No ano passado, o FBI, a polícia federal americana, divulgou uma advertência sem precedentes sobre o 764, dizendo que o grupo "usa ameaças, chantagem e manipulação para controlar as vítimas e fazê-las gravar ou transmitir ao vivo automutilação, atos sexualmente explícitos e/ou suicídio".
Agora, a polícia britânica emitiu seu próprio alerta.
"Queremos conscientizar o público [sobre o 764]", afirmou Finlay.
"A ameaça que eles representam, não apenas no Reino Unido, mas globalmente, é imensa."
Não se sabe como Finnigan se envolveu com o grupo.
A BBC conversou com uma pessoa que o conhecia bem. Ela nos disse que seu comportamento mudou quando ele se envolveu com outros extremistas online.
"Eles compartilhavam todas as coisas horríveis e terríveis entre si. Foi quando ele passou de atencioso e amoroso a manipulador, tóxico, controlador e sádico", a pessoa afirmou.
"Ele nunca demonstrou sentimento de culpa, na verdade, ele se gabava disso com os amigos, como se gostasse do sofrimento e achasse divertido. Era repulsivo e completamente desumano."
'É algo que causa pesadelo'
Becca Spinks é uma investigadora especializada em internet, baseada nos EUA, que estudou o grupo.
"Eles vão tentar coagir e persuadir jovens vulneráveis a se automutilar, pegar uma lâmina de barbear e gravar o nome do abusador no corpo em vídeo", diz ela.
Spinks identificou Finnigan como membro do 764 antes de ele ser preso. Ele entrou então em contato com ela — e, em mensagens às quais a BBC teve acesso, ameaçou estuprá-la e matá-la.
"Percebi rapidamente que havia mexido em um vespeiro terrível", conta Spinks.
"O FBI me disse que esse grupo era muito violento e muito perigoso. É uma coisa horrível, que causa pesadelo."
Prisões relacionadas ao 764 com base em acusações relacionadas a abuso infantil, sequestro e assassinato foram efetuadas em pelo menos oito países, incluindo o Reino Unido.
Ano passado, Vincent Charlton, de Gateshead, na Inglaterra, então com 17 anos, foi preso por disseminar publicações terroristas, possuir documentos úteis a um terrorista e produzir e possuir imagens indecentes de crianças.
A BBC descobriu online que o 764 ainda está ativo no mundo todo — e viu mensagens em que os membros do grupo se gabam dos seus feitos, compartilhando fotos e vídeos de suas vítimas.

Membros do 764 compartilharam imagens de vídeo perturbadoras como esta
Normalmente, o grupo procura meninas vulneráveis nas redes sociais, muitas vezes em comunidades dedicadas à automutilação ou à saúde mental. Eles se comunicam com elas em plataformas de troca de mensagens como Discord e Telegram, geralmente enviando material de abuso infantil sexualmente explícito.
Um porta-voz do Discord nos disse que havia denunciado Finnegan às autoridades nos EUA, e acrescentou que a plataforma estava comprometida em combater conteúdo prejudicial.
Jenna (nome fictício), da Austrália, tinha 15 anos quando foi alvo do 764 pela primeira vez.
Por mais de dois anos, ela foi ameaçada por membros do grupo.
"Foi horrível", diz a mãe de Jenna, que falou conosco sob condição de anonimato.
"Temos manuais de suicídio que eles enviaram a ela."
O grupo também enviou a Jenna imagens de abuso infantil e animal, e a coagiu a compartilhar fotos explícitas de si mesma e de automutilação diante das câmeras.
A mãe de Jenna nos disse que o grupo fez sua filha se mutilar cada vez mais.
"Mais profundo. Pior. Ela está coberta de cicatrizes."
Por fim, os abusadores ordenaram que Jenna matasse o gato da família, e ela se recusou a obedecer.
"Eles queriam que ela fizesse isso em uma transmissão ao vivo. Tudo explodiu a partir daí. Quando ela se recusou a fazer isso, acho que eles perceberam que estavam perdendo o controle sobre ela", disse a mãe.
Como vingança, os membros do 764 fizeram uma denúncia falsa à polícia, alegando que o pai de Jenna tinha uma arma — uma tática comum, conhecida como "swatting". Policiais australianos armados foram até a casa, aterrorizando a família.
Alguns dos abusadores de Jenna já foram presos e estão cumprindo pena de prisão nos Estados Unidos.
Mas outros ainda estão foragidos. Embora tenha conseguido, em grande parte, cortar relações com o grupo, Jenna continua recebendo mensagens ameaçadoras. A mãe dela ainda está tentando fazer com que as imagens explícitas sejam removidas das plataformas de rede social.
"Passei meses vendo que essas pessoas são capazes de acessar as piores coisas que você poderia imaginar do seu filho. E simplesmente gritando no vácuo — ninguém está ouvindo, ninguém está tirando essas coisas do ar. Como isso ainda está lá? E não é só a minha filha, são muitas crianças."
Jenna ainda está traumatizada por conta das experiências com o grupo.
"Tenha muito cuidado com quem você está falando", ela diz.
"E se acontecer com você, converse com alguém sobre isso."
FONTE: BBC
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