Duas pessoas morreram em desabamento (Foto: Luíza Bezerra/ Arquivo Pessoal)
Morreu na manhã desta quarta-feira (4) um dos dois operários que estavam internados no Instituto Dr. José Frota, em Fortaleza, depois do desabamento da varanda do edifício no Bairro Meireles. De acordo com o hospital, Gilvadir José do Nascimento, de 44 anos, teve morte encefálica confirmada pelos médicos. O operário deu entrada no hospital em estado grave e com traumatismo craniano na última segunda-feira (2). Gilvadir é a segunda vítima do acidente. No dia do desabamento, um dos três homens que travalhavam na obra morreu na hora.
Segundo o IJF, a família do operário permitiu a doação dos órgãos. O outro operário que trabalhava na obra de escoramento da varanda e estava internado no IJF era Raimundo José do Nascimento, de 52 anos, irmão de Gilvadir. De acordo com o hospital, o terceiro operário passa bem e recebeu alta.
Ainda na segunda-feira (2), dia do acidente, os moradores do prédio, localizado na esquina das ruas Ana Bilhar e Joaquim Nabuco, deixaram os apartamentos e a área foi interditada pelos bombeiros para evitar novos acidentes. Segundo moradores do edifício, a estrutura da varanda estava rachada desde o fim de semana e a jardineira estava pesada com as chuvas.
Para Crea, faltou manutenção
Na terça-feira (3), o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura Secção Ceará (Crea-CE) instituiu uma comissão para inspecionar o edifício Versailles. “A comissão é formada por quatro engenheiros indicados pelo Crea-CE e dois da construtora responsável pelo edifício. Eles vão trabalhar em cima de um laudo para detectar as causas do acidente e a situação do edifício”, explica o engenheiro civil Victor Frota Pinto, presidente do Crea-CE. O laudo da entidade sai em 30 dias.
Para o presidente do Crea, numa avaliação preliminar é possível identificar que a falta de manutenção do edifício foi uma das causas do acidente. “Tudo precisa de manutenção. Nosso carro precisa de revisão, a gente faz exames periódicos, com a moradia é a mesma coisa. É possível morar a vida inteira em uma mesma casa ou apartamento, desde que sejam realizadas manutenções preventivas”, alerta.
No caso específico do Edifício Versailles, Victor Frota cita o problema com as jardineiras. “As plantas eram colocadas direto nas jardineiras localizadas em volta de toda a varanda. A umidade permanente oxidou as ferragens, que seguravam o concreto, e elas se esfarelaram, ficando sem sustentação”, diz.
O problema começou a aparecer em forma de grandes rachaduras. Um engenheiro foi chamado pela administração do edifício, segundo Victor Frota, que recomendou o imediato escoramento. “O problema é que este trabalho não teve nenhum acompanhamento técnico. Não basta chamar um pedreiro para fazer o escoramento, as escoras precisam estar nos locais corretos e isso só quem pode dizer é um engenheiro”, explica. Segundo ele, o condomínio foi notificado por não ter responsável técnico para a obra.
Inspeção predial
A lei nº 9.913/2012, aprovada pela Câmara Municipal de Fortaleza, torna obrigatória a inspeção técnica periódica em edifícios residenciais, comerciais e industriais da cidade. Mesmo aprovada, a lei não está em vigor porque falta o decreto de regulamentação e a sanção do prefeito Roberto Cláudio. “Se a cultura não mudar, se não se começar a fazer manutenção preventiva nas edificações, problemas maiores podem ocorrer, já que a cidade está a cada dias mais verticalizada e os edifícios mais antigos, precisando de manutenção”, alerta o presidente do Crea.
AUTOR: G1/CE
Morreu na manhã desta quarta-feira (4) um dos dois operários que estavam internados no Instituto Dr. José Frota, em Fortaleza, depois do desabamento da varanda do edifício no Bairro Meireles. De acordo com o hospital, Gilvadir José do Nascimento, de 44 anos, teve morte encefálica confirmada pelos médicos. O operário deu entrada no hospital em estado grave e com traumatismo craniano na última segunda-feira (2). Gilvadir é a segunda vítima do acidente. No dia do desabamento, um dos três homens que travalhavam na obra morreu na hora.
Segundo o IJF, a família do operário permitiu a doação dos órgãos. O outro operário que trabalhava na obra de escoramento da varanda e estava internado no IJF era Raimundo José do Nascimento, de 52 anos, irmão de Gilvadir. De acordo com o hospital, o terceiro operário passa bem e recebeu alta.
Ainda na segunda-feira (2), dia do acidente, os moradores do prédio, localizado na esquina das ruas Ana Bilhar e Joaquim Nabuco, deixaram os apartamentos e a área foi interditada pelos bombeiros para evitar novos acidentes. Segundo moradores do edifício, a estrutura da varanda estava rachada desde o fim de semana e a jardineira estava pesada com as chuvas.
Para Crea, faltou manutenção
Na terça-feira (3), o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura Secção Ceará (Crea-CE) instituiu uma comissão para inspecionar o edifício Versailles. “A comissão é formada por quatro engenheiros indicados pelo Crea-CE e dois da construtora responsável pelo edifício. Eles vão trabalhar em cima de um laudo para detectar as causas do acidente e a situação do edifício”, explica o engenheiro civil Victor Frota Pinto, presidente do Crea-CE. O laudo da entidade sai em 30 dias.
Para o presidente do Crea, numa avaliação preliminar é possível identificar que a falta de manutenção do edifício foi uma das causas do acidente. “Tudo precisa de manutenção. Nosso carro precisa de revisão, a gente faz exames periódicos, com a moradia é a mesma coisa. É possível morar a vida inteira em uma mesma casa ou apartamento, desde que sejam realizadas manutenções preventivas”, alerta.
No caso específico do Edifício Versailles, Victor Frota cita o problema com as jardineiras. “As plantas eram colocadas direto nas jardineiras localizadas em volta de toda a varanda. A umidade permanente oxidou as ferragens, que seguravam o concreto, e elas se esfarelaram, ficando sem sustentação”, diz.
O problema começou a aparecer em forma de grandes rachaduras. Um engenheiro foi chamado pela administração do edifício, segundo Victor Frota, que recomendou o imediato escoramento. “O problema é que este trabalho não teve nenhum acompanhamento técnico. Não basta chamar um pedreiro para fazer o escoramento, as escoras precisam estar nos locais corretos e isso só quem pode dizer é um engenheiro”, explica. Segundo ele, o condomínio foi notificado por não ter responsável técnico para a obra.
Inspeção predial
A lei nº 9.913/2012, aprovada pela Câmara Municipal de Fortaleza, torna obrigatória a inspeção técnica periódica em edifícios residenciais, comerciais e industriais da cidade. Mesmo aprovada, a lei não está em vigor porque falta o decreto de regulamentação e a sanção do prefeito Roberto Cláudio. “Se a cultura não mudar, se não se começar a fazer manutenção preventiva nas edificações, problemas maiores podem ocorrer, já que a cidade está a cada dias mais verticalizada e os edifícios mais antigos, precisando de manutenção”, alerta o presidente do Crea.
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