Dezenas de horas de depoimentos, ultrapassando 500 páginas, e pouco mais de 20 diferentes amostras para checagem de material genético foram produzidos nos 75 dias desde que a turista italiana foi encontrada morta. A pergunta ainda não pode ser respondida. A Polícia ainda não sabe quem matou Gaia ou, se acredita saber, está buscando mais elementos substanciais que fundamentem as linhas de investigação traçadas.
Única apontada publicamente como suspeita, dentre os suspeitos, a farmacêutica carioca Mirian França tenta retomar a rotina no Rio de Janeiro: universidade, pesquisas em laboratório e família. Novos objetos encontrados e laudos periciais com materiais genéticos ainda mantêm, para a Polícia, algumas peças no lugar onde estão, o que inclui Mirian na condição de suspeita. Para a Defensoria Pública do Estado, não há sustentação para indiciamento da farmacêutica.
Procurada, a delegada Patrícia Bezerra não quis se pronunciar sobre o andamento das investigações ou do pedido de prorrogação do inquérito. A reportagem apurou que no relatório enviado à Justiça não constam indiciamentos, devendo ocorrer somente na conclusão.
O tempo para investigação é determinado pela Justiça. Após o primeiro mês, houve prorrogação por mais 45 dias, encerrando hoje. O próximo prazo varia conforme o entendimento do Poder Judiciário durante a apreciação do pedido, podendo ser prorrogado por mais 30 dias ou até seis meses.
Já foram muitas idas e vindas de inspetores à vila praiana. Tentar fechar a conta de quantos olhos viram Gaia até sua morte. As areias do Serrote, onde acharam o corpo, foram reviradas em busca de novos vestígios. Eles surgiram: amostras de DNA foram colhidas em um cordão supostamente de Gaia encontrado vários dias após a própria perícia no local.
Denúncias
A Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) recebeu telefonemas anônimos de Jericoacoara apontando possíveis pistas sobre a morte de Gaia. As denúncias geraram novas diligências e depoimentos de moradores da vila foram confrontados com as evidências alcançadas até agora.
Rumores de que um rezador místico teria assumido a autoria do crime foram checados pela Polícia. O homem de aproximadamente 30 anos teria transtornos mentais.
Quanto maior a distância do dia 25 de dezembro de 2014, mais complexa se torna a montagem do quebra-cabeças que deverá contar toda a história das últimas horas de vida de Gaia Bárbara Molinari. Não teria sido roubada, tampouco estuprada, mas brutalmente espancada. Por fim, morta por estrangulamento. Foi morta em outro local? A Polícia não trabalha com essa possibilidade. Reforça a tese com ausência de marcas no chão ou sinais de arrasto em seu corpo.
O que motivou a morte de Gaia? O que pode fundamentar outras teorias para além da suposta passionalidade? Que desejos podem ter levado a italiana até o Serrote? Quantos olhos viram Gaia do dia 21 de dezembro até a meia-noite do Natal?
Cordão que seria de Gaia traz vestígios
Novos objetos encontrados na cena do crime mais de um mês após a descoberta do corpo da italiana Gaia Molinari tornam-se peças na investigação policial. Um cordão artesanal com um pingente de pedra verde foi achado enterrado nas areias do Serrote. Uma caixa de papelão contendo roupas e supostas manchas de sangue também foram encontradas nas areias.
A reportagem apurou que os investigadores usaram ferramentas para remover a terra e garimpar provas. Ao menos uma amostra de DNA indica o perfil genético de Gaia. O cordão seria dela.
A peça mede entre 20 e 25 centímetros, com uma pedra de mais de 2,5 cm de diâmetro, semelhante a um quartzo verde. O material aparenta ser fabricado com fibra natural, peça comum produzida pelos artesãos nas praias.
Outro vestígio genético foi identificado e passa por análise comparativa ao perfil genético coletado de suspeitos de envolvimento no crime, assim como várias outras amostras recolhidas no decorrer dos dois meses de investigação.
Exame toxicológico para a presença de drogas ilícitas no corpo de Gaia Molinari deu negativo. O mesmo não ocorreu para a presença de álcool no sangue. O resultado pode apontar novas evidências sobre a dinâmica do crime.
Na noite da morte da italiana, estimada entre os horários de 18h e 0h, a Vila de Jericoacoara realizava várias festas. Era Natal. Com quem, e o quê, Gaia poderia ter bebido?
A região do Serrote é de acesso mais difícil de modo a não haver trânsito de carro e, à noite, fica ainda mais deserto. A Polícia não trabalha com a possibilidade de o crime ter ocorrido em outro lugar, por não haver evidências como marcas no chão ou no próprio corpo de Gaia, no caso de ter sido arrastada até lá. De todo modo, mantém-se a dúvida sobre de que forma ela teria chegado ao local onde teria sido vitimada.
Outra peça, encontrada mais de um mês após o crime, pode não estar relacionada, mas foi averiguada pelos investigadores. Funcionários do serviço de coleta da Vila recolheram próximo ao local do crime uma caixa de papelão contendo roupas masculinas e femininas.
O material foi encaminhado para o destacamento do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) de Jericoacoara, que conduziu para a Polícia Civil. As peças logo examinadas não apontam para nenhuma das pessoas diretamente investigadas até agora.
AUTOR: DN
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