A campanha eleitoral para o Governo pressupõe construir apoios considerados fundamentais na construção dos votos. No rol dos mais disputados, ainda estão as alianças com gestores municipais, sobretudo os prefeitos, que podem garantir respaldo político e, também, o palanque em muitas cidades. Por isso, a disputa para conquistar esses “cabos eleitorais” se acirra quanto mais perto estiver da disputa.
A três meses da eleição, essas costuras eleitorais começam a ficar ainda mais claras. No início deste mês, o governador Camilo Santana (PT), que vai disputar a reeleição, reuniu no Palácio da Abolição prefeitos de diversas cidades cearenses no anúncio de obras de requalificação de estradas do programa Ceará de Ponta a Ponta.
O evento foi marcado pelo tom político. Todos os prefeitos cujas cidades serão beneficiadas com as obras estiveram presentes na solenidade e assinaram cada investimento ao lado do governador, como em uma solenidade particular.
Por outro lado, o principal grupo de oposição a Camilo também tenta movimentar as lideranças municipais para garantir palanque para o pré-candidato do PSDB, General Theophilo. Também há um movimento para que, nos municípios comandados pela base, a oposição já se movimenta para demarcar espaço.
"Por pior que o prefeito seja influência ele sempre tem. Essa eleição, no entanto, vai ser diferente"
FRANCINI GUEDES Presidente do PSDB
O presidente em exercício do PT Ceará, Moisés Braz, considera o impacto das lideranças municipais, sobretudo os prefeitos, “muito forte” na disputa para o governador. “As prefeituras que têm boa administração acabam liberando eleitorado e isso favorece a campanha. Mas isso vai muito da situação de cada município”, avalia. Braz entende também que essas alianças facilitam a presença do candidatos nos municípios. “Onde o prefeito não apoia, há mais dificuldade”, diz.
Para o vice-presidente estadual do MDB, Gaudêncio Lucena, é “uma tarefa árdua” conseguir se eleger governador sem o apoio dos prefeitos. Isso porque o candidato, ele avalia, precisa “lutar contra a máquina estadual” que neste caso não se restringe só às prefeituras, mas também às Câmaras Municipais. “Os vereadores também se envolvem na campanha e trabalham em apoio àquele candidato da preferência deles”.
Com 35 prefeituras sob o comando do MDB, Gaudêncio admite que a capilaridade do partidos nas prefeituras do interior pode ter facilitado o processo de reaproximação dos emedebistas de Camilo Santana, quase às vésperas da disputa. “Não há dúvida que, nessa aliança, os prefeitos e todos os partidos, com uma ou outra exceção”, disse.
Na oposição, o presidente estadual do PSDB, Francini Guedes, também entende que ter apoio de prefeitos é “fundamental” para a disputa, mas diz que não se pode desconsiderar que esta eleição abre margem para novidades pelo polarização mais evidente. “Por pior que o prefeito seja influência ele sempre tem. Essa eleição, no entanto, vai ser diferente. A oposição aos prefeitos da base tem endurecido”, considera.
O tucano avalia que as dificuldades financeiras que os municípios vem sofrendo tem desgastado algumas prefeituras. Nessas, a capacidade de transferência de votos diminui. “Com os prefeitos dos nossos partidos, nós temos conversado para essa formação de palanque. Mas também temos feito um trabalho com os nossos candidatos”, diz.
O deputado federal Danilo Forte (PSDB) também aposta no novo contexto como uma chance para superar a ideia de que só se elege quem tem o apoio das prefeituras. “O antigo modelo de compra de voto está sob questionamento, além de outras práticas velhas. Isso reflete na diminuição do capital político-eleitoral de alguns prefeitos”, avalia.
AUTOR: O POVO
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