A Polícia Civil realizou, na noite desta quinta-feira (31), a reconstituição do dia em que a empresária Jamile de Oliveira Correia foi baleada, fato que resultou na morte dela, um dia depois, no hospital. A fase da investigação ocorreu no apartamento onde Jamile morava, no Bairro Meireles, em Fortaleza. A intenção é ajudar a esclarecer se o disparo foi efetuado por ela mesma ou pelo namorado, o advogado Aldemir Pessoa Junior.
A simulação da noite do disparo iniciou às 21 horas e durou cerca de duas horas e meia. A reconstituição aconteceu sem a presença de Aldemir, que foi representado por advogados. A iniciativa buscou reproduzir condições semelhantes às do momento em que Jamile foi atingida.
A empresária foi baleada em 29 de agosto. A arma foi disparada durante uma discussão com o namorado no closet do apartamento de luxo onde morava. Aldemir Pessoa Júnior afirma que Jamile se matou com um tiro no peito. Ele passou a ser investigado por suspeita de feminicídio após a família da empresária afirmar que o namorado tem interesse na herança da vítima. Semanas antes de morrer, Jamile havia assinado uma procuração autorizando o namorado a administrar a herança que ela havia recebido do marido, morto em um acidente de trânsito em 2017.
Ausência do suspeito
Ausência do suspeito
RECONSTITUIÇÃO DO CASO JAMILE - COM REPORTAGEM DE RIBAMAR SOARES
O não comparecimento do principal suspeito do caso causou descontentamento aos familiares da vítima. O advogado da família de Jamile, Flávio Jacinto, classificou o ato como desrespeito. "Sua ausência demonstra o desprezo que ele tem sobre o fato em si e o desrespeito à apuração dos fatos. Até porque essa era a grande oportunidade dele vir provar o que falou no inquérito", afirma.
A simulação contou com a participação da Polícia Civil, Polícia Militar, o promotor que atua no caso, os advogados das duas partes, agentes da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), profissionais da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e do filho de Jamile, um adolescente que estava no apartamento no dia em que a empresária foi baleada.
Inconsistência
A partir do cenário montado pela polícia, foi possível constatar que Jamile estava na parte de dentro do closet, de costas para um espelho, enquanto Aldemir estava na frente dela, mais próximo à porta do cômodo. Uma das inconsistências apontadas pelos investigadores é a alegação de Aldemir de que o adolescente estava ao lado dele, na porta do closet, enquanto a empresária estava com a arma. Porém, a largura do cômodo demonstrou que não teria como duas pessoas ficarem lado a lado no local.
A delegada responsável pelo caso, Socorro Portela, afirmou ao fim da simulação que não descarta pedir a prisão preventiva de Aldemir. "Existe a possibilidade de ser renovado o pedido de prisão do Aldemir. Um dos motivos seria para garantir a ordem pública e outros motivos que serão apreciados na leitura do relatório final".
Conforme Socorro Portela, o prazo de conclusão do inquérito policial é de 30 dias, o que deverá coincidir com o prazo para o perito apresentar o laudo do caso, que será inserido no relatório final.
Agressão antes do tiro
Empresária morreu com um ferimento à bala em Fortaleza; polícia investiga o caso como homicídio e namorado é o principal suspeito. Foto: Arquivo pessoal
As investigações apontam que Jamile foi agredida por Aldemir no estacionamento do prédio, dentro do carro, antes de subir ao apartamento onde ocorreu o disparo.
Jamile chegou a ser socorrida e levada pelo filho, de 14 anos, e Aldemir, ao Instituto Doutor José Frota (IJF), mas morreu na manhã do dia 31 de agosto. Além de baleada, Jamile apresentava hematomas no rosto.
A bala que atingiu a empresária saiu da pistola Taurus de modelo PT 938, pertencente a Aldemir, conforme constatou o laudo pericial da arma.
"O projétil PC01, referente ao corpo de Jamile de Oliveira Correia, ao ser comparado com os padrões da Pistola Taurus (PT) 938 Nº KWE70022, mostrou-se convergente nos elementos de ordem específica que são, por excelência, individualizadores neste tipo de exame, tais como micro e macro estriamentos e derivações dextrógiras e sinistrógiras de linhas essenciais ao confronto, concluindo os técnicos que o projétil PC01 percorreu o cano da arma de fogo examinada", informa o documento.
Médicos não acreditam em suicídio
O médico que realizou a cirurgia de Jamile foi ouvido pela polícia no 2º Distrito Policial nesta sexta-feira (11). Ele afirma que não havia sinais de queimadura, comumente deixados pela arma quando o tiro é disparado encostado na pele.
Outros médicos que atenderam a empresária e funcionários do IJF também foram ouvidos nesta terça-feira (8). Conforme os depoimentos, eles afastaram a possibilidade de suicídio.
Em relação a um hematoma no olho de Jamile, a vítima contou ao médico que teria sido causado por uma queda.
