Polícia disparou bombas de efeito de moral e gás lacrimogêneo para dispersar multidão (Foto: André Teixeira/G1)
Após uma hora de manifestação pacífica, uma minoria radical entrou em confronto com a polícia no entorno do estádio Castelão, na tarde desta quinta-feira (27). De acordo com o major Valetim, que monitora o protesto, essa foi a manifestação mais violenta desde o início dos protestos em Fortaleza. “A gente sabe que a maioria vem em paz, mas infelizmente sempre se infiltram os baderneiros e começa isso”, diz o major.
Cerca de mil se concentraram a 700 metros do Castelão, onde jogam Espanha e Itália pelas semifinais da Copa das Confederações. O grupo foi barrado por um fileira de policiais, que impedia a passagem dos manifestantes até o perímetro que a Fifa determina como limite.
Por cerca de uma hora, os manifestantes cantaram o hino nacional e gritaram palavras de ordem, pedindo melhorias na saúde, educação e segurança. Os manifestantes também questionam os gastos com a Copa do Mundo. “Eles resolvem tudo rapidamente para a Copa, mas nossas escolas continuam sucateadas”, diz a estudante Milena Aguiar, de 19 anos.
O conflito começou quando um grupo menor jogou pedras e paus contra os policiais. A polícia, formada por barreiras do Batalhão de Choque, Cavalaria, Raio e Força Nacional. Os policiais avançaram cerca de um quilômetro, fazendo os manifestantes recuarem, até dispersar a multidão. A polícia fez uso de bombas de efeitos, gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha.
Pelo menos três policiais ficaram feridos e pelo menos cinco manifestantes tiveram ferimentos leves. Os feridos eram socorridos por viaturas da Força Nacional. Segundo a Secretaria de Segurança Público, 84 pessoas foram presas por vandalismo e violência.
Os torcedores tiveram dificuldade de acessar o Castelão para assistir ao jogo. “Respiramos muita fumaça, muito gás, meus olhos estão ardendo. É lamentável que quem queira se divertir tenha que passar por isso. Sou a favor das manifestações, mas não desse jeito, com quebra-quebra”, diz o torcedor Mariano Andrade.
Pelo menos três veículos da imprensa foram total ou parcialmente destruídos. Um carro da TV Diário, de Fortaleza, foi incendiado. Um ônibus que levava torcedores ao estádio foi depredado e deixou pelo menos duas pessoas feridas.
Avenida Dedé Brasil teve dia de confronto entre policiais e parte dos manifestantes (Foto: André Teixeira/ G1)
Ministério Público
Representantes do Ministério Público Estadual (MP-CE) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que fazem parte da Comissão Interinstitucional de Acompanhamento das Manifestações, observaram o protesto desta quinta-feira (27).
"Estamos recolhendo relatos, fazendo registros de imagens do protesto, reunindo provas. Cada observador vai fazer um relatório e, no final, fazemos uma avaliação. O que estiver errado vai ser processado", afirma o promotor Elder Ximenes.
Nesta tarde, o promotor Elder Ximenes considerou que a polícia "agiu dentro do esperado"."Primeiro, eles usaram muito gás lacrimogêneo e depois usaram a balas de borracha abaixo da linha da cintura. Um grupo de 50 a 100 pessoas jogavam muitas pedras e se aproveitaram da manifestação", conta.
84 pessoas detidas. Um dos suspeitos tentou se esconder em um matagal e foi capturado (Foto: André Teixeira/G1)
Vândalos queimaram pneus em diversos pontos da Avenida Dedé Brasil. Moradores reclamam da intensidade da fumaça. (Foto: Gabriela Alves/G1 CE)
AUTOR: G1/CE
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