MENINO MORTO NO TRÂNSITO FOI USADO COMO ESCUDO

Família do pequeno Welton lembra que ele era um menino esforçado e queria crescer com o trabalho.

Um menino cheio de sonhos e desde pequeno já com a visão empreendedora foi assassinado com dois tiros na manhã do último sábado, na Ladeira do Óleo, no bairro de Cruz das Almas, em Maceió. Weldson da Conceição, de 10 anos, saiu com seu pai naquele dia, como fazia em todos os outros, para catar latinhas, ferros e comida para os porcos, mas não esperava que uma simples carona dada no meio do caminho fosse tirar a sua vida.

O pai de Weldson, Joeliton Santos, conta o desespero que passou ao ver seu filho estirado no chão, já sem vida, naquele sábado. Ele disse que parou na ladeira para ajudar outro carroceiro e seu filho seguiu conduzindo sua carroça. Neste meio tempo, encontrou uma pessoa que seria seu cunhado identificado pelo pré-nome Erickson, e de apelido "Ninho", casado com sua irmã mais velha, e deu carona a ele. Segundo populares, este cunhado teria assassinado um bebê de oito meses, praticado assaltos e envolvimento em vários roubos.

Cunhado de Weldson seria o alvo dos criminosos

“Ele sentou do lado do meu filho e não vi mais nada, porque estava na carroça da frente. Disseram-me que foi um carro Celta, de cor prata, com quatro homens dentro, que fez isto com meu filho. As balas não eram para ele e, sim, para o carona [genro de Joeliton]”, revelou o pai do menino.

A mãe da criança, Gilvânia Ana da Conceição, não parecia acreditar no que estava acontecendo. Ela, que é mãe de cinco filhos, disse que a perda e a dor que sente são incalculáveis, e lamentou que a violência esteja tomando conta do Estado de Alagoas. “Meu menino era muito trabalhador, não fazia mal a ninguém, estudava e tinha vontade de crescer na vida. Ele criava porco, plantava melancia, macaxeira e abóbora para vender e ajudar a gente”, lembrou, em tom de revolta, dona Gilvânia.

O pai de Weldson frisou que gastou o que não tinha para pedir justiça pela morte do filho. Ele disse que percorreu delegacias durante todo o domingo, e o que ouvia eram “nãos” sequenciais. “Os policiais das delegacias que procurei disseram não poder fazer nada, que eu tinha que dizer quem foram as pessoas, como foi o crime, qual era o carro, as pessoas de dentro, enfim, como eu iria saber, meu Deus?”, questionou seu Joeliton. 

“Só sei que a bala que atingiu o coração do meu filho não era para ele, mas sim para o carona que ele transportava”, emendou. “Estão dizendo que foi uma briga de trânsito e não foi nada disso. Eu estava com meu filho catando ferro, latinha e lavagem para dar aos porcos. Lamentavelmente, ele deu carona a carona que trouxe a sua morte”, destacou.

Weldson faria aniversário na próxima sexta-feira. Ele morava com seus pais na Grota do Arroz. Sua irmã de 14 anos mora com "Ninho" e espera um filho dele. O caso será investigado pelo delegado Nivaldo Aleixo, do 6º Distrito Policial, na Cruz das Almas.
FONTE: TRIBUNA HOJE