A força-tarefa integrada pelo comandante-adjunto da PMCE, coronel Hervano Macêdo Júnior; e o delegado geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, enviados à Região do Cariri para ajudarem no combate os altos índices de mortes, tem surtido efeitos positivos. O secretário de Segurança Pública, Delci Teixeira, disse que a medida foi tomada porque o território, que faz parte do 'Interior Sul', que compreende as Áreas Integradas de Segurança (AISs) 10, 11, 15, 16, 18, onde estão Municípios do Litoral Leste, Cariri, Inhamuns e Centro Sul, era o único no Estado que estava apresentando problemas.
Entre as quatro divisões feitas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para controlar os índices de crimes no Estado, somente o 'Interior Sul' não reduziu os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), em fevereiro.
Ontem, a reunião dos comandantes das AISs, juntamente com a cúpula da Segurança Pública, que ocorre todas as terças-feiras, foi acompanhada pela Imprensa. Em entrevista concedida após o encontro, o secretário Delci Teixeira afirmou ser necessária a integração entre as Polícias, prevista nas diretrizes do programa 'Ceará Pacífico'.
Dificuldades
"É importante a interação para sentirmos as dificuldades que os colegas têm. Em fevereiro, das quatro Regionais - Capital, Região Metropolitana, Interior Norte, Interior Sul - apenas o Interior Sul teve problemas e não apresentou respostas às ações que estávamos promovendo. Nosso foco se voltou para lá e hoje a região está respondendo".
Delci Teixeira afirmou que o programa 'Em defesa da Vida', implantado na gestão anterior, é uma excelente ideia, por isto está sendo continuado. O secretário afirmou também, que está em contato permanente com outros Estados para ver o que pode ser implantado aqui.
Mesmo considerando os índices de março como bons, Teixeira alerta que os trabalhos precisam continuar sendo feitos da mesma forma, até que os números se consolidem. Em relação as 13 AISs distribuídas no Ceará, que tiveram índices positivos, o secretário comemorou os resultados e agradeceu os esforços conjuntos dos policiais.
"Mesmo diante desses bons resultados do mês de março, não podemos descuidar de maneira alguma, mesmo porque depois do dia 15 há uma tendência de aumento no número das taxas de criminalidade. Sempre prometemos trabalho e esforço para que as coisas deem certo, mas não podemos dizer que estes resultados vão continuar. Perdemos, por exemplo, no mês de janeiro. Já fevereiro não só foi positivo, como conseguimos recuperar o que havia sido perdido", afirmou Teixeira.
Durante a reunião ocorrida ontem, na sede da SSPDS, os comandantes das áreas falaram dos trabalhos realizados. O major Océlio Alves, que assumiu o Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) disse que as patrulhas que ele comanda aumentaram as apreensões na área da Beira-Mar e conseguiram impedir diversos assaltos a turistas.
O tenente-coronel Fernando Albano, comandante do Ronda do Quarteirão, disse que o grupamento está realizando novamente visitas comunitárias, inclusive a mulheres que sofreram violência doméstica e estão sob medidas protetivas. "Estive hoje com uma dessas mulheres e percebi como elas se sentem acolhidas, amparadas pelo Estado", afirmou Albano.
Roubos
Sobre os roubos, que amedrontam a população da Capital e da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que são os maiores responsáveis pela sensação de insegurança, Delci Teixeira afirmou que ainda não tem como precisar se os índices estão diminuindo, porque não existe na SSPDS uma ferramenta eficaz que possa computar estas estatísticas de forma fiel à realidade.
"Nós não conseguimos ainda um sistema que possa dar precisão dos crimes contra o patrimônio. Já tive duas reuniões com a área de informática sobre isso. Quando tivermos o programa implantado teremos dados confiáveis para que possamos fazer uma avaliação e sabermos se estamos melhorando ou piorando, se devemos atacar este ou aquele ponto, mas no momento não temos dados confiáveis para esta avaliação", salientou.
Novos sistemas pretendem otimizar a Polícia Civil
A Polícia Civil está passando por um processo de modernização, que deverá trazer economia de gastos e otimizar o tempo dos agentes. A informação é do delegado geral do órgão, Andrade Júnior. O titular da Instituição disse que está sendo implantando no Ceará um programa denominado 'Sistema Gerenciador de Homicídios' (SGH), que permitirá que a Polícia tenha total precisão de quantos homicídios aconteceram em uma área, quem são as vítimas e quais casos já foram elucidados.
Andrade Júnior disse que o Programa foi pensado junto com o delegado Ricardo Romagnoli, quando ele estava à frente da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Por enquanto, somente a Área Integrada de Segurança (AIS) 11, instalada no Cariri, está utilizando o SGH, mas a previsão é que até o fim do mês todas as AISs estejam usando o novo sistema. Conforme o programa, o índice de resolução de homicídios no Cariri é de 46,6% das ocorrências.
"Este é um jeito de otimizar nosso tempo, mas também de sabermos quais casos ainda estão pendentes e cobrarmos dos delegados para que busquem os culpados. O índice de resolução é computado a partir de quantos crimes aconteceram e quantas pessoas foram indiciadas", explicou Andrade Júnior.
Digitalização
Outro projeto que envolve a virtualização do trabalho da Polícia está em andamento e prevê uma economia de em torno de R$ 1,3 milhão para o Estado. A digitalização dos inquéritos já está acontecendo na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD). Em seguida, os procedimentos da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) deverão se tornar virtuais e, em cinco anos, o projeto deverá ter sido implantado em todas as delegacias do Estado.
Para o delegado geral, as medidas que estão sendo tomadas deverão surtir efeitos práticos na redução de crimes. Segundo ele, a Região do Cariri já pode ser vista como um exemplo de que as novas decisões estão surtindo o efeito esperado. "No Cariri conseguimos ver todos os inquéritos, enxergar quais eram as dificuldades de prender os culpados e chegamos a prisões que melhoraram muito a situação de lá", disse Andrade Júnior.
Na Capital, o delegado afirmou que também é preciso combater os crimes contra o patrimônio. "São os roubos que causam a insegurança na população. É a arma na cabeça que deixa o cidadão com medo de sair de casa. Vamos nos empenhar muito no combate a esses casos".
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