SECRETÁRIO PROMETE DIÁLOGO E QUER REDUZIR HOMICÍDIOS, NO CEARÁ

Novo titular da Pasta foi empossado ontem, em cerimônia que também marcou a posse do governador do Estado, Camilo Santana, e demais secretários

Servilho Paiva deixa cargo sem conseguir reduzir quantidade absoluta, mas freando aumento de mortes por violência no Estado FOTO: KIKO SILVA

O novo titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Delci Teixeira, tomou posse ontem, em solenidade que também marcou a transmissão de poderes para o governador Camilo Santana e demais secretários da gestão.

Teixeira afirmou que, dentre seus objetivos, diminuir o índice de homicídios será uma das prioridades. O novo secretário também frisou que buscará o diálogo com os agentes de segurança, ao passo que elogiou a estrutura da Polícia do Ceará.

"Minha vontade é de trabalhar, é de uma mudança, é de formar equipes, de ouvir as pessoas. A porta da Secretaria estará sempre aberta para o diálogo com os integrantes. Não podemos deixar de ouvir as súplicas, desejos, o que está incomodando a todos os integrantes da Secretaria. Tenham absoluta certeza de que estaremos prontos para ouvir. Não significa dizer que vamos atender a tudo, mas vamos ouvir, e o que for viável e possível de ser atendido será atendido, com certeza", disse.

Diminuir homicídios

O ponto principal do trabalho de Delci Teixeira à frente da SSPDS, segundo suas próprias palavras, será a busca pela redução das taxas de homicídio no Ceará. Em 2014, apesar dos dados ainda não consolidados, já se sabe que o Estado, por pouco, não conseguiu diminuir o número de mortes por Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), apesar de ter conseguido frear o crescimento da última década, que segundo o ex-secretário Servilho Paiva, era de 14,5% ao ano. Até o dia 28 de dezembro, 4.401 mortes foram registradas pela Secretaria da Segurança. Em todo o ano de 2013, foram 4.395 vítimas no Estado.

"O primeiro objetivo nosso é diminuir as taxas de criminalidade. Não é possível um Estado com esse potencial, com Polícia equipada e qualificada, termos hoje o segundo pior índice (do País) em taxa de criminalidade. Estive junto à Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública, órgão do Ministério da Justiça) examinando as características do Ceará. Vimos uma crescente da taxa de homicídio de 2002 pra cá. Esse ano conseguiu estancar, mas não se corrigiu".

O novo secretário adiantou que buscará entender e descobrir o nascedouro do problema que terá de enfrentar. Teixeira destacou a importância de parcerias com outras áreas para a obtenção dos resultados almejados, citando o exemplo do Rio de Janeiro, estado onde trabalhou. 

"Ao longo de 42 anos com serviço público tenho comigo que o problema de criminalidade não é exclusivo de Polícia, mas envolve outras áreas, como está colocado no plano de governo. No Rio de Janeiro, se envolveram várias pastas junto com a segurança pública. 

Pela capacidade da Polícia e pela estrutura dada ao longo do tempo, (a situação atual) é algo atípico. Temos que procurar ver onde está o problema. Foi estabelecido pelo que me antecedeu uma meta de redução de 6%. Acho que se for possível, ótimo, mas vamos buscar mais que isso. Não vou inventar a roda. Vou trazer e cobrar muito trabalho", comentou.

Delci Teixeira afirmou, também, já ter conhecimento da crise que envolveu policiais militares e o suposto engajamento de agentes em prol de campanha a candidatos políticos durante as últimas eleições. O caso foi levado à Corregedoria, que tem investigado os policiais, algo que desagradou a tropa.

Teixeira disse, ainda, ter sido informado igualmente da relação dos agentes de segurança pública para com o deputado estadual Capitão Wagner (PR). Segundo o novo titular da SSPDS, também o deputado, que adota postura de esquerda em relação à atual gestão, será ouvido. "Já sei do problema, me foi repassado. Não o conheço (Capitão Wagner), não fui apresentado a ele, não tive o prazer de conversar com ele. Independente de ser de oposição, temos que respeitar. Primeiro, por ser um capitão da Polícia Militar. Ele tem de conhecer bastante de segurança pública. Segundo, que foi um homem que teve votação expressiva, tem a confiança da população. Se trouxer algo para somar, para agregar, será muito bem vindo", garantiu.

Diálogo

Para Teixeira, outro ponto que será dada grande importância enquanto estiver à frente da SSPDS será a troca de informações com os componentes da segurança pública do Ceará. Para tanto, o secretário já visita hoje os comandos da Polícia Militar para, segundo ele, se apresentar.

"Obrigatoriamente eu tenho que conversar com os policiais. Eu dependo do trabalho deles, que eles façam um bom trabalho. Cabe a mim dar as condições e cobrar resultados. A porta do gabinete do secretário vai estar aberta. Já marcamos para amanhã (hoje) uma visita aos comandos. Quero conversar com os quatro: Academia, Bombeiros, Polícia Civil, Pefoce. Vou me apresentar a eles, servidores e chefia, dizer quem sou e o que pretendo, e dizer que preciso do apoio deles", comentou.

A conversa de Teixeira com os comandos pode influenciar, por exemplo, alguma mudança nas chefias policiais. O secretário admitiu que necessita conhecer a realidade primeiro para, em seguida, decidir sobre alguma alteração nas lideranças policiais.

Perfil

Delci Carlos Teixeira, 62, é natural do Rio Grande do Sul e foi indicado pelo ministro da Justiça, Eduardo Cardozo. O governador cearense Camilo Santana, em reunião com Cardozo em Brasília, foi apresentado a Teixeira e recebeu a indicação.

O novo secretário de segurança do Estado exerceu a função de assessor de Disciplina do Ministério da Justiça, que funciona como uma espécie de corregedoria, sendo também membro da Comissão de Ética do Ministério.

Assim como o antecessor Servilho Paiva, Teixeira é delegado de Policia Federal. Já foi superintendente Regional da Polícia Federal em quatro estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Paraná.

"Quero conhecer com profundidade os problemas que afetam a segurança do povo cearense, pois ainda tenho conhecimento superficial. Quero ter conhecimento com profundidade dos recursos que serão disponibilizados. E quero usar da experiência dos policiais, oficiais, delegados, bombeiros, e conversar e conversar muito. Quero saber onde o problema está ocorrendo. 

A garantia de que vai haver (redução dos índices de criminalidade) não posso dar. A garantia é que vamos trabalhar ao máximo. Todos os esforços nesse sentido, nós faremos", enfatizou.

AUTOR: DN