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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

POLÍCIA IDENTIFICA SUSPEITOS MORTOS EM TIROTEIO, EM ITAMONTE (MG)

A perícia da Polícia Civil identificou os corpos dos suspeitos mortos durante operação em Itamonte (MG), no sábado (22), quando a polícia rendeu uma quadrilha que explodiu um caixa eletrônico na cidade. Dos nove mortos na operação, três eram de Mogi das Cruzes (SP), quatro de São Paulo (SP), um de Campinas (SP), e o professor de Itanhandu (MG), feito refém durante a fuga dos criminosos e que morreu baleado.

Até esta segunda-feira (24), cinco corpos continuavam no IML de São Lourenço (MG) sem identificação. Todos foram liberados para os familiares. Um décimo suspeito, morto durante troca de tiros com a polícia quando tentava fugir pela Via Dutra, em São José dos Campos (SP), era de São José do Rio Preto (SP).

De acordo com o Capitão da Polícia Militar, Marcelo Borges, a segurança foi reforçada em toda a região à procura de suspeitos que ainda possam estar escondidos no Sul de Minas. "Não acredito que haja alguém escondido no matagal próximo a Itamonte, mas existe ainda a possibilidade de criminosos estarem escondidos na região, e o policiamento foi reforçado. Pedimos apoio da PM de São Lourenço, Pouso Alegre (MG) e Belo Horizonte (MG)", disse.

Seis pessoas detidas durante a operação no sábado (22) continuam presas, uma no Presídio de São Lourenço, quatro na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e o sexto suspeito em São José dos Campos (SP).

Professor era inocente
Polícia investiga morte de professor Silmar Madeira em Itamonte (MG) (Foto: Reprodução / EPTV)

O delegado Ruy Ferraz Fontes, do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), afirmou em entrevista ao G1 São Paulo nesta segunda-feira (24) que o professor Silmar Madeira, de 31 anos, morto em Itamonte, foi usado como escudo por um dos criminosos e morreu baleado durante tiroteio entre a polícia e a quadrilha confundido como um dos suspeitos.

"Silmar era refém da situação", disse o delegado em entrevista ao G1. Ruy Ferraz, que é responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do Deic, ressaltou que o tiroteio ocorreu à noite, às margens de uma estrada e em uma área de matagal. "Foi um tiroteio intenso, que durou 25 minutos, uma situação de guerra. Para nós, todos eram criminosos naquele momento", disse o delegado.

Ruy disse acreditar que o tiro que matou o professor foi dado por um criminoso, porque o buraco do ferimento estava nas costas do professor. Entretanto, ele ressaltou que apenas a perícia vai definir quem foi o responsável pelo disparo.

Quadrilha agia em cidades pequenas
Ainda segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes em entrevista ao G1 São Paulo, desde o começo do ano, a quadrilha explodiu caixas eletrônicos em ao menos seis cidades do interior paulista. A estratégia do grupo, composto por até 25 homens, chamou a atenção da polícia: ele optava por municípios com baixos índices de criminalidade e com poucos policiais.

Sempre em diversos veículos, encapuzados, com comunicadores, coletes à prova de balas e fuzis, os criminosos cercavam a cidade escolhida durante a madrugada. Parte deles seguia para a base da PM e disparava em sua direção, impossibilitando os policiais de reagirem.
Policia de Arujá prende suspeito de participar de roubo em Itamonte. (Foto: Reprodução/TV Diário)

Sem a polícia para intervir, outra parte dos criminosos seguia para agências bancárias. Nelas, eles instalavam dinamite roubada de pedreiras e explodiam os caixas eletrônicos. Com o dinheiro em mãos, fugiam sem ser perseguidos. "Eles apresentavam tática militar e estratégia previamente planejada", disse o delegado.

Na última quinta-feira (20), o setor de inteligência da polícia descobriu, por meio de escutas aplicadas em um dos integrantes do grupo, que o próximo alvo seria Itamonte ou Itanhandu, em Minas Gerais. "Fomos em 45 policiais para a região e nos unimos à polícia de lá."

