A morte de Alana Beatriz do Nascimento Oliveira, de 25 anos, na casa de um empresário em Fortaleza, está sendo investigada sob sigilo pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE). Segundo os advogados da família da estudante, Daniel Queiroz de Souza e Raymundo Nonato da Silva Filho, não há indícios de tiro acidental.
A afirmação vai contra a tese da defesa do empresário do ramo de ensino de idiomas David Brito de Farias, representada pelo advogado Leandro Vasques. O empresário detém a posse de uma pistola e, segundo a defesa, o armamento disparou acidentalmente.
O advogado Daniel Queiroz concedeu entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares. "O que eu posso afirmar, por ora, é que há indícios de que não foi um disparo acidental, uma vez que o mesmo é praticante de tiro esportivo e ostenta armas de fogo nas redes sociais. Nessas páginas, que foram desativadas, ele informa que é um atirador assíduo", sustenta.
"Nós não acreditamos que a arma que ceifou a vida de Alana tenha apresentado defeito técnico, até porque as armas seguem um rigoroso padrão de teste para que possam ser retiradas da loja, mas isso será melhor relatado na perícia, que vai ou não atestar se a referida arma de fogo, de fato, deflagrou uma cápsula de munição sem que tenha sido acionada por um gatilho. Acreditamos que a arma não tinha qualquer defeito ou vício que pudesse disparar", completa o advogado.
Outro ponto rebatido pela família da estudante, acerca da tese apresentada por David, é de que o empresário não conhecia Alana. Segundo familiares, a jovem era ex-estudante do curso de idiomas o qual David é sócio-proprietário. "Estamos juntando documentos que comprovam que aquela versão que foi dada pelo David de que eles se conheceram na noite anterior não condiz com a verdade", aponta Daniel Queiroz.
Alana Beatriz foi encontrada morta, com um tiro na testa, na residência do empresário, localizada na Rua Moacir Alencar Araripe, bairro Engenheiro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, na tarde do último domingo (21). O empresário David Brito se apresentou à Polícia Civil, na última segunda-feira (22), para entregar a arma que efetuou o disparo e aparelho que armazenou as imagens captadas pelo circuito interno da residência. Após prestar depoimento, ele foi liberado.
VERSÃO DO EMPRESÁRIO
A defesa de David Brito de Farias, representada pelo advogado Leandro Vasques, conta que o empresário e a estudante se conheceram no último sábado (20), que estavam sob "absoluta harmonia sem qualquer rusga" e que o tiro aconteceu "acidentalmente", no momento em que a jovem pediu para ver a arma.
"Jamais houve, em momento algum, discussão ou conflito entre os dois, mesmo porque nada justificaria qualquer ato de violência contra Alana, pois haviam se conhecido há poucas horas, sendo relevante registrar que a arma é registrada e havia sido adquirida legalmente 8 dias atrás e jamais tivera sido utilizada, razão pela qual solicitamos da autoridade policial a submissão da arma a uma detalhada perícia técnica", alega.
Segundo Vasques, a arma é de um modelo que tem apresentado diversos episódios de problemas técnicos, que levam a disparos acidentais.
"A propósito, oportunamente iremos apresentar petição à Autoridade Policial para que a investigação examine de forma criteriosa, do ponto de vista técnico-científico, a mecânica da arma de fogo envolvida no infortúnio, tendo em vista os inúmeros e frequentes casos de acidentes por disparos acidentais envolvendo pistolas da mesma marca daquela pertencente legalmente ao nosso constituinte, muitos deles largamente noticiados na imprensa".
A defesa reforça que "juntamente com o nosso constituinte, estamos à inteira disposição da Autoridade Policial para colaborar com o avanço das investigações, de modo que o quanto antes todas as circunstâncias desse lamentável acidente sejam devidamente esclarecidas".
ABAIXO-ASSINADO
Amigos de Alana Oliveira criaram um abaixo-assinado para pedir por Justiça, no site Change, que já conta com mais de 7,4 mil assinaturas, até a publicação desta matéria. O documento será destinado ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), Ministério Público do Ceará (MPCE) e Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE).
Segundo o abaixo-assinado, Alana "não teve como se defender, uma vez que o tiro foi em sua testa. Isso não é tiro acidental, mas é um tiro para matar". O documento pede ainda que o empresário David Brito responda por feminicídio. Uma página foi criada no Instagram, também com o objetivo de pedir @justicaporalana.
"O abaixo-assinado, que já conta com mais de 7 mil assinaturas, não é de nossa autoria e nem passou pelo crivo do nosso escritório. Entretanto, somos favoráveis a todas as manifestações pacíficas, em especial, a luta pela justiça! Em pesquisa recente, através do renomado portal de notícias CNN, estudos apontam que, no Brasil, durante o ano de 2020, em média 5 mulheres foram vítimas de feminicídio, por dia", compara o advogado da família de Alana, Daniel Queiroz.
FONTE: DN
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