A ex-coordenadora do Escritório de Combate ao Tráfico de Seres Humanos (ETSH), que funcionava na Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), Eline Maria Marques Dantas, é uma das nove pessoas presas na operação de combate à exploração sexual em Fortaleza desencadeada pelo Ministério Público do Estado (MPE), na última quarta-feira.
Os integrantes do MPE disseram ter ficado surpresos, quando, por meio de uma interceptação telefônica, descobriram que Marques, atualmente presidente de uma Organização Não Governamental (ONG) com trabalhos direcionados para o combate à exploração de crianças e adolescentes, mantinha um "esquema" com donos de algumas casas de prostituição da Capital.
Em entrevista coletiva realizada na manhã de ontem, integrantes do MPE afirmaram que Eline Marques mantinha contato direto com autoridades e instituições que organizavam ações contra os prostíbulos e recebia informações privilegiadas. Em posse dos informes oficiais, ela avisava aos proprietários o que aconteceria, em troca de dinheiro. Conforme o MPE, ela recebia R$ 400, por semana, de cada casa.
De acordo com os promotores, Eline Marques é fundadora da ONG 'Guardiões do Futuro'. "Ela se dizia advogada, mas seu nome não foi encontrado nos registros disponíveis no site da OAB", disse o MPE. "Eline, para nossa surpresa, jogava no outro time. Ela era uma pessoa de inteira confiança. Foi até difícil acreditar que tivesse envolvida porque era muito atuante na causa, estava engajada em muitos movimentos e demonstrava grande preocupação com o assunto", afirmou o promotor Marcos William Leite.
A reportagem tentou contato com os advogados de defesa da acusada, mas não conseguiu. A Sejus informou que, desde 2011, quando o ETSH foi transformado em Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP), Eline Marques não teve mais contato com o órgão.
Além de Eline Marques, acabaram presos temporariamente, Francisco Charles Bravo de Alencar (proprietário) e Francisco Rogério Freitas de Paula (gerente) da 'Casa das Patricinhas', instalada no Centro; Valdemir Pereira Costa, proprietário da 'Casa do Val', no bairro Jardim das Oliveiras; Francisca Herbênia Silveira Rodrigues, proprietária do '3010', situado no Centro; Humberlete Ferreira Rodrigues, a 'Bete' (proprietária), e Terezinha Wilma Fernandes (gerente) de um prostíbulo no Benfica; Janayla da Conceição Costa, proprietária da 'Casa das Coelhinhas', no bairro Presidente Kennedy; e Vilaneuma Dantas de Moura, proprietária de uma casa de prostituição na Aldeota.
Buscas e apreensões de objetos ocorreram nos bordeis 'Belíssima', também na Aldeota; e no 'Portão Preto', no José Walter. Os proprietários dessas casas não foram identificados.
A reportagem conversou com os advogados Sormanes Freitas e Leandro Vasques, que representam Valdemir Pereira, o 'Val'. Freitas disse que está obtendo informações sobre o caso, mas provará que o cliente dele não cometeu os ilícitos alegados. Vasques afirmou que "a Justiça não procura um culpado, ela procura a verdade, que quando revelada mostrará a inocência de Valdemir, que não tem envolvimento com prostituição infantil".
Investigação teve origem em CPI contra prostituição
O promotor Marcos William Leite disse que as investigações foram desencadeadas após uma CPI feita pela Câmara de Vereadores de Fortaleza a respeito da prostituição infantil, no ano de 2012. O documento resultante da CPI foi enviado ao MPE, que desde então, vem fazendo ações de combate ao crime.
Durante as apurações, a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República teria pedido providências a respeito de algumas casas de prostituição, que admitia adolescentes, e citava 'Belíssima' como exemplo, conforme o promotor.
Os nove presos, que estão recolhidos na Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) podem ser punidos por exploração de criança e adolescente, favorecimento à prostituição, manter casa de prostituição, rufianismo e tráfico interno de pessoas para fins sexuais. Eline Marques, por ser presidente de ONG e desempenhar atividade paraestatal, poderá ser processada também por peculato. Valdemir Pereira, o 'Val', por possuir sinais de riqueza que ainda serão investigados, pode respondem ainda por lavagem de dinheiro.
