Todos os PMs foram inocentados pelo crime de tráfico de drogas Foto: Reprodução
Três policiais militares foram condenados por extorquir uma vítima em Fortaleza. Somadas, as penas chegam a 23 anos de prisão, a serem cumpridos inicialmente em regime semiaberto.
Conforme documentos obtidos pela reportagem, o trio de agentes teria tentado forjar um flagrante por tráfico de drogas. Foram sentenciados na Vara da Auditoria Militar do Ceará, por extorsão qualificada: Erinaldo Lopes da Costa Gonçalves, Lúcio Iago Lima Teixeira e Rômulo Cacau de Lima.
Todos os PMs foram inocentados pelo crime de tráfico de drogas, porque a Justiça entendeu que as provas eram insuficientes acerca deste crime. As defesas deles não foram localizadas pela reportagem. Já nos autos, os advogados se posicionaram recorrendo da decisão.
'DOLO DE MAIOR INTENSIDADE'
Segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), em fevereiro de 2017, Erinaldo Lopes estava no comando de uma viatura e, junto a sua composição, abordou um homem que estava em um veículo modelo Celta "tendo no momento da revista pessoal, subtraído o montante de R$ 1.2000 da carteira do abordado, ocasião em que passou a aterrorizar a vítima, sob a alegação de que o mesmo 'estava fudido'" (sic).
A vítima disse ter ficado desesperada e fugido "disparando em desenfreada carreira, mas foi logo alcançado pela guarnição que estava sob o comando do incriminado, tendo os policiais imobilizado o rapaz, algemando-o e pondo-o no assento traseiro do Celta".
"Perceberem que estavam sendo observados, os militares foram para outro lugar, ou seja, um matagal situado na Favela do Rato, e disseram à vítima que ela não precisava ter agido daquela forma, pois eles só estavam em busca de dinheiro, ocasião em que o denunciado (PM Erinaldo) retirou uma certa quantidade de drogas de seu colete e afirmou a vítima que o iria conduzir a uma delegacia para a lavratura do flagrante. A vítima, então, se apavorou e pediu para que não fizesse aquilo contra ele"
MPCE
A vítima teria levado um tapa na cara e uma coronhada na cabeça. Depois foi abandonado no matagal.
Chegando em casa, a vítima denunciou a ocorrência e o PM Erinaldo foi abordado, em posse de algumas gramas de maconha e algumas pedras de crack dentro de seu colete, sendo então preso em flagrante, de acordo com o MP.
"Na delegacia, o militar autuado afirmou que os demais integrantes da guarnição (dois soldados) não sabiam da existência do dinheiro e a quantia reclamada pela vítima não foi encontrada pelos policiais que fizeram a abordagem", acrescentou a acusação também denunciando a dupla.
Para o MP, "os réus agiram com dolo de maior intensidade, levando a vítima para local ermo, privando por alguns momentos de sua liberdade, com prejuízo material efetivo. Destaco que Lopes era comandante da composição".
Erinaldo foi o que recebeu a maior pena, de oito anos e oito meses de prisão. Já Lúcio e Rômulo tiveram pena de sete anos e quatro meses, cada.
Nos documentos obtidos pela reportagem, os réus alegam que realizaram uma ação padrão "seguindo o procedimento operacional da tropa, com abordagem e as buscas necessárias. Aduzem, ainda, que somente fizeram a abordagem, pois o homem estava em local suspeito, por conta do horário e por ser uma rua escura. Salientaram que o abordado fugiu e começou a gritar, sendo alcançado".
FONTE: DN
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