A associação dos policiais e bombeiros militares cearenses distribuiu à Imprensa, nesta segunda-feira (3), uma nota de repúdio acerca do episódio ocorrido na tarde de domingo, dia de eleições, envolvendo o ex-senador e atual secretário de Estado, Inácio Arruda, durante uma abordagem de PMs que averiguavam uma denúncia de “boca de urna” nas dependências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFC), no bairro Benfica.
A entidade se colocou à disposição da Imprensa para esclarecimentos acerca da atitude do secretário contra os militares que estavam à serviço das autoridades do Tribunal regional Eleitoral. No episódio, uma filha de Arruda e outras mulheres reagiram contra os PMs, se recusaram abrir suas bolsas onde, supostamente, estaria o material de propaganda eleitoral que estaria sendo distribuído ilegalmente.
Vídeos gravados por populares mostram o incidente em que o ex-senador é contido pelos PMs com o uso da força física, já que ele tentava impedir que os militares detivessem sua filha e as demais envolvidas no incidente. O caso foi parar na Superintendência da Polícia Federal, onde foi instaurado procedimento.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou – também através de uma nota oficial – que o caso deverá ser apurado através de sindicância pela Controladoria Geral de Disciplinados Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD).
Leia, a seguir, a nota oficial da ACS na íntegra:
NOTA DE REPÚDIO "BOCA DE URNA" NO IFCE
No início do procedimento, foi solicitado uma verificação nas bolsas das mulheres, havendo uma resistência incisiva por parte das mesmas, onde se negaram veementemente a abri-las durante a ocorrência. Além da resistência em mostrar o conteúdo, as mulheres sentaram sobre as bolsas, e posteriormente tentaram livrar o flagrante tentando repassá-las para uma terceira pessoa, que seria a genitora de uma delas.
Durante a ação, houve a incitação das mulheres no sentido de atrapalhar a ocorrência policial, com isso ocasionou um aglomerado de pessoas que invadiram o perímetro da abordagem. Posteriormente, o genitor de uma das mulheres abordadas adentrou ao espaço da ocorrência, fazendo uso de força para retirar sua filha e a bolsa que continha o material do flagrante: “santinhos” de dois candidatos a vereador do município de Fortaleza e um postulante a prefeito, produto esse que foi apreendido na sede da Polícia Federal (PF). Quando da invasão à abordagem, o mesmo senhor agiu de forma agressiva e truculenta com os policiais, chegando a empurrar um deles, dizendo que iria retirar a bolsa de sua filha pelo fato de os policiais serem “ladrões”. Além de tumultuar o trabalho dos policiais, o referido senhor adentrou à viatura policial, dizendo que sua filha não iria ser conduzida sozinha, pois os profissionais de segurança pública poderiam dar “sumiço” a ela.
No trajeto até a sede da PF, um dos policiais gravou o momento em que o referido senhor proferia ameaças e calúnias contra os militares, usando do seu cargo público no Governo do Estado do Ceará, para intimidá-los.
Todos os procedimentos, desde o início da abordagem até a finalização na sede da PF, foram feitos dentro da legalidade e da lisura profissional, seguindo as normas técnicas dos profissionais de segurança pública.
As associações militares do Estado do Ceará repudiam a resistência, intimidação e uso do cargo público para burlar as leis eleitorais, que combatem de forma incisiva qualquer tido de “boca de urna” durante o pleito.
As medidas cabíveis judiciais já estão sendo tomadas para que a verdade venha à tona, e que os profissionais que estão sendo injustiçados tenham seus direitos resguardados, inclusive o direito de resposta aos meios de comunicação, que só ouviram uma das partes envolvidas, especialmente a parte que cometeu o crime eleitoral. As associações estão à disposição para quaisquer esclarecimentos, com base não só em relatos, mas em provas contundentes, que podem ser apresentadas a qualquer momento".
Associação dos Cabos e Soldados Militares do Estado do Ceará (ACS)
AUTOR: BLOG DO FERNANDO RIBEIRO
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