O crime da adolescente Tayná Adriane da Silva, 14 anos, completa um ano nesta quarta-feira (25). Um ano também de angústia para família, que ainda não teve uma resposta da polícia sobre as circunstâncias e a autoria da morte. O inquérito está sob responsabilidade do delegado Cristiano Quintas – o quarto a assumir o caso. Além disso, o prazo para a investigação já foi prorrogado seis vezes.
A família da menina deve fazer um protesto pedindo agilidade no caso. Eles e os amigos devem se reunir em frente ao local onde ficava o parque de diversões onde foi encontrado o corpo de Tayná. Também haverá uma missa em homenagem à garota.
Procurado pelo G1, o delegado Cristiano Quintas não quis comentar o andamento das investigações. A Polícia Civil também não se manifesta sobre o caso. Por meio da assessoria de imprensa, afirmou que o caso completar um ano sem resolução não é relevante. Ainda conforme a assessoria, a polícia não irá falar sobre o caso, até que ele seja solucionado. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) tem o mesmo posicionamento.
Com a experiência de quase 30 anos em investigação de homicídio, o delegado aposentado Raimundo Nonato de Siqueira, de 70 anos, afirma que não há como negar que alguns aspectos no início da investigação foram mal investigados e, por isso, ainda não se chegou a uma conclusão.
Para ele, após um ano é ainda mais difícil encontrar os culpados. “Eu costumo dizer que investigação é como lançar um pedaço de papel ou madeira no rio. Se você vai logo, consegue alcançar com a mão. Depois, tem que entrar na água e mais tarde não alcança mais”, exemplificou.
Ele também chama atenção para as divergências entre a Polícia Civil e a Polícia Científica e para as denúncias de torturas que acabaram afetando o desenrolar da investigação. " O Ministério Público deu proteção para os quatro primeiros suspeitos e isso acabou deixando muita coisa no ar", argumentou. De qualquer forma, Siqueira avalia que não existe crime insolúvel e cogita a criação de uma força-tarefa. “Neste caso da Tayná, eu acredito que deveria haver uma união do Instituto Médico-Legal, da Criminalística, do Gaeco e da Polícia Civil para se chegar a uma conclusão”.
O crime
Dois dias após o desaparecimento de Tayná, quatro homens, funcionários de um parque de diversão da cidade, foram presos. Na época, a polícia informou que eles haviam confessado que violentaram e mataram a garota. Dias depois, uma perita da Polícia Científica, que estava no momento em que o corpo dela foi encontrado, afirmou não ter encontrado indícios de estupro.
A partir disso, toda a equipe da delegacia responsável foi afastada e a investigação tomou outro rumo. Houve a denúncia de que a confissão do crime foi feita sob tortura, e 14 pessoas foram presas. Entre elas, Silvan Pereira que foi o primeiro delegado a assumir as investigações sobre o desaparecimento de morte de Tayná. Ele ficou detido por quatro meses. De acordo com a juíza Aline Passos, o longo prazo das investigações, sem evolução, foi um dos motivos considerados para se revogar a prisão. Quando saiu da cadeia, Silvan usava uma camiseta com a estampa do rosto de Tayná pedindo juntiça.
Apesar de 14 detidos, o Ministério Público apresentou denúncia contra 21 suspeitos, sendo 16 policiais civis, um policial militar, dois guardas municipais e dois presos de confiança. Eles foram denunciados por prática de tortura, alguns foram acusados por falso testemunho, lesão corporal de natureza grave, abuso de autoridade, e crime de natureza sexual. De acordo com o Ministério Público, a investigação está em fase de oitiva de testemunhas de defesa e acusação que residem em Curitiba e Castro, na região dos Campos Gerais. Após esta etapa, os acusados serão ouvidos.
A pedido da família de Tayná, o corpo da adolescente foi exumado e passou por um exame para solucionar questões divergentes durante a investigação. Segundo o Ministério Público do Paraná, para esclarecer duas questões – se a garota foi vítima de violência física quando ainda estava viva e se, no corpo dela, não havia indícios de que ela teria sido estuprada. Após os exames, os promotores não falaram sobre a exumação, porém, à época, o promotor do responsável pelo caso, Paulo de Lima, que participou do procedimento, explicou como o exame pode colaborar com as investigações.
“A perícia realizada no corpo de Tayná foi muito bem feita. Agora o fato é que, com as investigações, novos elementos surgiram, o que necessitou que nós fizéssemos o procedimento de exumação, que foi focado principalmente no aspecto de se buscar lesões físicas acontecidas em vida e, também, nós tratamos da questão da violência sexual ter ocorrido ou não”.
AUTOR: G1/PR
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