Os dois principais candidatos nas eleições, o atual presidente Goodluck Jonathan e o ex-ditador e opositor Muhammadu Buhari, assinam acordo de paz durante o pleito, que é realizado neste sábado (27) (Foto: REUTERS/Stringer)
A Nigéria vai às urnas neste sábado (28) para escolher o próximo presidente do país, em meio a temores de que atos de violência, principalmente deflagrados pelo Boko Haram, atrapalhem o pleito. O atual presidente Goodluck Jonathan enfrenta o ex-ditador e opositor Muhammadu Buhari e outros 12 candidatos com menor força. O histórico violento das eleições de 2011, em que cerca de mil pessoas foram mortas, e dos recentes ataques do grupo radical islâmico Boko Haram ainda pesa sobre os eleitores e preocupa as Forças Armadas.
Os colégios eleitorais abriram suas portas às 8h (4h de Brasília). Uma explosão atingiu um local de votação na cidade de Awka, mas segundo as autoridades não deixou feridos.
A Nigéria vai às urnas neste sábado (28) para escolher o próximo presidente do país, em meio a temores de que atos de violência, principalmente deflagrados pelo Boko Haram, atrapalhem o pleito. O atual presidente Goodluck Jonathan enfrenta o ex-ditador e opositor Muhammadu Buhari e outros 12 candidatos com menor força. O histórico violento das eleições de 2011, em que cerca de mil pessoas foram mortas, e dos recentes ataques do grupo radical islâmico Boko Haram ainda pesa sobre os eleitores e preocupa as Forças Armadas.
Os colégios eleitorais abriram suas portas às 8h (4h de Brasília). Uma explosão atingiu um local de votação na cidade de Awka, mas segundo as autoridades não deixou feridos.
O ex-ditador e opositor Muhammadu Buhari vota neste sábado em Daura (Foto: Akintunde Akinleye/ Reuters)
As eleições estavam previstas para acontecer no dia 14 de fevereiro. Uma semana antes, a comissão eleitoral anunciou o adiamento do pleito por seis semanas por preocupações com a segurança. A justificativa foi que os ataques do Boko Haram no norte do país ocupavam todos os esforços militares das forças de segurança da Nigéria. Segundo a comissão eleitoral, as tropas não estavam disponíveis para garantir o correto andamento do pleito eleitoral.
"Se a segurança do pessoal, dos eleitores, dos observadores e do material eleitoral não puder ser garantida, a vida de jovens inocentes (...) e a perspectiva de eleições livres, justas e críveis podem correr perigo", disse na ocasião o presidente da comissão eleitoral, Attahiru Jega.
Grupo Boko Haram aparece em vídeo (Foto: AFP PHOTO / BOKO HARAM)
Dez dias depois o grupo extremista Boko Haram divulgou um vídeo em que seu líder promete impedir a realização das eleições. "Essa eleição não será realizada, nem se estivermos mortos. Alá jamais o permitirá", afirmou Abubakar Shekau na gravação.
Cerca de 70 milhões de pessoas são esperadas para votar.
Sabe-se que o grupo tem capacidade de atacar simultaneamente em várias frentes e que dispõe de um arsenal importante. De acordo com o Human Rights Watch, o grupo já matou mais de mil pessoas apenas neste ano. Os nigerianos temem tanto o risco de violência nas eleições que estão saindo do país para longe. Os voos internacionais estavam cheios nessa semana e havia filas de espera nas companhias aéreas no Aeroporto Internacional de Lagos, segundo a agência Associated Press. De acordo com a BBC, 1,5 milhão de pessoas já abandonaram suas casas. Imagens da Reuters mostram nigerianos estocando comida e bebida para o dia do pleito.
Numa tentativa de diminuir as ameaças de violência, os dois principais candidatos presidenciais assinaram um acordo de paz nesta quinta-feira (26), o último dia de campanha. Jonathan e Buhari prometeram respeitar o resultado das urnas e pediram para seus apoiadores não cometerem atos de violência.
Além disso, nesta semana o chefe das Forças Armadas, Kenneth Minimah, disse que foram elaborados esquemas de segurança para a realização das eleições e, aqueles que provocassem algum conflito enfrentariam “violência organizada” das forças de segurança. As tropas estão em alerta máxima, com 360 mil policiais posicionados em áreas estratégicas, e as fronteiras com o oceano foram fechadas como uma preocupação extra.
Independência eleitoral
O líder da oposição nigeriana e candidato Muhammadu Buhari declarou que a independência da comissão eleitoral ficou "gravemente comprometida", após decisão de adiar a eleição de 14 de fevereiro para 28 de março. Segundo ele, a comissão “cedeu a pressão e comprometeu sua independência”.
Especialistas ouvidos pela BBC dizem que acreditam que o processo eleitoral teria sido um fracasso se fosse realizado em 14 de fevereiro. "Há a suspeita de que nenhum partido parece bem preparado para o trauma de uma derrota. O que a Nigéria precisa depois de a poeira assentar nesta eleição é não apenas um governo eficaz, mas uma oposição eficaz", disse Anthony Goldman, especialista em Nigéria da consultoria PM Consulting, em Londres, à BBC.
A compra de voto também é um problema apontado pela agência. Os principais partidos políticos nigerianos têm distribuído sacos de arroz para os eleitores, para tentar influenciar o resultado da votação.
