Hérica Izidório, 24, continua internada em estado grave no Instituto Doutor José (IJF), após ter sido agredida na avenida José Bastos, no madrugada do dia 12 de fevereiro. Com traumatismo craniano, a paciente saiu da Unidade de Terapia Intensiva e foi transferida para a enfermaria. A Polícia Civil diz que o inquérito está em andamento, mas não deu detalhes sobre identificação de suspeitos ou quantidade de testemunhas ouvidas.
A vítima foi espancada na volta de uma festa de Pré-Carnaval, e o Boletim de Ocorrência só foi registrado pela família no dia 17 de fevereiro, com acompanhamento do Centro de Referência LGBT de Fortaleza.
De acordo com Lindalva Lima, delegada titular do 3º Distrito Policial, o “inquérito está muito bem instruído”. “No momento, a Polícia prefere se abster [de repassar informações] até para não alertar suspeitos", esclareceu ela O POVO Online, na tarde desta terça-feira, 7.
A expectativa é que a repercussão do caso de Dandara dos Santos, espancada e morta no Bom Jardim, dê celeridade à investigação. O assassinato brutal, gravado em vídeo, viralizou nas redes sociais. Governo e Prefeitura se manifestaram publicamente contra a violência sofrida por ela.
Quatro suspeitos foram detidos em operação realizada nesta manhã, com a participação do secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa.
"A gente acredita que a repercussão tenha dado celeridade ao processo de investigação, embora ainda não seja o ideal. Existe uma necessidade de apuração para o caso da Hérica", diz o coordenador do Centro de Referência LGBT de Fortaleza, Téo Cândido.
Além de Dandara e de Hérica, outra travesti foi espancada no Ceará, neste ano. O corpo de Paola Oliveira, 30, foi encontrado às margens da BR-116, no último dia 30 de janeiro.
Dificuldade financeira
Hérica morava em um duplex com a mãe e ajudava financeiramente a família com as despesas da casa. No andar de baixo, moram a irmã dela, Patrícia Castro de Oliveira, com o marido e as duas filhas de 14 e 16 anos, ambas de resguardo. “Eu vou lá [no hospital] praticamente todo dia. Às vezes vou de manhã e venho em casa dar banho nos bebês [dois netos] e volto para lá”, conta.
Atualmente, tanto Patrícia como marido estão desempregados, e a única renda da casa é da mãe dela e de Hérica, que trabalha em uma lanchonete. "No dia que minha mãe foi ao hospital teve um surto. Às vezes preciso pagar alguém para ficar no hospital enquanto eu venho para casa", narra.
Sem assistência financeira, Patrícia diz que paga R$ 70 para pessoas ficarem com Hérica quando ela própria não pode ir ao IJF. Isso ocorre quando o marido precisa procurar emprego e as filhas e netas precisam de cuidados em casa. "Eu nunca pensei que ia passar por isso, não sabem como ela vai ficar. Está do mesmo jeitinho, não fala, não anda, entrou em coma. O médico diz que só o tempo pode dizer, mas agora ela está vegetando", lamenta a irmã.
O coordenador da Diversidade Sexual de Fortaleza, Paulo Diógenes, explica que a família de Hérica tem recebido apoio jurídico. "O que nós podemos fazer é acompanhar o caso, mas a Coordenadoria, por lei, não presta auxílio financeiro. Fizemos uma cota particular para dar o dinheiro do ônibus para as visitas e queremos tirá-la do leito masculino, garantindo que os direitos da Hérica não sejam violados", frisa.
AUTOR: O POVO
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