Os números são absurdos: 812 mortes em 90 dias, 34 assassinatos em um fim de semana. Soam como estatísticas de guerra, mas são os números da violência no Ceará.
A discussão saiu da rua e foi parar na cama de hospital. “Ele apontou o revólver para mim e atirou. Disse: ‘estão matando por brincadeira mesmo’”, lembra o servente Francisco José da Silva Nascimento.
Nos três primeiros meses do ano, foram 812 assassinatos, 115 a mais que no mesmo período do ano passado. A violência continuou no mês de abril. Em um único fim de semana, 34 pessoas foram assassinadas.
Nos três primeiros meses do ano, foram 812 assassinatos, 115 a mais que no mesmo período do ano passado. A violência continuou no mês de abril. Em um único fim de semana, 34 pessoas foram assassinadas.
Foi em um domingo que Hélio perdeu a vida. Ele dirigia uma cooperativa que oferece formação profissional para jovens de baixa renda. Foi baleado na porta de casa por dois homens que fugiram em uma moto. “Todo mundo está sem entender. Não entra na nossa cabeça. Ele não tinha envolvimento com nada para morrer dessa forma”, afirma Jocilda Ribeiro, amiga da vítima.
Os sobreviventes superlotam os hospitais. Só um deles atendeu quase mil pacientes atingidos por armas de fogo desde o início do ano. A maioria das vítimas é de homens e jovens.
Na periferia de Fortaleza um exemplo típico de como a violência acaba custando a vida de jovens. Dois rapazes, um de 19 anos e outro de 17 anos, e um adolescente de 15 anos foram mortos de uma só vez, segundo a polícia, em uma disputa de grupos rivais pelo tráfico de drogas.
“Chamou a atenção as execuções vinculadas principalmente ao tráfico de drogas, as participação de adolescentes nessas execuções, quer seja como vítima, quer seja como autor desses homicídios”, declara o comandante da PM-CE, o Coronel Werisleik Matias.
Segundo o Ministério Público, metade dos inquéritos não consegue apontar a autoria dos crimes. O medo de quem mora nas regiões mais perigosas se revela no silêncio.
FONTE: MÁRCIO JOSÉ/INFORMAÇÕES EM DESTAQUE
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