'ELE AMAVA PESCAR', DIZ VIÚVA DE HOMEM QUE ENGASGOU COM PEIXE VIVO

Imagem de Salinas, Litoral de Icapuí. Vítima pescava no local quando fisgou o peixe Solha (Foto: TV Globo)

A esposa do homem de 45 anos que morreu engasgado com um peixe Solha (ou Soia) após uma brincadeira em Icapuí, litoral leste do Ceará, no último domingo (18), se diz inconformada. “Não consigo aceitar. Por que uma brincadeira tão infeliz leva a vida de uma pessoa tão importante? Porque pra mim ele era muito importante”, disse. "A vida dele era pescar. Ele amava pescar'', afirmou.

A esposa da vítima, que pediu para não ter o nome citado, conta que estava em Fortaleza quando o acidente aconteceu. “A pessoa [amigo] que estava com ele me contou que ele brincou que conseguiria segurar o peixe vivo na boca, com os dentes. Ela disse que era bem pequeno, menor que uma piaba. Mas escorregou”, conta a mulher,

A viúva afirma que o marido tentou vomitar o peixe, bebeu muita água e refrigerante. “Mas ele começou a vomitar com sangue e decidiu ir para o hospital. A pessoa que estava com ele não dirigia, então ele dirigiu”, disse ela. “No hospital me contaram que ele chegou sem fôlego, roxo. Que abriram a garganta dele [traqueostomia] com sucesso, mas ele teve uma parada cardíaca. Conseguiram fazer a ressuscitação e ele chegou falar, ele pediu ajuda”, conta a mulher. Ela soube do acidente por um telefonema do sobrinho.

De acordo com a esposa, o marido adorava fazer brincadeiras e que segurar o peixe com os dentes era uma delas. “Ele era assim, estava sempre fazendo brincadeiras, adorava brincar”, afirma a dona de casa que ficou viúva e com dois filhos, uma menina de nove anos e um adolescente de 15. “Ele era mecânico autônomo, me deixou com muitas coisas para resolver”, afirma a esposa, que não tem perspectivas de como ficará sua família.

A vítima era natural de Icapuí e morava em Fortaleza há alguns anos. Ele havia comprado uma casa na comunidade do Olho D'Água na cidade natal e sempre que podia visitava o local. “Estávamos reformando a casa, ele ia sempre na sexta e voltava no domingo. As vezes com sobrinhos, outras com amigos. Na última sexta [16] ele saiu com trabalhadores [para a reforma]”, explicou a esposa.

O homem, ainda conforme a esposa, era um amante da pescaria e sempre que estava em Icapuí pescava em barcos, ou com redes de pesca nas salinas e varas de pescar. No domingo (18), quando aconteceu o acidente, ele estava na salina.

Soia
Pescadores de Icapuí afirmam que o peixe é amaldiçoado pela santa católica “Nossa Senhora” e apontam a maldição como uma das causas da morte. “É só lenda, história de pescador”, diz a esposa. Para o pescador Antônio Alves da Rocha, a maldição é realmente apenas uma lenda.

Com 40 anos de profissão, Rocha afirma que os pescadores contam que “Nossa Senhora” passava pelo mar e não sabia se a maré estava baixa ou alta, decidiu então perguntar para o Soia. O peixe, segundo a história, renegou a santa. Por isso foi amaldiçoado, ficando com os dois olhos de um lado só.

AUTOR: G1/CE