Veículos de empresas provedoras de internet foram incendiados, em Fortaleza e Caucaia, nos meses de fevereiro e março deste ano Foto: Reprodução
Os ataques criminosos promovidos pela facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV) contra provedores de internet, no Ceará, para ditar quais serviços a população pode utilizar, continuam a prejudicar empreendedores e clientes, mesmo após uma operação policial e a prisão de 27 suspeitos. Uma empresa decidiu fechar as portas, enquanto clientes de outra provedora estão sem internet há cerca de 15 dias.
A empresa GPX Telecom teve a sede invadida e equipamentos destruídos por criminosos, na Rua José de Alencar, no bairro Parque Soledade, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na madrugada da última segunda-feira (17).
Após o ataque, a provedora anunciou, nas redes sociais, o encerramento das atividades: "Ao longo de nove anos, desde 2016, tivemos a honra de servir com dedicação e alegria os bairros Parque Soledade, São Gerardo e Ponte Rio Ceará. Infelizmente, em meros 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto esforço e comprometimento, levando-nos a tomar a difícil decisão de encerrar nossas operações".
O comunicado foi confirmado pela reportagem, em contato com a empresa, nesta quinta-feira (20). "Esse triste episódio evidencia a fragilidade da segurança em que vivemos nos nossos dias atuais, onde o trabalho árduo de anos pode ser destruído em questão de minutos. Sempre priorizamos a qualidade e a legalidade em nossos serviços, e somos imensamente gratos pela confiança que vocês depositaram em nós ao longo dessa jornada. Esperamos por justiça diante dessa situação alarmante que afeta a todos nós. Agradecemos sinceramente a cada um de vocês pelo apoio e pela compreensão", conclui o texto.
Questionada sobre o ataque à loja e o fechamento da empresa, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) respondeu que "a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), apura as circunstâncias do fato. A PCCE ressalta a importância do registro de Boletim de Ocorrência (BO) para que possam ser repassadas mais informações que auxiliem as investigações".
A SSPDS reforça que, seguindo diretriz do Governo do Ceará, as Forças de Segurança do Estado já capturaram 27 pessoas suspeitas de envolvimento com ataques a provedoras de internet. As capturas ocorreram por força de mandados de prisão e em termos flagranciais. Durante os trabalhos policiais, veículos, diversos aparelhos celulares, armas e munições também foram apreendidos. As diligências seguem em andamento."
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará
Em nota
Sem internet há duas semanas
Clientes da operadora Giga+ procuraram o Diário do Nordeste para denunciar que estão sem internet há cerca de 15 dias, nos bairros Farias Brito e Jacarecanga, em Fortaleza. Eles acreditam que o problema no serviço é uma consequência dos ataques promovidos pelo crime organizado.
Um morador da Avenida José Jatahy, que pediu para não ser identificado, conta que já ligou várias vezes para a empresa para pedir o ajuste da rede, "mas quando ligamos para lá, dizem que a equipe vai fazer a manutenção. Nós sabemos que, na realidade, eles estão com medo de entrar aqui para fazer a manutenção".
São 15 dias sem internet, e nós pagamos até antecipado, antes de tudo isso acontecer. Eles dizem que vai vir uma equipe em um prazo de 24 horas, mas, na verdade, nós sabemos que eles não entram aqui por causa de medo das facções, de entrar e de tocarem fogo no carro. E se a gente falar em cancelar o plano, eles dizem que tem que pagar multa."
Morador do bairro Farias Brito
Identidade preservada
A empresa Giga+ foi questionada sobre o problema na internet na região, mas não se manifestou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
A Alloha Fibra, proprietária da Giga+, esclareceu que "atua em conjunto com as forças de segurança do Estado do Ceará para restabelecer os serviços nos bairros indicados pela reportagem e regularizar a qualidade dos serviços ofertados nestas regiões".
Após a manifestação da empresa e atualização da reportagem, a reportagem apurou que um veículo de manutenção da empresa foi incendiado, por volta das 17 horas, no mesmo bairro que estava sem internet. Os criminosos teriam atirado uma pedra no veículo e depois ateado fogo.
A reportagem questionou a empresa Giga+ e a SSPDS sobre o mais recente ataque, mas até a atualização da matéria, às 19h10, não houve resposta.
No fim da tarde desta quinta-feira (20), mais um veículo da empresa Giga+ foi incendiado. O ataque criminoso ocorreu no bairro Farias Brito, em Fortaleza
taques e operação policial
O Estado registra ataques a provedores de internet desde o início de fevereiro deste ano, mas as ações criminosas se intensificaram no mês de março. Lojas e veículos foram incendiados, em Fortaleza e Caucaia. Outros estabelecimentos também foram invadidos e tiveram equipamentos destruídos, em Caucaia e São Gonçalo do Amarante. Fios também foram cortados, nas três cidades, além de Caridade, no Interior do Estado.
As investigações policiais apontaram que os ataques e extorsões - a empreendedores do ramo de internet e a clientes - foram promovidos pela facção criminosa Comando Vermelho. Alguns provedores são obrigados a pagarem taxas para funcionarem, em algumas regiões.
Os últimos ataques contra provedores de internet registrados no Estado aconteceram na última segunda-feira (17), no bairro Parque Soledade, em Caucaia. Uma loja da empresa Giga+, na Rua Santa Helena, foi incendiada. Já uma loja do provedor GPX Telecom foi invadida e teve equipamentos destruídos, na Rua José de Alencar.
Os dois estabelecimentos ficam a 1,1 km de distância.
Como resposta, a Polícia prendeu dois suspeitos em flagrante durante aquele dia, jovens de 20 e 19 anos, que já tinham antecedentes criminais por tráfico de drogas.
A Polícia Civil do Ceará (PCCE) já tinha deflagrado duas fases da Operação Strike para combater os ataques a provedores de internet. Nas duas ações, foram presos 25 suspeitos e cumpridos 40 mandados de busca e apreensão, em Fortaleza, Caucaia e cidades do Interior do Estado.
Na Segunda Fase da Operação, três suspeitos foram presos e buscas de ilícitos foram realizadas, em Fortaleza, Canindé e Caridade. Esta última cidade teve ataques a postes e ameaças a provedores de internet, que deixaram parte da população do Município sem o serviço por mais de um dia.
Na Primeira Fase, deflagrada dois dias antes, a Polícia Civil prendeu 17 suspeitos, sendo 12 por mandados de prisão contra membros da facção criminosa Comando Vermelho que estariam participando das extorsões e dos ataques criminosos em Fortaleza, Caucaia e São Gonçalo do Amarante; e cinco proprietários de empresas provedoras de internet, que estavam na posse de material roubado ou estavam realizando a atividade de forma clandestina.
FONTE: DN
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