Aiuaba. Uma operação de combate à corrupção foi desencadeada pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPE), em parceria com a Polícia Civil, neste município, culminando com a prisão preventiva do prefeito de Aiuaba, Airton Araújo.
Segundo o MP, também foram presos preventivamente o secretário de Finanças do município; o tesoureiro e um irmão do prefeito que, mesmo sem exercer cargo público, é apontado como controlador das receitas de combustíveis para os veículos do município, configurando-se a usurpação de função pública. De acordo com as investigações, os prefeito e seus assessores são acusados de praticarem vários crimes contra a administração pública como: fraude em licitações, lavagem de capitais, peculato, quadrilha ou bando, desvio de verbas públicas e enriquecimento ilícito.
As investigações, realizadas pelos promotores de Justiça auxiliares da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), tramitam sob segredo de Justiça.
Mandados
Além do cumprimento dos quatro mandados de prisão, expedidos pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) Haroldo Máximo, os promotores de Justiça e os policiais civis também cumpriram sete mandados de busca e apreensão. O desembargador também concedeu a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, bem como o afastamento imediato de todos os envolvidos de seus respectivos cargos.
Depoimentos
O prefeito e os demais envolvidos foram encaminhados para a Delegacia de Assaré, ainda durante a manhã de ontem para prestarem depoimentos.
No início da tarde, a Câmara Municipal convocou os vereadores para uma sessão extraordinária a fim de empossar a vice-prefeita Germana Mendes no cargo de prefeita municipal.
Airton Araújo é cria política do seu primo e ex-prefeito Ramilson Araújo. Desde o início deste ano, a Cidade enfrenta desavenças políticas entre os dois.
Até o final do ano, Ramílson exercia forte influência na gestão do primo, que decidiu romper no início do ano. Brigas e confusões entre as famílias vem ocorrendo com frequência nos últimos meses.
No começo da noite de ontem, surgiram informações nas redes sociais sobre a transferências dos presos para Fortaleza, mas a informação não foi confirmada pela Polícia Civil.
Municípios são investigados
O Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF) têm realizado uma série de operações de combate a corrupção, nos últimos anos nas prefeituras do Estado. Com apoio das polícias Civil e Federal, mandados de prisão, busca e apreensão têm sido cumpridos nos municípios cearenses.
Somente no ano de 2013, quando se iniciou o mandato dos gestores em exercício, 255 pessoas que ocupam cargos de prefeito, secretários, presidentes de câmaras e ordenadores de despesas em geral, tinham dívidas por desvios de recursos que causaram danos ao erário.
Cerca de 200 inquéritos que apuram fraudes diversas cometidas contra a administração pública, instaurados pela Polícia Civil do Ceará estão em andamento. Segundo informações da instituição, as irregularidades mais comuns são relacionadas a processos licitatórios.
Pelo menos, 11 operações contra corrupção foram deflagradas pelo MPE e MPF, em 2013. Em decorrência destas, diversos gestores e ex-gestores foram afastados, presos, tiveram sigilos bancários quebrados e foram condenados a pagar multas. Exemplo disto são o ex-prefeito de Jijoca de Jericoacoara, Araújo Marques Freire, preso em abril de 2013; o ex-prefeito de Pereiro, Raimundo Estevam Neto, preso em março de 2013; e o ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, Walter Campos de Araújo, e o ex-vice-prefeito Francisco Moraes Braga foram presos sob suspeita de desvio de recursos, em 29 de maio de 2013.
As duas últimas ações foram desencadeadas pelo MP em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e em Senador Pompeu, a 273 km da Capital. A primeira operação, realizada em 21 de março, resultou na prisão do vice-prefeito e mais 14 pessoas em Maracanaú, por envolvimento em supostas fraudes em licitações na cidade. O gestor foi solto 20 dias depois, após receber alvará de soltura da Vara de Maracanaú.
Já no dia 16 de abril, doze gestores públicos foram afastados dos cargos na cidade de Senador Pompeu, por atos de improbidade administrativa e crimes contra a administração daquele município.
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