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domingo, 29 de setembro de 2013

SERVILHO QUER REESTRUTURAR A GESTÃO

O delegado federal Servilho Paiva assumiu o comando da Segurança Pública do Ceará com o desafio de reduzir o tráfico de drogas e os homicídios FOTO: LUCAS DE MENEZES

Faça uma pesquisa rápida somente com membros da sua família e amigos mais próximos e confirmará que a sensação de insegurança é grande no Estado com relatos diversos de crimes.

Homicídios, roubos com restrição de liberdade (sequestros relâmpagos) e ataques a banco, são algumas das principais preocupações dos cearenses, e a redução dessas práticas criminosas surgem como desafios para o novo secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), delegado federal Servilho Paiva.

Melhorar

O novo titular da SSPDS reconheceu que Fortaleza não é uma das cidades mais seguras do Brasil, mas disse também que a Capital cearense não é uma das mais inseguras. "Precisamos melhorar? Indiscutivelmente. Essa é a nossa função e a nossa missão. Tentar melhorar ao máximo, nesse curto espaço, ou pelo menos deixar algumas pedras nessa construção posta, para aquele que nos sucederá tenha uma situação melhor, especialmente na gestão dessa máquina".

Paiva disse que mudará não somente o Ronda do Quarteirão, que ele considerou como "uma fração da Polícia Militar", mas determinará uma reformulação na gestão da Segurança Pública do Estado, com uma atuação conjunta entre as Polícias Civil e Militar, com o apoio irrestrito do Setor de Inteligência do órgão. Além disso, afirmou estar disposto a atuar em parceria com a Imprensa, Poder Judiciário, setor empresarial e a sociedade civil para trazer mais segurança para o Estado.

Outras medidas também devem ser tomadas para tentar conter os altos índices de criminalidade do Ceará nos últimos anos.

Servilho Paiva que está definindo quais as principais áreas e quem serão os policiais civis e militares que farão parte de uma força-tarefa para atuar no combate a criminalidade em todo o Estado. A medida prevê ainda a definição de uma eventual premiação para os policiais que atingirem as metas de redução de crimes que serão estipuladas pela pasta.

Presos

Paiva esclareceu que com a consolidação do sistema de metas de redução dos crimes, poderá se transformar numa premiação ou em uma retirada (exoneração) para aqueles que não estiverem agindo de maneira integrada e não tenham atingido os objetivos estipulados.

"De outra forma, isso traz uma via de mão dupla. A administração tem que suprir aqueles atores com os meios necessários que eles precisam para realizar a tarefa deles", garantiu.

A presença de presos recolhidos em carceragem das delegacias do Estado também é um problema a ser enfrentado, pois o já reduzido efetivo da Polícia Civil atua como carcereiro, deixando de lado a sua atribuição de investigação dos crimes. Paiva disse já ter conversado com a secretária da Justiça e Cidadania, Mariana Lobo, sobre o problema.

"A compreensão é de quem prende não deve cuidar. Essa é a separação básica. Na medida que você já tem um efetivo reduzido da Policia Civil, extrair alguns desses atores para cuidar da carceragem você, de certa forma, traz um prejuízo para o trabalho da Instituição. A Mariana (Lobo) disse que até o fim do ano deve inaugurar outra unidade, que deve representar uma limpeza, uma redução, se não a zero, mas a quase zero dos preso nas delegacias. Pretendemos manter nas delegacias efetivamente só aquelas figuras durante o flagrante ou em uma investigação mais especifica. É uma pauta presente, urgente que a gente tem que solucionar porque isso traz resultado. O sistema prisional é muito importante, representa muito para esse resultado na segurança pública", destacou.

No Interior do Estado o foco inicial da SSPDS, segundo Paiva, será nas áreas que tenham maior incidência de crime, como as cidades-polo, que segundo ele, agregam muito comércio e muita gente. "São nessas comunidades que deveremos focar de imediato", disse.

Quadro

No entanto, a SSPDS enfrenta um problema de déficit de efetivo. "A questão do efetivo depende do estudo. Você não pode dizer que você está colocando mil e eles vão para a ponta no dia que se formarem. As vezes você está formando mil, mas 500 estão se aposentando. Isso é permanente. Você vai atualizando esse quadro. Vai ajustando, melhor distribuindo, você nunca vai ter uma situação ideal, mas tem que usar melhor, com foco e distribui naquilo que é mais urgente para a população".

Denarc e DHPP irão trabalhar em conjunto

Quanto a redução dos homicídios, o titular da SSPDS afirmou que o tráfico de drogas representa, algo em torno de 70 a 80 por cento de vinculação, com os homicídios. "Então ao eleger potencializar a (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) DHPP e a (Delegacia de Narcóticos) Denarc com um trabalho integrado com a PM, a gente está colocando foco exatamente nesse problema, homicídio/tráfico, reconhecendo essa interligação que gera todo esse resultado negativo", disse.

Questionado sobre a participação de policiais envolvidos em ações criminosas, o secretário admitiu que existem agentes da segurança envolvidos em práticas criminosas como homicídios e assaltos, mas afirmou que a grande estrutura da Controladoria Geral de Disciplina (CGD), "inédita no país é um dos nosso grandes parceiros, como é a academia para formação e requalificação do efetivo", disse.

Coletiva

Paiva disse ainda que não teme uma rejeição dos seus comandados pelo fato de ele ter sido corregedor. "Eu estou buscando trabalhar ao máximo, trabalhar objetivamente com foco no interesse da Segurança Pública, dizendo a todos que essa é uma construção coletiva, que depende de todos, de vocês da imprensa para melhor informar, do empresário para somar e trazer agilidade em algumas coisas. Não pode haver na construção da Segurança, nenhum tipo de conotação partidária, de gênero ou qualquer outra coisa. A gente tem que trabalhar de maneira coletiva porque a violência atinge a todas as classes, de A a Z".

AUTOR: DN

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