Mãe chora diante do filho morto, uma rotina da guerra do tráfico na periferia de Fortaleza
Faltando ainda 72 dias para o fim de 2017, o Ceará chegou, na noite desta quinta-feira (19), à marca de quatro mil Crimes Violentos, Letais e Intencionais, os CVLIs, como assim denominam as autoridades os casos de homicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais que resultam em óbito. Com uma média diária de 15 casos, o estado poderá terminar o ano com o número recorde de 5.080 pessoas vítimas de assassinato, conforme projeção matemática.
Com o registro de 299 assassinatos em apenas 18 dias, o mês de outubro de 2017 já apresenta, mesmo incompleto, um aumento da ordem de 7,5 por cento em relação ao mês de outubro de 2016 completo, que teve o registro de 278 casos.
E com os 299 crimes ocorridos entre os dias 1º e 19 últimos, o estado chegou aos 4.001 homicídios no ano, faltando apenas 18 casos para se igualar às taxas de 2015, quando foram totalizados 4.019 CVLIs, de acordo com a estatística oficial da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Nas últimas 24 horas, ao menos, 16 pessoas foram mortas no estado, sendo a maioria nas ruas de Fortaleza e da sua região metropolitana. A guerra entre as facções criminosas tem sido a responsável pela elevação desenfreada dos índices de assassinatos no estado, avaliam as autoridades.
Guerra e crueldade
De acordo com os dados estatísticos divulgados pela SSPDS até o mês de setembro, a Capital cearense é, entre as três pesquisadas (Fortaleza, região metropolitana e interior) e a que apresenta o maior volume de assassinatos. Nos nove primeiros meses deste ano, nada menos, que 1.433 pessoas foram mortas nas ruas da cidade. E, em sua maioria absoluta, com o uso de armas de fogo.
Em seguida, vem o Interior, com o registro 924 crimes de morte. E em terceiro, a Região Metropolitana da Capital com 924 casos.
Nos últimos dois meses, a violência ganhou um componente ainda mais grave no quadro da insegurança no estado: os assassinatos com requintes de crueldade determinados pelas facções criminosas. Vítimas da rivalidade entre os grupos são seqüestrados e submetidos a torturas e depois eliminados de forma grotesca. Assim, a Polícia tem registrado quase que diariamente casos de achados de cadáveres decapitados, esquartejados, carbonizados ou apresentando outras formas de crueldade.
AUTOR: FERNANDO RIBEIRO
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