Uma anestesista que atendeu Jamile ainda com vida relatou que a empresária reclamava de "muita dor". A profissional verificou, ainda, que não havia queimadura ao redor do orifício do projétil, e, por isso, "o tiro não foi encostado" no corpo da vítima, como ocorre normalmente em casos de suicídio.
Consta também no depoimento a afirmação da anestesista de que "quando viu a paciente, em nenhum momento pensou que havia sido uma tentativa de suicídio", já que o comportamento de Jamile não corresponde a esse tipo de caso. "O perfil de pacientes que dão entrada no hospital por esse motivo se dá por pulos, ingestão de medicamentos ou tiro na cabeça".
O outro médico, por sua vez, contou que "somente na borda do orifício de entrada estava um pouco esfumaçado", não conseguindo identificar a distância do disparo. Colocou ainda que a lesão no olho da paciente era similar a uma agressão física.
AUTOR: G1/CE
O não comparecimento do principal suspeito do caso causou descontentamento aos familiares da vítima. O advogado da família de Jamile, Flávio Jacinto, classificou o ato como desrespeito. "Sua ausência demonstra o desprezo que ele tem sobre o fato em si e o desrespeito à apuração dos fatos. Até porque essa era a grande oportunidade dele vir provar o que falou no inquérito", afirma.
A simulação contou com a participação da Polícia Civil, Polícia Militar, o promotor que atua no caso, os advogados das duas partes, agentes da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), profissionais da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e do filho de Jamile, um adolescente que estava no apartamento no dia em que a empresária foi baleada.
Inconsistência
A partir do cenário montado pela polícia, foi possível constatar que Jamile estava na parte de dentro do closet, de costas para um espelho, enquanto Aldemir estava na frente dela, mais próximo à porta do cômodo. Uma das inconsistências apontadas pelos investigadores é a alegação de Aldemir de que o adolescente estava ao lado dele, na porta do closet, enquanto a empresária estava com a arma. Porém, a largura do cômodo demonstrou que não teria como duas pessoas ficarem lado a lado no local.
A delegada responsável pelo caso, Socorro Portela, afirmou ao fim da simulação que não descarta pedir a prisão preventiva de Aldemir. "Existe a possibilidade de ser renovado o pedido de prisão do Aldemir. Um dos motivos seria para garantir a ordem pública e outros motivos que serão apreciados na leitura do relatório final".
Conforme Socorro Portela, o prazo de conclusão do inquérito policial é de 30 dias, o que deverá coincidir com o prazo para o perito apresentar o laudo do caso, que será inserido no relatório final.
Agressão antes do tiro
As investigações apontam que Jamile foi agredida por Aldemir no estacionamento do prédio, dentro do carro, antes de subir ao apartamento onde ocorreu o disparo.
Jamile chegou a ser socorrida e levada pelo filho, de 14 anos, e Aldemir, ao Instituto Doutor José Frota (IJF), mas morreu na manhã do dia 31 de agosto. Além de baleada, Jamile apresentava hematomas no rosto.
A bala que atingiu a empresária saiu da pistola Taurus de modelo PT 938, pertencente a Aldemir, conforme constatou o laudo pericial da arma.
"O projétil PC01, referente ao corpo de Jamile de Oliveira Correia, ao ser comparado com os padrões da Pistola Taurus (PT) 938 Nº KWE70022, mostrou-se convergente nos elementos de ordem específica que são, por excelência, individualizadores neste tipo de exame, tais como micro e macro estriamentos e derivações dextrógiras e sinistrógiras de linhas essenciais ao confronto, concluindo os técnicos que o projétil PC01 percorreu o cano da arma de fogo examinada", informa o documento.
Médicos não acreditam em suicídio
O médico que realizou a cirurgia de Jamile foi ouvido pela polícia no 2º Distrito Policial nesta sexta-feira (11). Ele afirma que não havia sinais de queimadura, comumente deixados pela arma quando o tiro é disparado encostado na pele.
Outros médicos que atenderam a empresária e funcionários do IJF também foram ouvidos nesta terça-feira (8). Conforme os depoimentos, eles afastaram a possibilidade de suicídio.
Em relação a um hematoma no olho de Jamile, a vítima contou ao médico que teria sido causado por uma queda.
Uma anestesista que atendeu Jamile ainda com vida relatou que a empresária reclamava de "muita dor". A profissional verificou, ainda, que não havia queimadura ao redor do orifício do projétil, e, por isso, "o tiro não foi encostado" no corpo da vítima, como ocorre normalmente em casos de suicídio.
Consta também no depoimento a afirmação da anestesista de que "quando viu a paciente, em nenhum momento pensou que havia sido uma tentativa de suicídio", já que o comportamento de Jamile não corresponde a esse tipo de caso. "O perfil de pacientes que dão entrada no hospital por esse motivo se dá por pulos, ingestão de medicamentos ou tiro na cabeça".
O outro médico, por sua vez, contou que "somente na borda do orifício de entrada estava um pouco esfumaçado", não conseguindo identificar a distância do disparo. Colocou ainda que a lesão no olho da paciente era similar a uma agressão física.
AUTOR: G1/CE
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