No mês de julho, este percentual era 37,18%. Além da falta de chuvas, evaporação dos açudes agrava o quadro (Foto: Reprodução/Diário do Nordeste)
A cada mês, a estiagem vai se alastrando e atingindo o Ceará com mais força. Apesar das várias tentativas do Governo do Estado para mobilizar a população a poupar os recursos hídricos, as perspectivas de reverter a situação nos próximos meses são pequenas. Segundo o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), Raul Fritz, com a baixa média de chuvas registrada historicamente entre os meses de setembro e novembro, a tendência é de que a seca intensa atinja área cada vez maior do Estado até o fim deste ano.
Além das precipitações escassas, os reservatórios ainda podem ser prejudicados pela forte evaporação da água, resultado das altas temperaturas. "É muito preocupante. Nos próximos meses, pode até ser que aconteçam chuvas esporádicas, mas não são suficientes para diminuir esse quadro", afirma Fritz.
Cenário preocupante
Se no mês de junho, o Ceará já passava por seca extrema em partes das regiões do Cariri e dos Sertões, em agosto, a área mais a sul do estado já alcança níveis excepcionais, considerado o mais grave, conforme classificação da Agência Nacional de Águas (ANA).
Os dados foram revelados pelo Monitor de Secas do Nordeste, plataforma do Governo Federal que acompanha de forma periódica a gravidade da seca na região. No relatório referente a agosto, a ferramenta aponta que mais da metade do Ceará (58,51%) estava em situação de seca extrema ou excepcional, revelando a magnitude da situação.
No mês de julho, esse percentual era 37,18%. Já os municípios que se encontravam exclusivamente em estado de seca excepcional em agosto correspondiam a 14,06% do Estado, quase o dobro do total registrado no mês anterior (7,5%).
Conforme a tabela da ANA, nos municípios onde a seca é extrema, os prejuízos incluem grande perdas de cultura e pastagem, assim como escassez de água generalizada ou restrições. Na seca excepcional, os quadros se agravam ainda mais, com a falta de água nos reservatórios, córregos e poços, resultando em situações de emergência.
Precipitações
Segundo a avaliação da Agência, "as poucas chuvas que ocorreram nesse mês de agosto contribuíram para intensificar a seca na maior parte do Estado". O meteorologista Raul Fritz ratifica: "Nossa estação invernosa foi fraca e depois não tivemos chuvas. Felizmente o mês de janeiro foi razoável, o que ajudou a manter os reservatórios até agora. De qualquer forma, choveu 45% abaixo da média e isso agravou a condição", diz o especialista.
Os impactos da ampliação das áreas com secas severas, conforme a ANA, são sentidos a curto prazo, na agricultura e na pastagem, e a longo prazo, na hidrologia e na ecologia. Uma das consequências é a queda do volume dos reservatórios cearenses. De acordo com dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) referentes ao último sábado (17), os açudes monitorados estão com apenas 9,2% de sua capacidade.
Na mesma data do mês de junho, logo após o fim da estação chuvosa, os reservatórios possuíam 11,6% da capacidade. Em julho, o percentual baixou para 10,8% e, em agosto, para 10%. Hoje, dos 153 reservatórios presentes no Ceará, 129 estão com menos de 30% de sua capacidade.
AUTOR: DN
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