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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

MANDANTE DE GRUPO DE EXTERMÍNIO É CONDENADO, EM FORTALEZA (CE)

O POVO fez cobertura especial sobre o grupo. Na imagem, a capa da edição de 5/9/2008

Firmino Teles de Menezes foi condenado a 14 anos de reclusão em regime fechado, acusado de ser o mandante de um grupo de extermínio. O empresário foi condenado pelo Conselho de Sentença do 4º Tribunal do Júri de Fortaleza por formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado — por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, Carlos dos Santos Marques, morto em 2005. 

A condenação, ocorrida na última segunda-feira, 8, traz à tona o caso da Máfia das Execuções denunciada pelo O POVO. Um grupo de extermínio que teria envolvimento em seis mortes foi descoberto e preso em uma operação em 2007, que movimentou mais de 150 policiais federais do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí.

Segundo boletim do Tribunal de Justiça divulgado ontem, a denúncia do Ministério Público diz que Carlos foi morto por dois homens com capacetes que conduziam uma motocicleta não identificada. A vítima era proprietária da madeireira Mardepel, que fornecia matéria-prima para a madeireira São Francisco, propriedade de Firmino. O réu teria deixado de repassar dinheiro para Carlos. O problema gerou discussões entre os dois empresários. A partir das discórdias aconteceram quatro mortes de pessoas ligadas à madeireira São Francisco.

Inquérito
A delegada de Polícia Civil Alexandra Medeiros, que presidiu o inquérito, lembra que Firmino Teles possuía uma briga judicial com Miguel Luiz Neto, sócio dele na madeireira. “Foi constatado que existia um problema entre eles. E ele (Firmino) tinha conhecidos que faziam a segurança dele, com alguns policiais militares. O Teles mandou matar o Miguel Luiz Neto (em 2007). Outras pessoas que presenciavam as discussões deles também foram mortas”, detalha.

Outros crimes
Além desse caso, o grupo de extermínio é acusado da participação no fuzilamento de dois jovens que teriam matado um policial. Na ocasião, policiais do serviço reservado levavam para o hospital os dois adolescentes em uma viatura descaracterizada. Um deles estava ferido a bala no pé. Eles chegaram ao Frotinha de Messejana, foram interceptados e abordados por dez homens encapuzados, que teriam rendido os PMs e fuzilado os adolescentes.

O delegado Paulo André Cavalcante, que hoje atua na Delegacia de Pacajus, na época era lotado na delegacia que apurava crimes de trânsito e foi convocado pelo então secretário da Segurança, Roberto Monteiro, para força-tarefa feita para elucidar os crimes. “Em 2007 foram cumpridos os mandados de busca e apreensão e de prisão de envolvidos no grupo de extermínio”, comenta.

Entre os mortos identificados como vítimas do grupo de extermínio estão Júlio César Diniz (2007), Francisco Tomé Filho (2004) e Gilberto Soares Duarte (2006), além de Carlos dos Santos Marques e Miguel Luiz Neto.

Os quatro acusados no processo — Paulo César Lima de Souza (Paulão), Rogério do Carmo (Cu de Boi), Sílvio Pereira do Vale Silva (Sílvio Pé de Pato) — não tiveram os processos julgados porque recorreram contra a decisão de pronúncia. O sexto acusado, Claudenor Ribeiro Alexandre (Nonô), morreu.

Conforme o TJCE, o advogado de Firmino Teles de Menezes, Francisco Antônio Eugênio Viana, negou que o cliente seja autor do crime. Na noite de ontem, O POVO não conseguiu contato com o advogado.

Frase

O (FIRMINO) TELES MANDOU MATAR O MIGUEL (LUIZ NETO) E OUTRAS PESSOAS QUE PRESENCIAVAM AS DISCUSSÕES DELES TAMBÉM FORAM MORTAS”
Alexandra Medeiros, delegada

AUTOR: O POVO

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