Um cão farejador ajudou a polícia a encontrar o corpo do executivo norte-americano David Benjamin Sommer, de 50 anos, que estava desaparecido desde 11 de janeiro. O cachorro detectou sangue de Sommer em um dos quartos na casa de prostituição da Rua Conselheiro Furtado, na Liberdade, no Centro de São Paulo. O corpo de Sommer foi enterrado perto da Rodovia dos Imigrantes.
O americano frequentava a casa de prostituição e, de acordo com as investigações, tinha um relacionamento conflituoso com as frequentadoras do estabelecimento. O homem apontado pelas investigações como autor do crime é namorado de uma das moças que atua no local e teria brigado com o executivo.
A polícia diz que o coordenador de uma casa de prostituição, de 28 anos, é responsável pela morte. Ele está preso no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e, segundo a polícia, confessou a morte e a ocultação do cadáver. O assassinato teria sido motivado por ciúmes.
"Ele [suspeito] tinha ciúmes do americano porque o americano emprestava dinheiro para as meninas, só que ele [americano] trabalhava meio que numa agiotagem. Ele emprestava R$ 300 para uma garota de manhã e à tarde ele cobrava R$ 500. Isso foi gerando entre as meninas uma certa revolta. Em outras não, porque ele era generoso em relação ao dinheiro que dispunha para essas mulheres", disse a diretora do DHPP, delegada Elisabete Sato.
Há indícios de que o americano estava comprando apartamento para algumas delas.
Executivo americano foi encontrado morto na Imigrantes (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
O crime
Testemunhas contaram que a vítima insistiu em ter relações sexuais, e a mulher não quis. "O David gostava de uma moça desse local e ela tinha um relacionamento com o suspeito. No dia 11, quando o David chegou ao local, ele queria transar com essa moça e ela não quis por conta do namorado que estava lá", contou Elisabete.
Após a recusa da moça, o americano teria se dirigido a um dos apartamentos do prédio para consumir cocaína, segundo a delegada. "O suspeito o seguiu, deu um mata-leão no americano e aplicou duas injeções do que ele sabe ser um sonífero, mas não soube especificar qual", afirmou Elisabete. David morreu em seguida.
As investigações mostraram que o homem alugou uma geladeira para colocar o corpo, levou até as margens da Rodovia dos Imigrantes, entre os km 12 e 13, onde o enterrou.
"Ele disse que, após o americano ter falecido, ele o tirou desse prédio dentro de uma geladeira. Contratou um carreto que levou a geladeira com o corpo dentro até a Rodovia dos Imigrantes", disse a delegada. A geladeira foi queimada.
O suspeito preso tem passagens por roubo e tráfico de drogas. O corpo de David foi desenterrado pelo Corpo de Bombeiros.
A polícia investiga se mais pessoas participaram do crime, mas o suspeito resiste a mencionar outros nomes. "Ele está protegendo alguém, com certeza, porque me parece impossível alguém sozinho carregar uma geladeira, tirar um corpo, fazer uma cova, enterrar um corpo, botar fogo na geladeira e sair do local", disse a delegada.
O desaparecimento de Sommer foi comunicado à Delegacia de Pessoas Desaparecidas do DHPP no dia 14 de janeiro, por uma sócia dele. A última vez que a mulher viu o sócio foi no dia 11 de janeiro, quando os dois almoçaram em um restaurante que seria inaugurado próximo à estação Fradique Coutinho.
Câmeras da rua
Policiais verificaram que, na rua da casa de prostituição, havia câmeras da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A polícia solicitou 30 horas de imagens e constatou que o americano entrou no estabelecimento, mas não foi visto saindo.
Também havia desaparecido o carro do executivo, que na mesma semana foi localizado pela polícia perto de uma favela no Jabaquara, na Zona Sul. Peritos identificaram que o carro havia sido alterado. Os policiais acharam no vidro do automóvel uma multa aplicada no endereço próximo ao da casa de prostituição.
Com base nessas informações, obtiveram mandado de busca para revistar o estabelecimento. Cães farejadores foram diretamente a um determinado local do prédio. Todas as pessoas nesse local disseram que "o caso" tinha acontecido lá embaixo, no prostíbulo. O homem confessou o crime e levou a polícia até o local onde enterrou o corpo.
Separado e até recentemente em relacionamento com uma garota menor de idade, segundo a polícia, o americano estava no Brasil havia 9 anos, entre Rio de Janeiro e São Paulo. Ele morava sozinho, na Liberdade, gostava de música e era cantor.
AUTOR: G1/SP