A fraude da clonagem de cartões já atravessou a fronteira do País e os criminosos que praticam este tipo de golpe já estão utilizando os objetos falsificados até mesmo em grandes centros comerciais do mundo, como é o caso de Miami, nos Estados Unidos. O delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), afirmou que já existem queixas de representantes da Embaixada dos EUA no Brasil sobre estas práticas, supostamente cometidas por cearenses.
O delegado diz que a clonagem de cartões não é um crime comum nos Estados Unidos, por isto é mais fácil para quem leva um cartão falso daqui ao exterior efetuar compras, sem levantar suspeitas. "Lá os cartões não têm sequer chips. Não há necessidade de que seja feito este reforço na segurança como é feito no Brasil, porque não existe a suspeita que temos aqui, que a qualquer momento, em qualquer lugar, nossos cartões tenham os dados roubados".
Segundo Jaime Paula Pessoa, um jovem identificado como Vitor Domingues Valentini dos Reis, 24, preso no dia 18 de fevereiro pela DDF, na Avenida da Abolição, em uma fabriqueta de clonagem de cartões com chip, pode ser uma destas pessoas, que efetuou compras no exterior mediante fraude.
"Ele tinha uma pequena loja de produtos importados. Provavelmente, fazia as compras com os cartões que ele mesmo fabricava. Era um negócio muito lucrativo, porque além dos produtos serem vendidos a preços altos aqui, ele não gastava nada para adquiri-los. O ônus só veio quando a Polícia descobriu. Passou meses preso aqui, enfrentando uma situação difícil em celas superlotadas, muito diferente da vida que ele ostentava usando os limites dos cartões alheios", disse o delegado da DDF.
Além de Reis, que pode estar entre os que tentaram enganar o comércio no Exterior, outros brasileiros chegaram a ser presos nos Estados Unidos, tentado aplicar este tipo de golpe.
"Geralmente quem vai para lá leva uma grande quantidade de cartões. No caso dos golpistas, levam cartões com os nomes deles, mas a trilha têm dados de outras pessoas. É fácil de entrar com os objetos, já que todo mundo leva. Certamente, quando a Polícia descobre, já efetuaram diversas compras. Mesmo assim, recebemos notícias de detenções que ocorreram lá".
Vítima
Uma vítima de uma fraude internacional denunciou o crime no 2ºDP (Aldeota), no último dia 14 de outubro. O homem, que não será identificado, disse que mesmo não tendo viajado no último mês, nem feito compras pela internet, foram efetivadas diversas compras e até um saque, em seu cartão, na Flórida.
"Não sei como isto pode ter acontecido. Não imagino onde o cartão foi clonado. A segurança bancária é muito frágil. Quando precisei usar meu cartão em uma viagem internacional foi uma burocracia, mas um criminoso usou quantas vezes quis, sem que eu fosse sequer avisado", declarou.
A vítima teve um prejuízo de cerca de mil reais, que já foi ressarcido pelo banco, diante das provas de que o cartão foi clonado. O delegado da DDF descarta a existência de uma rede internacional, especializada em roubar dados de cartões. "Não funciona assim, não há este intercâmbio. Pelo que a vítima descreveu, o mais provável é que o cartão tenha sido clonado e feito aqui. O criminoso levou para lá e efetivou as compras. Certamente é crime de um brasileiro".
AUTOR: DN
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