O Ceará ocupa a 12ª posição em registro de acidente de trabalho de 2012 a 2017, com mais de 52 mil casos, o que representa uma média de 8.769 acidentes por ano. Fortaleza concentra 50% dos casos do Estado, conforme os dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por meio de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).
Conforme Antônio de Oliveira Lima, vice-procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE), apesar dos registros já serem preocupantes, o número é aquém da realidade.
“Muitas empresas não comunicam os acidentes ocorridos. O número real é bem maior”. A maioria dos acidentes, de acordo com ele, ocorre durante hora extra.
“É quando estão sobrecarregados por causa da sobrejornada.
Acontece muito na saúde, fazem vários plantões e já estão cansados”, detalha. Dessa forma, é essencial a atenção aos instrumentos de proteção e ao treinamentos dos profissionais para as funções desempenhadas.
Outro fator preponderante neste cenário é o trabalho por produção.
“Muitas vezes, ficam mais tempo do que o necessário porque precisam ganhar mais”.
O setor de atendimento hospitalar foi o que mais emitiu CATs no Ceará (3.971), seguido da fabricação de calçados sintéticos (2.273), fabricação de calçados de couro (2.225) e construção civil (2.134).
Antônio de Oliveira Lima destaca ainda a quantidade insuficiente de procuradores do trabalho. “São 13 procuradores no Estado em todas as questões ligadas ao trabalho. Não temos como atuar mais em locais denunciados porque quando o acidente já aconteceu, não podemos deixar de ir”. São cerca 100 auditores fiscais atuando no Estado, segundo a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará.
“Todo acidente de trabalho pode e deve ser evitado. Acidente só acontece com o descaso”, enfatiza Carlos Rebanatto, juiz do trabalho e gestor regional do Programa Trabalho Seguro, da Justiça do Trabalho. Além do MPT e do Ministério do Trabalho, os sindicatos têm papel essencial na prevenção. “Temos uma legislação exemplar para o mundo em termos de segurança de trabalho. O principal alerta é para a atenção às Normas Regulamentadoras. A segurança do trabalhador é obrigação legal do empregador”, destaca o magistrado.
Segundo ele, a cada dia, 70 trabalhadores morrem e 300 ficam inválidos permanentemente no Brasil. “O custo do acidente de trabalho, segundo a Organização Mundial do Trabalho, corresponde a 4% do PIB do Brasil. Causa prejuízo ao empregador. Para o trabalhador é muito pior, é a saúde, é a vida dele que vai embora”.
Somente este ano, já foram gastos mais de R$ 2,4 bilhões em benefícios previdenciários causados por acidentes e doenças do trabalho no CE. Foram 33.930 auxílios-doença por essa razão no Estado nesse período. O impacto previdenciário dos afastamentos foi de R$ 259,8 milhões, conforme o observatório.
SERVIÇO
Como denunciar:
Central de Atendimento do Alô Trabalho - 158
Peticionamento eletrônico: http://peticionamento.prt7.mpt.mp.br/denuncia
Mais informações: www.trabalho.gov.br/contato
Dados sobre acidentes do trabalho http://observatoriosst.mpt.mp.br
O observatório é uma ferramenta desenvolvida pelo MPT e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O site atualiza em tempo real dados do INSS e do Ministério da Fazenda.
AUTOR: O POVO
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