Outras questões de influência
Outras questões – tribais, religiosas e de divisões regionais - influenciam a votação, segundo disse ao G1 Obo Effanga, coordenador de governança da organização de direitos humanos ActionAid Nigéria, que realiza encontros sobre participação política em comunidades de 12 estados do país.
Dez dias depois o grupo extremista Boko Haram divulgou um vídeo em que seu líder promete impedir a realização das eleições. "Essa eleição não será realizada, nem se estivermos mortos. Alá jamais o permitirá", afirmou Abubakar Shekau na gravação.
Cerca de 70 milhões de pessoas são esperadas para votar.
Sabe-se que o grupo tem capacidade de atacar simultaneamente em várias frentes e que dispõe de um arsenal importante. De acordo com o Human Rights Watch, o grupo já matou mais de mil pessoas apenas neste ano. Os nigerianos temem tanto o risco de violência nas eleições que estão saindo do país para longe. Os voos internacionais estavam cheios nessa semana e havia filas de espera nas companhias aéreas no Aeroporto Internacional de Lagos, segundo a agência Associated Press. De acordo com a BBC, 1,5 milhão de pessoas já abandonaram suas casas. Imagens da Reuters mostram nigerianos estocando comida e bebida para o dia do pleito.
Além disso, nesta semana o chefe das Forças Armadas, Kenneth Minimah, disse que foram elaborados esquemas de segurança para a realização das eleições e, aqueles que provocassem algum conflito enfrentariam “violência organizada” das forças de segurança. As tropas estão em alerta máxima, com 360 mil policiais posicionados em áreas estratégicas, e as fronteiras com o oceano foram fechadas como uma preocupação extra.
Independência eleitoral
O líder da oposição nigeriana e candidato Muhammadu Buhari declarou que a independência da comissão eleitoral ficou "gravemente comprometida", após decisão de adiar a eleição de 14 de fevereiro para 28 de março. Segundo ele, a comissão “cedeu a pressão e comprometeu sua independência”.
Especialistas ouvidos pela BBC dizem que acreditam que o processo eleitoral teria sido um fracasso se fosse realizado em 14 de fevereiro. "Há a suspeita de que nenhum partido parece bem preparado para o trauma de uma derrota. O que a Nigéria precisa depois de a poeira assentar nesta eleição é não apenas um governo eficaz, mas uma oposição eficaz", disse Anthony Goldman, especialista em Nigéria da consultoria PM Consulting, em Londres, à BBC.
A compra de voto também é um problema apontado pela agência. Os principais partidos políticos nigerianos têm distribuído sacos de arroz para os eleitores, para tentar influenciar o resultado da votação.
Outras questões de influência
Outras questões – tribais, religiosas e de divisões regionais - influenciam a votação, segundo disse ao G1 Obo Effanga, coordenador de governança da organização de direitos humanos ActionAid Nigéria, que realiza encontros sobre participação política em comunidades de 12 estados do país.
Cartaz de campanha do presidente Goodluck Jonathan é visto em a uma construção em Yenagoa (Foto: REUTERS/Akintunde Akinleye)
"A Nigéria é um país muito populoso, diverso e historicamente complexo. Há mais de 170 milhões de pessoas pertencentes a centenas de diferentes tribos que, ao longo dos anos, se misturaram e se casaram. O poder de influência de líderes tradicionais, líderes religiosos ou, no caso de algumas mulheres, de seus maridos, é uma das questões mais importantes neste quesito na Nigéria hoje em dia”, diz.
“No passado, as divisões regionais tiveram influência mais clara sobre os eleitores: os do norte do país costumavam votar num candidato a presidente originário de uma das zonas geopolíticas do norte do país; enquanto os do sul, muitas vezes, votavam em um candidato originário de sua mesma região”, afirma Effanga.
Ele afirma que este quesito pode mudar nestas eleições. “Embora os atuais candidatos a presidente sejam do sul e do norte (Goodluck Jonathan e Muhammadu Buhari, respectivamente), parece que as alianças regionais não desempenharão um papel forte nas eleições deste ano. Cada vez mais, há um foco importante em questões políticas, como a prestação de serviços públicos”, conta o ativista.
Principais candidatos
O partido do presidente Goodluck Jonathan governa o país desde o fim da ditadura no país, em 1999. Sua insistência em se candidatar fez com que muitos políticos fossem para a oposição, sob o argumento de que ele quebra uma regra não escrita de alternância de poder entre candidatos do sul, predominantemente cristão, de onde é Jonathan, e o norte, predominantemente muçulmano.
Jonathan perdeu muito apoio desde sua vitória em 2011, e as pesquisas indicam uma disputa acirrada.
Pessoas passam por cartazes do candidato Muhammadu Buhari em Kano (Foto: REUTERS/Goran Tomasevic)
Muhammadu Buhari é o candidato lançado por uma coalização da oposição formada há dois anos. Ele perdeu para Jonathan nas eleições de 2011, o que provocou os tumultos que deixaram mil pessoas mortas. Uma queixa no Tribunal Penal Internacional de Haia acusa Buhari de instigar a violência, acusação que ele nega.
Esta eleição é apenas a oitava desde a independência da Grã-Bretanha, em 1960, e, de acordo com análise da Associated Press, a primeira a levantar a possibilidade de transferência democrática do poder, já que nenhum presidente jamais perdeu a eleição. Para o chefe da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Chidi Odinkalu, isso deveria ser “motivo de celebração”, segundo disse à agência.
AUTOR: G1/SP
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