A Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) recebeu 656.638 trotes entre os meses de janeiro a junho de 2013, uma média de 100 mil trotes por mês. Em 2012 foram 653.110 ligações que simulavam ocorrências, 3.528 trotes a menos.
Os dados fazem parte do balanço da Ciops divulgado recentemente. De acordo com o Coordenador da Ciops, tenente-coronel PM Antônio Marinho Russo, o órgão recebe, por minuto, 14 ligações. Uma média de quase 20 mil em ligações por dia e, destas chamadas, 20% são trotes que movimentam órgãos da Segurança Pública.
Aeronave
Em 2012, as viaturas da Polícia Militar rodaram 180 mil quilômetros somente em ocorrências de trotes. "Quando um trote burla o sistema, acontece até de acionar uma aeronave", ressalta o coronel Russo. Apenas uma ligação pode movimentar diversos órgãos públicos como Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel (SAMU), Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), Perícia Forense, Guarda Municipal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e até mesmo o Sindiônibus.
O trote é um crime previsto nos artigos 266 do Código Penal que trata da interrupção ou perturbação do serviço telegráfico ou telefone; e artigo 340, que diz "provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado". A pena para o ´troteiro´ é a detenção de um a seis meses, ou pagamento de multa. A Ciops informa que o perfil das pessoas que cometem o delito é de crianças que realizam as ligações no período escolar, de telefones públicos ou celulares.
Também há casos de pacientes psiquiátricos que ligam de dentro dos hospitais. A Ciops possui um mecanismo que é capaz de identificar o contato telefônico mesmo no caso do número ser inibido. Também existe a possibilidade de um mapeamento, nos casos dos telefones públicos, onde é solicitada uma diligência para o local do trote, que é feita nas situações onde a Ciops detecta imediatamente que não existe veracidade na ocorrência.
Conversas
Segundo o chefe de atendimento da Ciops, major PM Vitor Souza, atualmente, 29 pessoas trabalham durante 24 horas recebendo chamadas e todas as ligações são gravadas, tanto as telefônicas quanto as comunicações via rádio. O oficial explica que existe uma espécie de banco de dados com os números que passam trotes e as atendentes possuem o treinamento necessário para identificar a pessoa. O crime pode gerar prisão em flagrante e dá um exemplo que ocorreu no ano de 2012, quando um adolescente que passava trotes para a Polícia foi apreendido. A Polícia localizou a escola de onde vinha o trote e deteve o estudante.
Ronda trabalha nas escolas
No caso das ligações feitas por crianças, a Polícia entra em contato com o responsável e relata o fato. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) tem feito campanhas de conscientização para evitar os trotes nas instituições públicas.
A ´Turminha do Ronda´, criada em outubro de 2012, trabalha no intuito de levar ações de policiamento comunitário às escolas. Os policiais militares do Batalhão de Policiamento Comunitário (BPCom) utilizam fantoches interagir com o público infanto-juvenil. Os locais escolhidos são escolas, igrejas e instituições públicas onde existe a presença de crianças e jovens.
Uma das práticas do Ronda é a orientação em relação aos trotes. Durante a ´brincadeira´ com fantoches é citada a preocupação com a situação que é citada com um delito e que prejudica o trabalho da Polícia, podendo colocar em risco a vida de pessoas que realmente precisam da Polícia. A orientação é feita por meio de contação de histórias e palestras com os PMs do Ronda.
Proerd
Outro projeto que trabalha a questão educacional das crianças e adolescentes é o Programa Educacional da Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), iniciativa da Polícia Militar que está em expansão na Capital e no Interior do Estado. Em 13 anos, mais de 140 mil crianças já participaram do programa, que é presente em mais de 70 Municípios.
O objetivo do Proerd é o trabalho educativo no sentido de conscientizar as crianças sobre o perigo e os males das drogas. As aulas com estudantes do 5º e 7º ano contam, também com a participação dos pais de alunos e são ministradas por policiais militares durante um semestre, sendo uma aula por semana.
No fim de cada curso é realizada a formatura, ocasião em que os estudantes fazem um juramento se comprometendo a ficar longe das drogas. Todos eles recebem o
diploma de aluno do Proerd.
Disque Denúncia
A Ciops também trabalha interligada com o serviço do Disque Denúncia, que foi revitalizado em maio pela SSPDS
O telefone 181 recebeu um total de 5.430 ligações durante o período de apenas um mês. Mas a Secretaria alertou para os casos de trotes que tem recebido. Cerca de metade das denúncias é falsa. A SSPDS divulgou que o trote, no caso do serviço de tele-denúncia, pode atrapalhar o processo de investigação. O órgão quer conscientizar a população da importância de colaborar com o sistema da Segurança Pública. Não é possível identificar quem passam trote para o 181, pois a identidade é preservada.
Atendimento do órgão é dividido em três setores
A Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) é feita por setores que dividem cada parte da ocorrência. Existe uma central onde 29 pessoas trabalham durante 24 horas, sendo 13 atendentes somente para a Polícia Militar, dois do Corpo de Bombeiros, dois para a Polícia Civil, um para a Perícia Forense e dois para o Samu, inclusive com dois paramédicos que passam orientações por telefone. A Guarda Municipal e o Sindiônibus também possuem atendentes que repassam as informações da Central.
O segundo setor da Ciops é a sala de despacho das viaturas, que recebe as informações por meio do sistema integrado e é notificado quando a ocorrência é confirmada. De acordo com o tenente-coronel Russo, a maioria dos trotes não chega no setor de despacho das viaturas, pois é detectada pelas atendentes.
"As atendentes são treinadas para perguntar detalhes que identificam se a informação é falsa", ressalta. Mas quando não há possibilidade de confirmação é enviada a viatura ao local.
AUTOR: DN
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