As transferências acontecem após a rebelião nos Centros Educacionais São Francisco e São Miguel, no bairro Passaré, na última sexta-feira, 6. As unidades ficaram completamente destruídas.
De acordo com a STDS, após a rebelião, os 350 jovens foram inicialmente encaminhados para duas escolas - na Praia do Futuro e na Messejana, mas não podiam ser mantidos nestes locais devido à retomada das aulas nesta segunda-feira e também por questões de segurança.
No sábado, o Governo do Estado identificou as duas unidades (entre elas, o prédio do Salesiano Dom Lustosa) e negociou para que as transferências ocorressem ainda no fim de semana, com o apoio da Justiça e da Polícia Militar. A STDS afirma que as mães dos internos foram comunicadas das medidas.
Ainda conforme a pasta, que coordena os centros socioeducativos, esses locais vão abrigar os adolescentes provisoriamente, até que sejam concluídas as reformas no Cardeal Dom Aluísio Lorscheider (Cecal) e Patativa do Assaré (obra sendo finalizada). O Governo acrescenta que também estão previstas reformas no Dom Bosco e Passaré, além do São Miguel, cujo reparo já estava previsto.
Medidas
Nesta segunda-feira, 9, o Governo vai apresentar o Plano de Estabilização do Sistema Socioeducativo cearense. Uma das medidas que deve ser reforçada é a criação da Central de Gerenciamento de Vagas (CGV).
Com essa proposta, aliada à determinação da Justiça de suspensão por 90 dias de internação de jovens infratores na Capital, a STDS explica que, além de evitar a superlotação de algumas unidades de Fortaleza, busca reforçar e garantir o direito à adoção de medidas em meio aberto, de liberdade assistida ou semiliberdade para jovens que cometem delitos leves, no próprio município de domicílio.
Crise no sistema socioeducativo
Durante a rebelião, Márcio Ferreira do Nascimento, 17, um dos adolescentes baleados, passou por cirurgia mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, na noite de sexta, às 21h15min. Já o outro adolescente também baleado e levado ao hospital recebeu alta e foi reencaminhado aos cuidados da secretaria.
A rebelião dos centros no Passaré foi definida pelo juiz titular da 5ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza, Manuel Clístenes, como "a pior do ano". Dois dias antes da rebelião no São Francisco e o São Miguel, as unidades receberam a visita de integrantes do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Um relatório sobre a situação do sistema será elaborado e enviado ao Governo do Estado.
A estimativa do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) é que, entre 2014 e 2015, tenham acontecido mais de 50 rebeliões nas unidades do Estado e fuga de mais de 250 adolescentes. As principais causas apontadas são superlotação, supostas sessões de tortura e problemas estruturais.
Diante da crise no sistema socioeducativo no Ceará, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, enviará um assessor ao Estado para acompanhar a situação.
AUTOR: O POVO
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