Fortaleza. Dos 149 açudes cearenses monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado (Cogerh), 62 estão com menos de 10% da capacidade, quantidade equivalente ao volume morto. No início de setembro, número de reservatórios nesta condição era de 48.
A taxa atual de armazenagem de água, somando todas as regiões do Ceará, é de 26,2%. Considerando a demanda pelo líquido em diversas utilizações, mais a perda por evaporação, estimativa da Companhia é que o nível chegue a 20% até o fim de dezembro, segundo o órgão.
A situação mais crítica encontra-se na bacia hidrográfica dos Sertões de Crateús, em que nove dos dez açudes supervisionados pela Companhia estão secos. Naquela área, apenas a Barragem do Batalhão, que atende à sede de Crateús, está em condição razoável, com 54% de reserva. Entretanto, este manancial tem baixo potencial de armazenamento e é incapaz de oferecer segurança hídrica à população.
Para tentar minimizar os danos, de acordo com a Cogerh, está sendo construída uma adutora ligando o açude Araras, localizado em Varjota, à cidade da região dos Inhamuns. "Além de Crateús, a adutora também vai abastecer o município de Nova Russas e todos os distritos por onde passar", explica o chefe de gabinete da presidência da Companhia, Berthyer Peixoto. O reservatório do Araras já atende, hoje, à população de Sobral, e está com 14,5% da capacidade.
Providências
Em nível estadual, o governo do Ceará vem adotando uma série de medidas paliativas com o objetivo de atenuar os efeitos causados pela estiagem. De acordo com Berthyer Peixoto, o Estado suspendeu a concessão de novas outorgas para irrigação de culturas temporárias, mantendo apenas as que já existem, com a finalidade de priorizar o abastecimento humano.
Em vários municípios, a principal ação do governo para manter a distribuição de água é a instalação de adutoras de engate rápido, que são montadas e desmontadas conforme a necessidade e representam solução mais imediata. Outra medida difundida pelo Estado tem sido a perfuração de poços.
Em localidades afetadas pela seca que têm menor índice demográfico, o recurso emergencial adotado de maneira preponderante ainda tem sido o carro-pipa, segundo a Cogerh.
A bacia hidrográfica em situação mais confortável hoje no Ceará é a do Alto Jaguaribe, que conta com 47% da capacidade de armazenamento. Em segundo lugar está a bacia do Salgado, com 30,7% do limite.
A reunião do Comitê Integrado de Combate à Seca, realizada rotineiramente às segundas-feiras, e que, portanto, deveria ter acontecido ontem, foi adiada para o próximo dia 7, após as eleições majoritárias e proporcionais. Com isso, nenhuma informação foi repassada sobre o número de municípios que decretaram o racionamento de água.
O titular da SDA, Antônio Amorim, também informou desconhecer os novos números e nem soube pontuar quais as ações que a Defesa Civil do Estado estão implementando para atender às cidades mais atingidas pelo desabastecimento.
Agricultura
Enquanto isso, a Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) disse, ontem, que as perdas provocadas pela restrição hídrica atingem fortemente o setor agropecuário. Segundo informou o assessor de Desenvolvimento Rural da entidade, Nicolas Fabre, produtores de frutas do Vale do Curu já amargam prejuízos consideráveis.
O assessor explicou que os riscos têm sido maior para aqueles que não optaram para a diversificação de culturas, como é o caso do grande produtor, ou mesmo aqueles que não aproveitaram o sortimento de itens disponíveis para a agricultura familiar. Nesse caso, Fabre observa que somente não estão sendo mais penalizados em vista do socorro oriundo da Garantia Safra.
Mais informações:
Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh)
(85) 3218.7020
http://portal.cogerh.com.br/
Fortaleza-CE AUTOR: DN
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