSPDS.

AUTOR: DN

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