AONDE VAMOS CHEGAR???

Numa famosa produção Hollywodiana, o filme Quo Vadis, uma voz interpela Pedro: Para onde vais? Pedro constata que não poderia ausentar-se de Roma diante do martírio dos cristãos promovido por Nero no Coliseum, e retorna e brada por justiça e clama por esperança e solidariza-se com o sofrimento do seu povo que não tinha a liberdade de expressar sua fé em face da tirania do império Romano.

Nos dias atuais, o povo clama por esperança, por liberdade de ir e vir, perdida, face a desproporcional e brutal crescente violência que explode em cada canto do país, sobretudo no nosso Nordeste e em especial no nosso rincão interiorano, situação outrora inimaginável.

Foi-se o tempo em que transitar livremente, conversar nas calçadas, trabalhar, comercializar sem o medo de ser violentamente assaltado, humilhado era a realidade.

Hoje, apesar de vivermos numa sociedade democrática, digo relativamente democrática, que podemos até manifestar relativamente a nossa opinião, mas nem sempre, pois quantos são demitidos ou perseguidos por uma posição política diferente da política municipal ou estadual ou até federal. E pior, apesar de uma democracia, perdemos a liberdade inocente de ir e vir, trabalhar, divertir, pois a sensação de insegurança, o medo do assalto e da violência tenta nos paralisar, isto, tenta, mas não vai conseguir, afinal essa vitória da sociedade tardará, mas há de acontecer em algum momento futuro.

Os números são explosivos, dilacerantes, desesperançosos. O Nordeste lidera a mortalidade por violência, número aceito pelas entidades internacionais para avaliar o quadro, representando o dobro da média nacional, com taxa 5 vezes maior que a observada em São Paulo, que por sua vez, representa o quádruplo da taxa de Nova York. 

Embasado na curiosidade, calculei esse índice em juazeiro do Norte nesse ano até o mês de junho e observei uma taxa aproximada de 55 homicídios por 100mil habitante ano, mais que o dobro da média nacional, que paira em torno de 25-26%, isso é calamidade, mas é fato, basta observarmos que praticamente todos os noticiários locais, têm um bloco “dedicado” a informar a violência, triste constatação.

Porém a constatação mais triste é observarmos o imobilismo político das nossas autoridades, nossos prefeitos, deputados, sim todos em letra minúscula mesmo, salvo raríssimas exceções. Mas não se preocupem, na campanha política, propostas mágicas surgirão e tão logo passado o pleito, são esquecidas em velocidade ainda maior.

No âmbito municipal a preocupação, se existente, é necessário um microscópio eletrônico para observamos alguma atitude, no governo Federal, a timidez de ação assusta, exceto quando direcionada para proteger as sedes de manifestações, onde observamos uma atitude repressiva digna dos melhores momentos do governo militar. Uma charge postada em redes sociais apresenta de forma anedotal o fato. 

Nela, um pai leva um filho para observar as movimentações da copa e o amigo pergunta, veio mostrar a copa a seu filho? Não, respondeu o pai, vim mostrar a segurança pública, coisa que jamais viu antes e com certeza, demorará a ver novamente!!

E no âmbito estadual, as estratégias apresentadas de modo espetacular, como por exemplo, o Ronda do quarteirão, de um custo também espetacular, apresenta pífio desempenho, parece até que quase não RONDA mais. Não por culpa dos nossos HERÓIS policiais que arriscam a vida diariamente a serviço da sociedade, suam o máximo possível e tiram verdadeiro leite de pedras, com um pífio reconhecimento das autoridades e mesmo da sociedade, mas pelo espetáculo político demagógico, onde conforme Ricúpero, o que é bom se fatura, o que é ruim se joga para debaixo do tapete.

O quadro é desalentador, triste espetáculo REALIDADEANO, não HOLLYWOODIANO, e que na solidão e sem Pedro aqui presente, dessa vez é a angústia que nos faz entoar uma voz interior que não se cala: Afinal, para onde vamos???

AUTOR: Ângelo Roncalli/VIA MISÉRIA