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quinta-feira, 20 de março de 2014

ACUSADO DE PERFURAR OS OLHOS DA EX, É CONDENADO À 12 ANOS DE PRISÃO EM GOIÁS

Wilson Bicudo (de branco) foi condenado a 12 anos de prisão (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Wilson Bicudo, acusado de torturar e perfurar os olhos da ex-mulher, a operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, foi condenado nesta quarta-feira (19) a 12 anos de prisão em regime fechado por tentativa de homicídio triplamente qualificada. O réu saiu do julgamento algemado e foi levado diretamente para a Penitenciária Odenir Guimarães (POG), em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital.

Segundo o presidente do júri, juiz Jesseir Coelho de Alcântara, a pena poderia variar de 12 a 30 anos de detenção. Inicialmente, o juiz sentenciou Bicudo a 18 anos de reclusão.

A pena poderia ser reduzida em até dois terços, por se tratar de uma tentativa e não de um homicídio consumado. No entanto, o juíz retirou o mínimo, apenas seis anos, devido à ação do autor de ter perfurado os olhos da vítima e pelo fato de Mara Rubia não ter tido chances de reação. A tripla qualificação se deve ao fato de o crime ter sido cometido por motivo torpe, praticado por meio cruel e sem chance de defesa.

A sessão ocorreu no 2º Tribunal do Júri de Goiânia e durou mais de oito horas. O auditório ficou lotado e algumas pessoas tiveram que acompanhar o julgamento em pé.

A advogada de Mara Rúbia, Darlene Liberato, comemorou o resultado. "Finalmente a Justiça foi feita. Estamos muito satisfeitos com a pena estipulada pelo juiz", afirmou ela ao G1. De acordo com Darlene, Mara Rúbia, que passou mal e chegou a desmaiar durante o julgamento, segue internada no Centro de Apoio Integral a Saúde (Cais) do Setor Campinas.

Os advogados de defesa afirmaram que vão consultar a família do condenado para só depois decidir se vão recorrer ou não da decisão."Tentamos mostrar tecnicamente que não era tentativa de homicídio e sim lesão corporal. Mas o clamor social provocado pela repercussão que teve esse caso levou a essa condenação", opinou o advogado Antônio Fleury.

Debate
Durante quase cinco horas, acusação e defesa expuseram seus argumentos ao júri. A acusação relembrou os detalhes do caso e sustentou a tese de que se o réu não fosse condenado por tentativa de homicídio, seria um grande demonstrativo de impunidade.

“As mulheres de todo o Brasil dependem da decisão de vocês [jurados], porque se ele não for condenado pela tentativa de homicídio, a impunidade reinará no país e servirá de exemplo para todos os homens que agridem suas mulheres. Um exemplo de que todos continuarão impunes”, defendeu a advogada da vítima Darlene Liberato.
Acusação disse que caso não poderia ser exemplo de impunidade (Foto: Vitor Santana/G1 Goiás)

Já a defesa de Wilson Bicudo argumentou aos jurados que o acusado deveria ser punido pelo “ato covarde”, mas que fosse condenado pelo crime correto, que, segundo a defesa, seria de lesão corporal grave. “No laudo médico apresentado à Justiça, ao ser perguntado se a vítima teria corrido risco de morte, o perito afirmou que não”, disse o também defensor Douglas Dalto Messora.

Por fim, os advogados de Bicudo afirmaram que o caso sempre foi marcado pela dúvida na tipificação do crime. “Se o próprio Ministério Público de Goiás [MP-GO] teve dúvida com relação à natureza do crime, por lei, a dúvida deveria ser benéfica a Wilson Bicudo”, disse Messora.

A acusação recusou essa tese devido à demosntração de crueldade durante o crime. “Mara Rúbia foi amarrada, ele colocou um pano na boca dela e a agrediu durante quase uma hora. Se ele não for condenado por tentativa de homicídio, vai cumprir um pequeno tempo na cadeia, vai voltar e matá-la”, disse a advogada de Mara Rúbia.

Depoimento
Durante o seu depoimento, Bicudo, que já estava preso há seis meses, alegou que não tinha a intenção de matar a vítima. “Estou muito arrependido. Ela é a mulher que eu amo, que eu gosto. Eu não sou um monstro como estão dizendo, sempre trabalhei. Na hora, fui atentado pelo capeta”, relatou.

Ele afirmou que entrou na casa de Mara Rúbia junto com ela, após terem começado a conversar na rua. “Eu fui pedir pra gente reatar porque eu não queria que meu filho fosse criado só com o pai ou com a mãe. Eu agredi a Mara Rúbia porque ela disse que não ia ficar comigo, que não ia ficar com um pé rapado como eu. Fiquei muito ofendido de ela ter dito isso. Eu fiquei nervoso e bati nela”, contou.
Mara Rúbia recebe atendimento após passar mal no júri(Foto: Paula Resende/G1)

Além do réu, dez testemunhas foram arroladas pela defesa e acusação, mas sete foram dispensadas. A titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Goiânia (Deam), Ana Elisa Gomes, foi a primeira a depor, a favor de Mara Rúbia. Para a delegada que conduziu a investigação policial sobre o ocorrido, não há dúvida de que Bicudo tinha intenção de matar a vítima. “Para mim, está mais do que claro que se trata de tentativa de homicídio. Ele a estrangulou até ela perder o sentido. O fato da perfuração foi o golpe cruel, para trazer à tona o ódio que sentia por ela”, disse.

Desmaio
O depoimento da delegada durou cerca de 20 minutos e começou logo após o de Mara Rúbia. Em seguida, a sessão foi interrompida por dez minutos. Nesse período, a vítima das agressões desmaiou e foi encaminhada ao Centro de Saúde do Tribunal de Justiça.

Depois de dez minutos, a sessão foi retomada com o depoimento de outra testemunha da acusação, Elisiene Santos Feitosa, que na época do crime era vizinha da vítima. Ela ouviu Mara Rúbia gritar por socorro e foi a primeira a socorrê-la. Em seguida, a única testemunha de defesa depôs: Rosa Moura Gonçalves, que é amiga de Bicudo.

AUTOR: G1/GO

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