A feira da Rua José Avelino, no Centro, virou palco de guerra na noite de sábado para domingo, quando vendedores e fiscais da Prefeitura, por duas ocasiões, entraram em confronto. O resultado foi uma "chuva de pedras", por parte dos manifestantes, em conflito com balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo que vinham do lado dos fiscais da Secretaria Executiva do Centro (Sercefor), da Polícia e da Guarda Municipal.
O primeiro conflito ocorreu entre 20h e 22h, quando foram realizadas apreensões de mercadorias que ocupavam espaço não determinado pela Prefeitura, resultando na lesão de feirantes e fiscais e registro de Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) no 34º Distrito Policial, conforme dados da assessoria da Guarda Municipal. A assessoria diz que se tratava de operação de rotina, mas que os vendedores foram instigados por um deles a enfrentar a fiscalização.
Um novo conflito foi verificado às 3h da manhã, quando fiscais da Sercefor pediram reforço aos guardas municipais, que foram "encurralados" no estacionamento do Mercado Central de Fortaleza. O equipamento teve a grade arrancada. "Foi uma noite de terror e quebra-quebra", definiram pessoas que acompanharam a operação.
Ferida
Na manhã de domingo, além da circulação do vídeo mostrando o que aconteceu, vendedores e compradores comentavam o caso. "Foi horrível, nunca tinha visto nada igual", assegura Maria Pereira, que há mais de seis anos viaja de Juazeiro do Norte para fazer compras na feira da madrugada de Fortaleza.
"Não vou mais arriscar minha vida", disse, afirmando ter sido recebida com balas de borracha. "Teve gente ferida", completa Maria Pereira. "Além de tomar as mercadorias, eles riam da gente. Levaram o carrinho de lanche de frutas de um vendedor e foram comer", conta Rodrigo da Silva, justificando a revolta dos vendedores. Há dois anos, ele trabalha no local e disse nunca ter presenciando ação semelhante. Feirantes questionam a proibição de trabalhar no local, justificando ser mais seguro e descartando a opção de trabalhar na Rua Governador Sampaio, segundo eles insegura e sem infraestrutura.
O episódio de ontem constitui mais uma batalha entre o Município e os vendedores da feira da Rua José Avelino. Em abril, durante uma ação, o motorista Gesevaldo Correia Lima teve 15% do corpo queimado. No mês de julho, nova operação aconteceu no sentido de ordenar tanto o espaço quanto o horário de funcionamento do comércio.
Conforme nota da Prefeitura, é permitida a ocupação das áreas da José Avelino, travessa Icó e Governador Sampaio e embaixo do viaduto, nos horários das 19h às 8h de quarta para quinta e das 19h de sábado até às 11h do domingo. No entanto, a movimentação extrapola o horário e o espaço. Aos domingos, vai até às 15h. Ontem pela manhã, vias no entorno da Rua José Avelino estavam ocupadas de maneira irregular, dificultando o tráfego de veículos.
Era possível observar filas duplas e até triplas de carros estacionados sobre o viaduto da Avenida Presidente Castelo Branco, realidade repetida nas manhãs das quintas-feiras. São 60 ônibus que disputam espaço com motos, carros particulares e táxis. No local, são tímidas as placas oferecendo "estacionamentos rotativos para clientes". Sem nenhuma ordenação, flanelinhas tentam o impossível: organizar o caos. Mesmo assim a assessoria de comunicação da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC) afirma que mantém, diariamente, uma rota volante que percorre toda a região do Centro para coibir as irregularidades.
A fiscalização é intensificada nos dias de realização da feira, disponibilizando 12 agentes, que usam seis viaturas e fazem o trabalho de ordenação do trânsito nas proximidades do Mercado Central e da Igreja da Sé. O objetivo é fiscalizar as infrações e garantir a fluidez de veículos.
AUTOR: DN
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