CORPO DE JOVEM QUE SUMIU APÓS ABORTO É VELADO, NO RJ

Corpo de Jandira é velado na capela A do cemitério de Ricardo de Albuquerque (Foto: Alba Valéria Mendonça)

O corpo de Jandira Magdalena dos Santos está sendo velado no cemitério de Ricardo de Albuquerque, no Subúrbio do Rio, na manhã deste domingo (28). Segundo irmã da jovem, as filhas de Jandira e a mãe não irão ao enterro. “Minha mãe está sedada. 

Estamos sentindo o que todo pai e toda mãe estaria sentindo e queria que não julgassem a Jandira. Ela já pagou por isso, pagou com a vida dela", desabafou Joyce Magdalena, ressaltando que acredita no trabalho da polícia e da Justiça e espera que em breve o falso médico seja preso.

O pai de Jandira, Samuel Cruz, não se conforma com o estado em que o corpo da filha foi encontrado. 

"O que mais me revolta é terem mutilado a minha filha", desabafou ele durante o velório. Ainda de acordo com Cruz, uma semana antes da Jandira fazer o aborto ela ligou para ele. "Me prontifiquei a ir junto", disse o pai, que mora na Região dos Lagos e não recebeu mais ligação da filha. 

Ainda segundo ele, o mais angustiante durante o último mês foi a demora para confirmar se o corpo encontrado carbonizado era mesmo o de sua filha e o a liberação do corpo para o enterro.

Amiga foi a velório com camisa com o rosto de Jandira estampado (Foto: Alba Valéria Mendonça)

Jandira desapareceu depois de procurar uma clínica de abortos na Zona Oeste da cidade. A jovem tinha 27 anos e estava grávida de quatro meses. Segundo Joyce, nos próximos dias a mãe de Jandira deve dar entrada na Justiça para pedir a guarda das duas netas, que já moravam com ela e com a filha. O velório é realizado na capela A do cemitério.

Amigos também estão inconformados com a morte brutal da moça. “Para mim ela não era só uma amiga, era como se fosse uma irmã. Significava muito para mim e para toda a minha família”, disse a estudante Alessandra Amaral, que está com uma camiseta com o rosto de Jandira estampado.

Corpo carbonizado
No dia 27 de agosto o corpo carbonizado, sem as digitais e a arcada dentária, foi encontrado dentro de um carro em Guaratiba, na Zona Oeste. 

De acordo com a Polícia Civil, um exame comprovou a compatibilidade genética entre o corpo encontrado no carro e a mãe de Jandira, mas apenas a Justiça poderia incluir o nome da jovem na certidão de óbito. Sem a decisão de um juiz, ela ainda seria enterrada sem identificação. 

Para resolver o problema, a família recorreu à Defensoria Pública. O enterro foi autorizado pela Justiça na madrugada desta quinta-feira (25).

Jovem decidiu abortar por ‘desespero’
No dia 26 de agosto, Jandira saiu de casa para fazer um aborto e não voltou mais. Maria Ângela Magdalena contou que a filha estava com cerca de 12 semanas de gestação e que teria decidido abortar por "desespero".

"A gente é muito unido. Eu sabia [que ela estava grávida] e queria muito. Doze ou treze semanas. Ela estava muito preocupada, no desespero mesmo. Tanto que ela confiou na primeira pessoa que apareceu", disse a mãe logo após a sumiço da jovem. Ainda segundo Ângela, Jandira pagou R$ 4,5 mil para fazer o aborto.

Cinco indiciados pelo crime
Cinco pessoas já foram indiciadas pelo crime, como informou o delegado Hilton Alonso, da 35ª DP (Campo Grande). A polícia ainda procura outros suspeitos. O Tribunal de Justiça do Rio negou o habeas corpus aos donos da casa onde teria ocorrido o aborto da auxiliar administrativa Jandira Cruz.

Até esta quarta-feira (24), estavam presos Vanuza Vais Baldacine, que segundo os investigadores era a motorista da quadrilha; Rosemere Aparecida Ferreira, apontada como a chefe da quadrilha, já que era ela quem recebia o dinheiro e marcava as consultas e pagava o restante da equipe; o ex-marido de Rosemere, o policial civil Edilson dos Santos, segurança do grupo; além de Marcelo Eduardo Medeiros, que aluga o imóvel para clínica clandestina; e Mônica Gomes Teixeira, que recepcionava as clientes.

AUTOR: G1/RJ