A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, disse na tarde desta quarta-feira (5) que o número de mortos no ataque na cidade de Khan Sheikhoun, na Síria, supostamente a gás, subiu de 72 para 86. Entre os mortos, há 30 crianças e 20 mulhres, indica a ONG.
O ataque foi tema de uma reunião de emergência realizada nesta quarta no Conselho de Segurança da ONU, em que os embaixadores adiaram a votação de uma resolução, apresentada por Reino Unido, França e Estados Unidos, que pede uma investigação "exaustiva" no local. A Rússia, firme aliada do governo de Bashar al-Assad, afirmou que o texto era "categoricamente inaceitável". O país tem poder de veto no Conselho, podendo barrar a resolução.
Na terça, um grupo de assistência médica na Síria havia divulgado o número de mais de 100 mortos e 400 feridos. A informação é da União das Organizações de Cuidados Médicos, uma coalizão de agências internacionais de socorro que ajuda hospitais na Síria e que é parcialmente baseada em Paris.
A Inteligência dos Estados Unidos, a Organização Mundial da Saúde e a ONG Médicos sem Fronteiras afirmam que evidências iniciais apontam para o uso de gás no ataque. A administração Trump e outras autoridades internacionais - como do Reino Unido e da França - acusam o governo da Síria de ser o responsável pelo bombardeio, alegação que o Exército sírio nega.
A Rússia, aliada da Síria no conflito, afirma que o gás tóxico foi vazado quando aviões da Síria bombardearam uma fábrica de munição dos rebeldes.
Todos os integrantes do Conselho de Segurança da ONU condenaram o uso de armas químicas, mas não chegaram a um consenso sobre o responsável pelo ataque, com o representante russo citando o suposto vazamento de gás de uma fábrica.
"Na terça-feira, das 11h30 às 12h30 do horário local, a aviação síria realizou um ataque a um grande depósito de munições dos terroristas e a uma concentração de equipamentos militares nos arredores do leste da cidade de Khan Sheikhoun", informou o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konoshenkov.
"No território do depósito havia oficinas que produziam munições de guerra química", destacou Konoshenkovm acrescentando que as munições químicas foram usadas pelos rebeldes em Aleppo no ano passado.
O embaixador sírio na ONU disse que o país não tem armas químicas, que nunca as usaram e nunca irão usar.
EUA ameaçam ação unilateral
Durante a reunião, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, ameaçou com uma ação unilateral dos EUA caso a ONU não responda de forma adequada ao incidente. "Quando as Nações Unidas fracassam consistentemente em sua tarefa de atuar de forma coletiva, há momentos na vida dos estados em que nos vemos impulsionados a atuar por conta própria", declarou.
A representante americana pediu que a Rússia faça valer sua influência sobre o governo sírio. "Quantas crianças mais terão que morrer antes de a Rússia agir?", perguntou.
Enquanto a comunidade internacional acusa Assad pelo suposto ataque, a Rússia considera "inaceitável" o projeto de resolução. "O texto apresentado é categoricamente inaceitável. Seu defeito é antecipar os resultados da investigação e assinalar culpados", afirmou a porta-voz do ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova.
"Aqui estamos falando de crimes de guerra, crimes de guerra em grande escala, crimes de guerra com armas químicas", criticou o embaixador francês, François Delattre, em declarações a jornalistas ao entrar na reunião.
Votação adiada
A votação da resolução foi adiada, e não foi dito quando ela poderia ocorrer. De acordo com o jornal "New York Times", os embaixadores sinalizaram que era improvável que a votação ocorresse ainda nesta quarta-feira.
O projeto de resolução pede que um painel conjunto da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e da ONU investigue o ataque, realizado na manhã de terça-feira no povoado de Khan Sheikhun.
O texto, visto pela agência AFP, convoca a Síria a entregar os planos e registros de voo, além de outras informações, de suas operações militares no dia do ataque.
Além disso, pede que Damasco forneça os nomes de todos os comandantes de esquadrões de helicópteros aos investigadores da ONU e permita que se reúnam com generais e outros oficiais de alto escalão, indica o projeto de resolução.
Também prevê que a Síria permita que as equipes da ONU e da OPAQ visitem suas bases aéreas, das quais os ataques com armas químicas podem ter sido lançados.
'Afronta horrível à humanidade'
Em coletiva de imprensa na Casa Branca, o presidente americano Donald Trump condenou fortemente o ataque na Síria, afirmando que ele mudou sua opinião sobre Bashar al-Assad. Trump disse que o ataque foi 'afronta horrível à humanidade' e é inaceitável.
"Suas mortes são uma afronta à humanidade. Estes atos de ódio [cometidos] pelo regime de Assad não podem ser tolerados", acrescentou o presidente, sem dar detalhes de quais atitudes poderiam ser tomadas pelos EUA.
Trump disse que sua "postura em relação à Síria e a Assad mudou". "Agora estamos falando de outro nível, completamente diferente". "O que aconteceu é inaceitável para mim".
AUTOR: G1
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