Foram importados cerca de 80 receptores de rádio - instalados em Niterói, Petrópolis e São Paulo -, especialmente para a ocasião. O transmissor foi instalado no alto do Corcovado pela companhia americana Westinghouse. Era 7 de setembro de 1922, quando o discurso do então presidente Epitácio Pessoa – feito durante a Exposição do Centenário da Independência, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro - marcou a primeira transmissão oficial de rádio no Brasil. Em 1919, um grupo de amadores já tinha conseguido realizar experiências por radiotelegrafia, mas o que entrou para a história foi o discurso oficial. Perto de completar 90 anos no Brasil, o rádio passou inúmeras mudanças, mas se mantém na linha de frente dos veículos de comunicação mais populares do País.
Com um grande poder de mimetizar hábitos, tecnologias e costumes que vão mudando cada vez mais vertiginosamente, o rádio no Brasil se aproxima de seu centenário com fôlego de jovem e mil facetas. Continua sendo pano de fundo das rotinas domésticas no velho e bom aparelho de AM e FM: 87,9% das casas têm um rádio segundo a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). O aumento da frota de carros e o trânsito cada vez mais caótico das metrópoles também lhe fizeram bem. Ainda segundo a Abert, 80% da frota está equipada com um aparelho de rádio – enquanto nos últimos cinco anos, o conteúdo sobre trânsito cresceu 11% na AM e 19% na FM.
Mas a revolução maior veio com o formato MP3. A portabilidade do rádio hoje não tem mais limites. Os celulares não são só receptores de rádios AM e FM - quase 40% dos aparelhos têm esse recurso -, também guardam os chamados podcasts, programas de rádio baixados por computador para se ouvir onde e quando convier. As infinitas possibilidades não se anulam, convivem. “Depois da febre de baixar música, as pessoas estão voltando para o rádio. No carro e no celular, elas querem se informar também, ouvir um comentário, ver as notícias do dia. Pulam de uma rádio para outra, botam uma música do MP3, voltam para a AM para ver uma notícia sobre o trânsito”, diz Magaly Prado, especialista em rádio e autora de História do rádio no Brasil.
O estudante de jornalismo Wanderley Neves, 22, sintetiza as mudanças desse início de século XXI. Cresceu com o radinho da faxineira sintonizado em programas populares, descobriu o pop rock nas FMs, foi para a internet atrás de mais músicas dos artistas de que gostava, passou a ouvir notícias pela AM depois de entrar na faculdade e hoje domina o universo infinito e super segmentado das webradios e podcasts. Pelo celular, com um fone de ouvido, anda a pé e de ônibus ouvindo música, noticiário e programas jornalísticos que seleciona previamente.
“De uns anos pra cá comecei a ouvir mais música clássica e descobri muitas webradios bem específicas. Você pode ouvir só musica daquele tal período, de tal compositor, as mais famosas”, conta. Outro programa que acompanha é o Radio Lab, um podcast americano sobre ciência. “É muito bem produzido, você nem sente que é ciência. O poder da palavra falada, sem imagem, de te proporcionar uma experiência tão rica me deixa maravilhado”, diz com entusiasmo de fã. Depois da adolescência, a mesmice das FMs o afastou das rádios musicais. A única que ele ainda escuta é a Rádio Senado que “toca música brasileira boa”.
A aposentada Norma Jucá, 66, reencontrou o hábito de ouvir rádio depois do casamento e quase sempre sintoniza em emissoras AM. Na caminhada do início da manhã, escuta um programa de notícias, engrossando o percentual de moradores de Fortaleza que costumam ouvir noticiários pelo rádio - 35%, de acordo com dados de uma pesquisa do Ibope divulgada em 2011. À tarde, no carro, dá preferência aos programas sobre futebol. Lá para meia noite, num horário de insônia, ouve um programa musical intercalado de comentários sobre política e assuntos que estiveram na pauta do dia.
“Gosto de ouvir os comentaristas. Pela voz, já sei quem são”, conta. Apesar das inovações de ordem técnica, a intimidade entre ouvintes, locutores e comentaristas é algo que nunca mudou ao longo desses 90 anos de rádio no Brasil, comemorados no próximo dia 7 de setembro. No dial ou no player de MP3, o rádio faz companhia, tem aura de amigo antigo, reforçada pela oralidade. Não à toa, muito antes de a onda da interatividade passar a imperar nos veículos de comunicação, o rádio já mantinha, sem grande esforço, contato com seu público. Wanderley estagiou na Rádio O POVO/CBN (Am 1010) e lembra do retorno praticamente imediato dos ouvintes. “O programa estava no ar e o telefone tocava loucamente, cheio de gente querendo tirar dúvida, comentar, dar opinião. O rádio ainda é o mais rápido na hora de dar a notícia. Na internet, ainda tem o esforço de escrever. No rádio o repórter liga e fala. Rádio é apaixonante”. Quem ouve (e quem faz rádio) diz mesmo que vicia.
Fundação da Ceará Rádio Clube
1931
RADIOFONIA PIONEIRA
No Ceará, o rádio chegou nove anos depois da primeira transmissão brasileira. No dia 28 de agosto de 1931, João Dummar fundou a Ceará Rádio Clube, semente da futura PRE-9.
Multimídia
Na TV O POVO (UHF 48, NET 23, TV Show 11), o programa Grande Debate dessa segunda-feira vai tratar dos 90 anos do rádio no brasil. O programa vai ao ar às 19h.O programa é apresentado pelo jornalista Ruy Lima.
82%
GÊNEROS O QUE OUVEM
92% Música; 49% Noticiários; 34% Informações de trânsito; 32% Notícias do tempo; 29% Notícias policiais; 24% Entrevistas / Programas falados; e 22% Esporte (fonte: Abert)
Fortalezenses que ouvem notícias pelo rádio
35%
CELULARES RÁDIOS
No final de 2010, havia 202,9 milhões de aparelhos celulares no Brasil, 36% equipados com aparelhos de rádio. Quase 75 milhões de receptores de rádio.
FONTE: O POVO
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