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quarta-feira, 1 de junho de 2016

937 É O NÚMERO DE PRESOS EM DELEGACIAS DE FORTALEZA (CE)

Delegacia no Pirambu (foto) tem 23 presos, quando capacidade é para 20. Policiais civis afirmam que unidades do Centro e da Aldeota enfrentam superlotação maior/MATEUS DANTAS

Em decorrência da crise do sistema prisional, as delegacias de Polícia Civil estão prestes a acumular mil presos. Ontem, a Polícia Civil contava 937 internos nas unidades da Capital e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). No início do ano, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol), o número estava em torno de 300.

A lotação das delegacias se agravou depois que foram impedidas as transferências de presos para unidades da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) e que as audiências de custódia passaram a não ser obrigatórias por 30 dias. As ações foram anunciadas em meio às rebeliões que aconteceram com a greve dos agentes penitenciários do Ceará.

No 7º Distrito Policial (Pirambu), a podridão exala dos dois xadrezes que acumulam 23 presos por crimes de homicídio, tráfico de drogas, roubo, furto e receptação. As reclamações da superlotação são constantes: “a gente dorme em pé”, relatam.

Ainda assim, policiais civis, que O POVO opta por não identificar, dizem que a unidade já teve 30 presos. Para eles, hoje, a unidade não está tão lotada. São 12 presos em um xadrez e 11 em outro, quando a capacidade é para 10. No entanto, eles destacam que as unidades do 34º DP (Centro) e do 2º DP (Aldeota) estão com cerca de 40 presos.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) disse, por meio de nota, que a Polícia Civil vem cumprindo seu papel e tomando precauções para o recebimento de presos, como o reforço do efetivo para custodiá-los nas delegacias.

Conforme a vice-presidente do Sinpol, Ana Paula Cavalcante, a Polícia Civil informou ao sindicato que de 32 a 35 delegacias devem ser reforçadas por policiais de folga que aceitarem serviço extra, remunerado pelo Estado. Com isso, em vez de um policial, a unidade fica com três. Além disso, há possibilidade de reinauguração da Delegacia de Capturas.

Entre as unidades problemáticas, Ana Paula destaca plantonistas e relata que, no Eusébio, os internos ameaçaram violentar os próximos que entrassem nas celas devido à superlotação. Em Maracanaú, um detento puxou a mão de uma policial civil e, por pouco, não tomou a arma dela. Ana Paula aponta preocupação com o 34º DP e 2º DP, que ficam próximos a prédios comerciais e áreas residenciais. Para ela, a superlotação aumenta o risco de fuga e tiroteio.

SAIBA MAIS
Audiências de custódia

Conforme o Tribunal de Justiça, na última quarta-feira, 25, o juiz José Ricardo Vidal Patrocínio, vice-diretor no exercício da Diretoria do Fórum Clóvis Beviláquia, tornou facultativas as audiências de custódia por juízes que atuam na vara da área pelo prazo de 30 dias. A ação atende ao ofício da juíza titular da Vara de Custódia, Marlúcia de Araújo Bezerra, que relata a situação de depredação dos presídios causada pelas rebeliões. A crise nos presídios tem impossibilitado o transporte dos presos e a transferência deles das delegacias para as unidades prisionais.

Russas

O delegado de Nova Russas, em razão da interdição da cadeia pública, suspendeu o atendimento ao público na delegacia por meio de uma portaria. No documento obtido pelo O POVO, o delegado diz estar com 18 presos na unidade, inclusive um adolescente, uma mulher e dois presos por crime sexual. Enquanto a cadeia estiver interditada, apenas flagrantes e medidas urgentes serão realizados.

Obras

Segundo a Sejus, 18 internos morreram nos presídios nas recentes rebeliões. Quatro unidades prisionais estão em reforma e o prazo para conclusão é de 90 dias. O custo é de R$ 6 milhões. 

AUTOR: O POVO

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