Um feirante foi detido por desacato, no início da manhã de ontem, durante uma ação de fiscalização da Prefeitura de Fortaleza para impedir o comércio de ambulantes em locais proibidos perto da catedral, no Centro. Agentes da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) chegaram a utilizar bombas de efeito moral para dispersar feirantes que insistiam em expor os produtos nas calçadas e vias, mesmo com a presença de fiscais do Município. Ninguém se feriu.
A medida foi uma reação ao confronto registrado no último domingo, 26, quando comerciantes que tiveram produtos apreendidos depredaram seis veículos da Prefeitura e feriram cinco guardas. “Tão pensando que vai ser igual ao fim de semana! Hoje, aqui só tem homem! Não é menino, não! Vocês sabem que não pode e insistem. Agora é tolerância zero”, bradavam os guardas do Grupo de Operações Especiais (GOE) ontem ao receber indiretas e xingamentos de vendedores.
Desde cedo, por volta das 5 horas, fiscais e guardas se posicionavam em locais estratégicos, que costumam ser ocupados irregularmente, como a avenida Alberto Nepomuceno. No chão, em locais onde é proibido até mesmo estacionar, o asfalto estava demarcado com tinta, reservando o lugar de cada ambulante. Com sacolas volumosas nas costas, à espreita de uma oportunidade para vender as peças de confecção, eles circulavam pelo local e se queixavam da presença da guarda. “Não deixam ninguém trabalhar”, era comentário recorrente.
Em instantes, a aparente calmaria se transformava em alvoroço e gritos alertavam sobre abordagens repentinas. “Corre, corre. Sai, sai”. Tiros de bala de borracha eram disparados para o alto. De repente, tão rápido quanto começava, a confusão tinha fim. De resto, ficavam quatro ou cinco vendedores enfurecidos. “Levaram tudo! E agora, o que é que eu vou fazer?”, indagou um deles, com as mãos na cabeça. “Seus vagabundos!”, gritou um dos homens, que acabou detido por desacato.
Reclamações
Enquanto isso, agentes à paisana repassavam informações por rádio ou celular sobre os locais onde os vendedores estavam. “Essa ação deveria estar ocorrendo nos terminais de ônibus, dando segurança à população. Não somos bandidos. A Prefeitura tem que arrumar uma solução pra isso até outubro, quando nossas vendas aumentam. Porque a gente não vai sair daqui. E vai ter confusão”, disse o feirante Antônio Cláudio Santos, 42. “Eles têm que deixar a gente trabalhar, mesmo sob a vigilância deles. A gente só quer trabalhar. Essa é nossa única renda”, completou o vendedor Rafael Braga, 29.
O POVO entrou em contato, na tarde de ontem, com a assessoria de imprensa da Guarda Municipal, que realizou as apreensões e a detenção. Foi indicado que a reportagem procurasse a Secretaria Regional do Centro. A assessoria da pasta foi procurada no início da noite, mas a assessoria não deu retorno sobre a situação.
Saiba mais
Alguns feirantes se queixaram que estavam sendo impedidos de comercializar seus produtos até mesmo nas sacolas. “Se a gente abrir a bolsa, eles tomam”, contou uma das vendedoras, que preferiu não se identificar.
A tensão entre fiscais e feirantes durante a feira no entorno da Catedral é recorrente. No último dia 2 de julho, ambulantes denunciaram que guardas efetuaram tiros de bala de borracha e houve confusão no começo da manhã. Situação semelhante foi registrada no último domingo.
A realização da feira é permitida em dias e horários acordados entre comerciantes e a Prefeitura: das 19 horas da quarta até as 7 horas de quinta, e das 19 horas de sábado até as 11 horas de domingo. Além disso, locais como as calçadas da catedral e a avenida Alberto Nepomuceno não podem ser ocupados.
AUTOR: O POVO
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