Para o presidente afastado, se o voto tivesse sido aberto, o impeachment não teria acontecido. Collor diz que teve o "direito cerceado" FOTO: AGÊNCIA O GLOBO
São Paulo. O empurra-empurra no plenário da Câmara era geral quando o deputado mineiro Paulo Romano (PFL), gritou ao microfone: "Voto pela dignidade, por aquilo que Minas representa, é sim!". Foi nesse curto discurso, em 29 de setembro de 1992, que acabou o governo de Fernando Collor de Mello.
O "sim" de Romano, o 441º daquela tarde, completava o mínimo necessário para aprovar a abertura do processo de impeachment. Por lei, Collor se afastaria do poder por 180 dias. O vice, Itamar Franco, do PMDB, tomaria posse dois dias depois.
Foi uma tarde de festa e buzinaços - o presidente já havia perdido o apoio dos políticos e também o das ruas. Milhares de pessoas lotavam a frente do Congresso e grupos acompanhavam a votação, em bares e praças, pelo rádio e pela TV.
Afastado
Aos 42 anos, Collor deixava o poder 29 meses e 17 dias depois de assumir prometendo um governo que deixaria "a esquerda indignada e a direita perplexa". Renunciou três meses depois, em 29 de dezembro, minutos antes de começar no Senado, sob presidência do presidente do Supremo, o julgamento do pedido da Câmara, que enfim o afastou.
O episódio culminava uma sequência de momentos decisivos para a democracia no Brasil - a Anistia em 1979, as Diretas-Já em 1984, o fim do regime militar e a morte de Tancredo Neves em 1985, a Constituição em 1988.
O impeachment fechou um ciclo de quatro meses iniciado quando o irmão do presidente, Pedro Collor, revelou à revista Veja como funcionava o "Esquema PC". Chefiado por um auxiliar pessoal de Collor, Paulo Cesar Farias, esse esquema tomava recursos de empresas em troca de favores do governo e os repassava, por intermediários, para gastos pessoais e outras finalidades do presidente e de sua família. Dois dias depois, era instalada a CPI do Collor. Em junho, o motorista Eriberto França tornou-se herói ao desmentir o presidente, em entrevista à revista Isto É, revelando que pagava, ele próprio, as contas da residência presidencial, a Casa da Dinda.
O golpe final foi a divulgação de um cheque, que pagou Fiat Elba para a primeira-dama, Roseana Collor. O resto eram favas contadas: a conclusão da CPI e a votação do impeachment.
Pressões
"Mas foi um momento difícil, sofremos pressões fortíssimas na CPI", lembra o deputado Miro Teixeira (PDT). Na comissão atuava também o petista José Dirceu, hoje réu do mensalão. O pedetista entende que foi decisiva a sentença do STF para que a votação do impeachment fosse aberta.
"Meu direito foi cerceado em todos os momentos. Foi uma violência, um golpe parlamentar", disse Collor ao jornalista Gilberto Carvalho, autor do recém-lançado livro A Era Collor. O ex-presidente se culpa por "não ter dado a devida atenção ao Congresso". "Nunca fui de mediar com o Parlamento. Eu nunca fui um líder político. Fui um líder popular". Hoje senador, ele preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado.
AUTOR: DN
Foi uma tarde de festa e buzinaços - o presidente já havia perdido o apoio dos políticos e também o das ruas. Milhares de pessoas lotavam a frente do Congresso e grupos acompanhavam a votação, em bares e praças, pelo rádio e pela TV.
Afastado
Aos 42 anos, Collor deixava o poder 29 meses e 17 dias depois de assumir prometendo um governo que deixaria "a esquerda indignada e a direita perplexa". Renunciou três meses depois, em 29 de dezembro, minutos antes de começar no Senado, sob presidência do presidente do Supremo, o julgamento do pedido da Câmara, que enfim o afastou.
O episódio culminava uma sequência de momentos decisivos para a democracia no Brasil - a Anistia em 1979, as Diretas-Já em 1984, o fim do regime militar e a morte de Tancredo Neves em 1985, a Constituição em 1988.
O impeachment fechou um ciclo de quatro meses iniciado quando o irmão do presidente, Pedro Collor, revelou à revista Veja como funcionava o "Esquema PC". Chefiado por um auxiliar pessoal de Collor, Paulo Cesar Farias, esse esquema tomava recursos de empresas em troca de favores do governo e os repassava, por intermediários, para gastos pessoais e outras finalidades do presidente e de sua família. Dois dias depois, era instalada a CPI do Collor. Em junho, o motorista Eriberto França tornou-se herói ao desmentir o presidente, em entrevista à revista Isto É, revelando que pagava, ele próprio, as contas da residência presidencial, a Casa da Dinda.
O golpe final foi a divulgação de um cheque, que pagou Fiat Elba para a primeira-dama, Roseana Collor. O resto eram favas contadas: a conclusão da CPI e a votação do impeachment.
Pressões
"Mas foi um momento difícil, sofremos pressões fortíssimas na CPI", lembra o deputado Miro Teixeira (PDT). Na comissão atuava também o petista José Dirceu, hoje réu do mensalão. O pedetista entende que foi decisiva a sentença do STF para que a votação do impeachment fosse aberta.
"Meu direito foi cerceado em todos os momentos. Foi uma violência, um golpe parlamentar", disse Collor ao jornalista Gilberto Carvalho, autor do recém-lançado livro A Era Collor. O ex-presidente se culpa por "não ter dado a devida atenção ao Congresso". "Nunca fui de mediar com o Parlamento. Eu nunca fui um líder político. Fui um líder popular". Hoje senador, ele preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado.
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