“O que a gente sabe é que eles se organizam para a compra dessa droga, até porque é um investimento muito alto e de bastante risco. E, quando essa droga chega, eles fazem a divisão, de tanto para cada grupo. Isso, de fato, acontece. É como em um verdadeiro consórcio”, revela a titular da DCTD, Patrícia Bezerra.
“O controle que se exerce sobre as pessoas é muito mais efetivo. Existe uma divisão de tarefas onde o que determinado membro do grupo faz não é de conhecimento do restante. Cada um é responsável por sua missão, em cada área. Muitas vezes, quem faz o transporte da droga nem sabe o destino final. Enfim, há uma série de questões muito complexas. Cada grupo tem suas particularidades e maneira de atuar”, resume.
Apreensões
De janeiro a outubro deste ano, a quantidade de drogas apreendidas somente pela DCTD cresceu 230%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram recolhidas 3,3 toneladas de entorpecentes, enquanto o total apreendido em 2016 foi de 1,1 tonelada. A apreensão do crack aumentou 76,5% e de LSD e ecstasy, 42,2%.
A cocaína foi o único tipo de droga recolhida que registrou queda, de 46%. Já a quantidade de maconha retirada de circulação foi 241% superior a 2016. No total, foram recolhidos 3,2 toneladas da droga. Mesmo assim, conforme O POVO publicou ontem, isso não se traduziu numa redução de outros crimes, como homicídios e roubos.
Patrícia Bezerra defende, contudo, que não fossem as apreensões registradas, a situação estaria bem pior. “Dia desses, me perguntaram por que a gente continua trabalhando, se pegamos 100 kg de drogas e sabemos que no outro dia chegarão outros 500 kg. O que nos movia, se a gente estava enxugando gelo. Respondi que me faço essa pergunta quase todos os dias. Mas, com toda certeza, se a gente não pegasse esses 100 kg, seriam 600 kg. E se a gente não estivesse enxugando esse gelo, muito mais pessoas teriam se afogado”, desabafa.
Sobre o debate sobre a descriminalização das drogas, a delegada argumenta que, em tese, seria uma “boa alternativa”. Considera, porém, que o Brasil não tem “amadurecimento” para assumir esse risco. “As condições de desigualdade não permitem que, nesse momento, as drogas sejam descriminalizadas. Seria jogar gasolina numa fogueira. Talvez, daqui a algum tempo, com as coisas em outro patamar, com as instituições mais amadurecidas, seja uma boa opção”, comenta.
AUTOR: O POVO
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