Desde 2016, o município de Tianguá (distante 319 km de Fortaleza) está passando por uma situação peculiar no que se refere a eleição de prefeitos. Isso porque em três anos, a população já viu nada menos que cinco nomes relacionados ao cargo máximo da cidade. Quatro deles chegando a efetivamente tomar posse.
Primeiro foi o do médico Luiz Menezes de Lima (PSD), eleito em 2016 com o seu vice, o empresário Aroldo das Topiques (PMB). Impedido pela Justiça Eleitoral logo após o pleito, quem foi declarado vencedor foi a chapa do segundo lugar, formada pelo empresário Jean Azevedo (PDT) e pelo médico Jaydson Saraiva (PTB). No entanto, Luiz conseguiu tomar posse em 1º de janeiro de 2017, amparado por uma liminar, tendo seu diploma cassado no ano seguinte.
Com isso, Valdeci Vieira (PR), presidente da Câmara dos Vereadores, assumiu interinamente até a realização de eleições suplementares (em junho de 2018), as quais elegeram Jaydson Saraiva (PTB) e o vice Mardes Ramos de Oliveira (PP).
Como Jaydson também teve o diploma cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) em virtude da Lei da Ficha Limpa, quem assumiu na tarde de ontem, 12, interinamente, foi o presidente da Câmara, o vereador Francisco Cléber Fontenele. O Tribunal Superior Eleitoral (TESE) definirá posteriormente a data das novas eleições.
"Essa situação de Tianguá é uma aberração", diz Nilson Alves Diniz, presidente da Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece).
"Do ponto de vista administrativo, essas interrupções são prejudiciais para a população porque leva instabilidade política, já que há constante troca de gestores, equipes e programas. Importante ressaltar que não estamos colocando a Justiça em xeque, pois a lei é para todos, mas lamentamos que a legislação que temos dê brecha para que essas candidaturas problemáticas depois criem dificuldades", complementa Nilson Diniz.
Para Olavo Paulo Gomes, coordenador da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Tianguá, a instabilidade política tem prejudicado também a economia local. "Há parcerias importantes com a prefeitura que estão paralisadas e que poderiam ajudar a melhorar a situação do comércio local, que atualmente está praticamente parado", aponta.
Com a troca de prefeitos, alguns secretários também têm sido substituídos a cada posse e cassação. No caso da pasta da Saúde, as mudanças já estão sendo percebidas no atraso de contratação de profissionais para a saúde básica, na realização de licitações para compra de medicamentos e na falta de reajuste de salários — alguns congelados há mais de 10 anos, segundo Graciele Tomaz Farrapo, presidente da Associação dos Agentes Comunitários de Saúde de Tianguá.
"Quem acaba sendo prejudicada nessa situação é justamente o elo mais fraco, ou seja, o povo. Por outro lado, a culpa também é da população, que insiste em votar em candidatos que concorrem amparados por liminares da justiça", pontua.
AUTOR: O POVO
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