Segundo nota da polícia civil, Makelly foi morta por asfixia.
As investigações do caso foram comandadas pela Delegacia de Homicídios. Presidido pelo delegado Higgo Martins, o inquérito acabou apontado que um dia antes do corpo de Makelly ser encontrado, o professor Luis Augusto foi visto em frente a uma boate no centro de Teresina, no momento em que a vítima entrou no carro do suspeito.
A polícia informou ainda que Luis Augusto, três meses antes do crime, teria tentado contra a vida de outro travesti, que na ocasião teria anotado a placa do veículo do professor. “O coordenador da Delegacia de Homicídios, Francisco Bareta, disse que após um trabalho detalhado de investigação de campo somado aos resultados de laudos periciais e provas testemunhais foi feita representação pedindo a prisão preventiva do acusado, concedida posteriormente pelo juiz Luís Moura da Central de Inquéritos”, traz a nota divulgada pela polícia.
Na Delegacia de Homicídios a reportagem do 180graus conversou com o advogado Marcus Vicinius Araújo. Ele contou que recebeu o mandado de prisão temporária contra o professor, que é também militante do PSTU, mas que vai argumentar contra as alegações da polícia que levaram à prisão do jornalista.
Ele argumentou ainda que no suposto momento do crime o jornalista estava na sede do PSTU e que ele não conhecia a travesti. Outro ponto questionado pelo advogado é um adesivo no veículo. Amigas de Makelly relataram à polícia que no carro que a pegou em frente à boate havia o adesivo de uma santa na traseira do veículo. “No carro do meu cliente há o adesivo de uma santa, mas no vidro da frente”, disse.
O delegado que presidiu o inquérito conversou com o 180. Ele explica que toda investigação partiu da placa do veículo informada pelas amigas de Makelly. Ao fazer a busca pela placa, os policiais descobriram que o carro estava no nome de um banco. Uma busca mais aprofundada levou até uma senhora aposentada, amiga do jornalista.
De idade avançada, a mulher cedia o veículo para Luis Augusto em troca de alguns favores, como levá-la ao médico, ao supermercado, por exemplo. E quando ela viajava, o carro era usado livremente pelo jornalista e naquele dia, segundo o delegado, ele usou o veículo para cometer o crime.
O segundo fato que retardou o fim das investigações foi a busca da polícia por detalhes do dia a dia do jornalista. Militante do PSTU, ele tem contato com membros de grupos GLBT e tem na sua agenda o contato de diversas outras travesti. A polícia descobriu ainda mensagens do suspeito marcando encontros com membros destes grupos.
Durante as investigações, a polícia detectou ainda que o jornalista trocou as calotas do carro, mudou o nível do fumê e ainda, tirou o adesivo que estava na traseira do veículo. Ele inicialmente negou seu envolvimento com o caso, mas a polícia diz não haver dúvidas.
PSTU DIVULGA NOTA
Em contato com o 180, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) informa que desde 28 de junho de 2014 o Sr. Luís Augusto Antunes - acusado de ser o autor de homicídio contra a transexual Makelly Castro – não militava nas fileiras de nossa organização.
A nota diz ainda que, mesmo não fazendo parte dos quadros de militantes, a notícia de possível envolvimento do Sr. Luís Antunes com o crime pegou a todos de surpresa, e causou grande perplexidade.
"Reafirmamos o que dissemos no dia 21 de julho de 2014, em frente à Delegacia Geral, em ato público que denunciava a morte de LGBTs como Makelly no Piauí: todos os crimes motivados por LGBTfobia sejam devidamente apurados e os culpados sejam punidos com todo o rigor da Lei."
REPÓRTER: Gil Oliveira - Direto da Delegacia de Homicídios
AUTOR: 180 GRAUS
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