12 ADOLESCENTES FOGEM DO DOM BOSCO EM NOVA REBELIÃO, EM FORTALEZA (CE)

Polícia foi acionada para conter a rebelião/ENVIADO POR LEITOR VIA WHATSAPP O POVO

Doze adolescentes em conflito com a lei fugiram do Centro Educacional Dom Bosco em rebelião ocorrida na noite deste sábado, 12. Foi o segundo motim nesse centro, localizado no bairro Passaré, em menos de dois dias. Na sexta-feira, 11, os jovens chegaram a promover um incêndio na sala da administração do Dom Bosco, levando à evacuação dos funcionários da unidade.

As informações foram repassadas pelo juiz Manuel Clístenes, titular da 5ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza. Conforme o juiz, as rebeliões "praticamente destruíram a unidade", que já não funcionava adequadamente. Na rebelião do sábado, os adolescentes tiveram acesso ao pátio e ao telhado da unidade. Após conter os jovens, a Polícia Militar (PM) havia contabilizado a fuga de 22 internos, mas, depois, perceberam que dez deles estavam escondidos no telhado, conta Manuel Clístenes.

"Foram queimados colchões, destruídos grades, cadeados", contabiliza o magistrado. A rebelião comprometeu uma unidade que "já não funciona como deveria". O Dom Bosco possuí "sério problema de esgoto", afirma Manuel Clístenes, citando ter recebido informações de que, por todos os banheiros estarem entupidos, os adolescente jogam suas fezes para fora dos dormitórios em recipientes de quentinhas.

Persistência da crise

Um mês após a apresentação do Plano de Estabilização do Sistema Socioeducativo, do Governo do Estado, a situação nos centros educacionais não melhorou, avalia Manuel Clístenes. Ele diz que os centros educacionais seguem com estrutura precária, permitindo a entrada de materiais ilícitos e tensão constante entre orientadores e adolescentes — sobretudo, após a prisão de dez educadores sob suspeita de tortura.

"Os orientadores sentiram-se ofendidos, várias estão insatisfeitos, não querem trabalhar e fazer o dever como deve ser", diz o juiz. Nos centros, faltam atividades educativas, esportivas e laborais, o que aguça rebeliões, segundo Manuel Clístenes. Outra reclamação dos adolescentes é com relação à alimentação, que estaria sendo prejudicada após as refeições estarem sendo feitas nos dormitórios, em vez de nos refeitórios. A demora da comida com a mudança levaria ao esfriamento das refeições e, até, ao apodrecimento das refeições. "Eles nunca haviam reclamado da comida, agora, reclamam", afirma Manuel Clístenes.

Na última semana, foram realizadas diversas vistorias nos centros educacionais do Estado. No Presídio Militar, em Aquiraz, onde 150 adolescentes foram transferidos provisoriamente, foram encontrados 23 celulares, além de drogas e armas artesanais. Objetos similares também foram encontrados no Centro Educacional Patativa do Assaré, no bairro Ancuri.

O plano de ações para conter a crise no sistema socioeducativo, proposto pelo Estado, não melhorou, em "absolutamente nada" a situação, avalia o titular da 5ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza. "Nenhuma ação proposta vai sair de forma automática, é preciso de um tempo. A situação só melhorará com a entrega dos dois centros regionais (em Juazeiro do Norte e Sobral) , o que aliviará os centros de Fortaleza. Mas isso deve demorar cerca de quatro meses", considera Manuel Clístenes.

AUTOR: O POVO