As garotas que estavam fazendo programas nos locais visitados pela Polícia foram notificadas. Uma delas, ouvida ontem, disse que cobrava R$ 150 reais por programa, destes ficava com R$ 90 e entregava R$60 ao dono da casa.
No momento da chegada dos policiais no 'Belíssima' havia 20 garotas; na 'Casa das Patricinhas' havia cinco e na '3010' havia sete. Nenhuma delas menor de 18 anos. De acordo com o promotor, as mulheres confessaram que esperavam ter grandes lucros com a Copa do Mundo.
As mulheres que estariam sendo exploradas eram da Capital, de cidades do Interior e até de outros Estados.
AUTOR: DN
Além de Eline Marques, acabaram presos temporariamente, Francisco Charles Bravo de Alencar (proprietário) e Francisco Rogério Freitas de Paula (gerente) da 'Casa das Patricinhas', instalada no Centro; Valdemir Pereira Costa, proprietário da 'Casa do Val', no bairro Jardim das Oliveiras; Francisca Herbênia Silveira Rodrigues, proprietária do '3010', situado no Centro; Humberlete Ferreira Rodrigues, a 'Bete' (proprietária), e Terezinha Wilma Fernandes (gerente) de um prostíbulo no Benfica; Janayla da Conceição Costa, proprietária da 'Casa das Coelhinhas', no bairro Presidente Kennedy; e Vilaneuma Dantas de Moura, proprietária de uma casa de prostituição na Aldeota.
Buscas e apreensões de objetos ocorreram nos bordeis 'Belíssima', também na Aldeota; e no 'Portão Preto', no José Walter. Os proprietários dessas casas não foram identificados.
A reportagem conversou com os advogados Sormanes Freitas e Leandro Vasques, que representam Valdemir Pereira, o 'Val'. Freitas disse que está obtendo informações sobre o caso, mas provará que o cliente dele não cometeu os ilícitos alegados. Vasques afirmou que "a Justiça não procura um culpado, ela procura a verdade, que quando revelada mostrará a inocência de Valdemir, que não tem envolvimento com prostituição infantil".
Investigação teve origem em CPI contra prostituição
O promotor Marcos William Leite disse que as investigações foram desencadeadas após uma CPI feita pela Câmara de Vereadores de Fortaleza a respeito da prostituição infantil, no ano de 2012. O documento resultante da CPI foi enviado ao MPE, que desde então, vem fazendo ações de combate ao crime.
Durante as apurações, a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República teria pedido providências a respeito de algumas casas de prostituição, que admitia adolescentes, e citava 'Belíssima' como exemplo, conforme o promotor.
Os nove presos, que estão recolhidos na Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) podem ser punidos por exploração de criança e adolescente, favorecimento à prostituição, manter casa de prostituição, rufianismo e tráfico interno de pessoas para fins sexuais. Eline Marques, por ser presidente de ONG e desempenhar atividade paraestatal, poderá ser processada também por peculato. Valdemir Pereira, o 'Val', por possuir sinais de riqueza que ainda serão investigados, pode respondem ainda por lavagem de dinheiro.
As garotas que estavam fazendo programas nos locais visitados pela Polícia foram notificadas. Uma delas, ouvida ontem, disse que cobrava R$ 150 reais por programa, destes ficava com R$ 90 e entregava R$60 ao dono da casa.
No momento da chegada dos policiais no 'Belíssima' havia 20 garotas; na 'Casa das Patricinhas' havia cinco e na '3010' havia sete. Nenhuma delas menor de 18 anos. De acordo com o promotor, as mulheres confessaram que esperavam ter grandes lucros com a Copa do Mundo.
As mulheres que estariam sendo exploradas eram da Capital, de cidades do Interior e até de outros Estados.
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