Os agentes fizeram uma barreira na BR-354, que passa por Itamonte, e se concentraram em pontos estratégicos. Quando a quadrilha entrou na cidade, encontrou os policiais e houve o confronto, que resultou na morte de oito suspeitos, um refém e a prisão de outros seis criminosos.

Prisão em Cambuquira
Um suspeito de ter envolvimento com a quadrilha de assaltantes que trocou tiros com a polícia em Itamonte (MG) foi preso em Cambuquira (MG) no domingo (23). 

 Segundo a Polícia Civil, a Justiça determinou a prisão preventiva do homem de 26 anos para ampliar as investigações. A principal hipótese é de que ele estivesse em rota de fuga após a ação do último sábado (22), que terminou com a morte de nove pessoas.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito deu entrada no hospital de Cambuquira, por volta das 9h de domingo, desorientado, exausto e com um ferimento no braço direito. 

Ele alegou à equipe médica que havia se envolvido em uma capotagem, mas não soube passar nenhum outro detalhe. Os funcionários do hospital ficaram desconfiados e chamaram a polícia. Após alguns exames preliminares, a conclusão foi de que os ferimentos, provavelmente causados por arma de fogo, não condiziam com a história contada pelo paciente.

Após atendimento médico, o homem foi levado para a Delegacia de Três Corações (MG), onde prestou depoimento. Natural de Miracema (RJ), o suspeito disse que sofreu um acidente em Caxambu (MG) enquanto ia para o trabalho, mas após investigação, foi constatado que não houve nenhum acidente no local. 

O suspeito, que tem várias passagens pela polícia e um mandado de prisão em aberto, foi encaminhado para o Presídio de São Lourenço (MG).
Suspeito preso em Cambuquira foi levado para o Presídio de São Lourenço, MG (Foto: Tarciso Silva / EPTV)

Para o delegado responsável pelo caso, João Euzébio Cruz, de Pouso Alegre (MG), há fortes indícios de que o suspeito faz parte da quadrilha de assaltantes. "Ele não consegue explicar as razões de estar em Cambuquira. É um elemento completamente estranho na região e, por isso, está sendo investigado", afirma.

Segundo a Polícia Militar, homens em uma caminhonete prata teriam ido a um hotel de Cambuquira perguntando sobre o suspeito. O dono do hotel informou ao grupo que o homem tinha ido para o hospital com envolvimento da polícia. 

O bando foi embora após a informação.
Criminosos também se envolveram em tiroteio em São José dos Campos 3 (Foto: Reprodução/TV Vanguarda)

Prisão em São José dos Campos
Um suspeito foi morto e outro preso após fazerem um empresário de Itamonte refém durante uma tentativa de fuga no final da noite de domingo. Eles estariam escondidos na cidade após a ação policial na madrugada de sábado.

De acordo com os policiais, os criminosos renderam o empresário e o levaram de carro em direção a Caçapava (SP), quando foram perseguidos pela polícia. Já em São José dos Campos (SP) eles foram rendidos e durante uma troca de tiros, um dos suspeitos foi baleado e morreu. Um sargento da Polícia Militar também ficou ferido por dois disparos.

A vítima foi liberada e não ficou ferida. O outro suspeito foi detido. Durante a ação, os militares apreenderam um fuzil e um colete à prova de balas.

Tiroteio e mortes em Itamonte
Durante a madrugada de sábado, cerca de 200 policiais civis e militares renderam uma quadrilha que explodiu um banco e se preparava para explodir outros dois em Itamonte (MG). Ao todo, nove pessoas morreram e pelo menos cinco ficaram feridas, entre elas, cinco policiais civis.

Por volta das 2h, os criminosos explodiram caixas eletrônicos do Banco Bradesco e, durante a ação, foram cercados pelos policiais, que já tinham informações sobre a possibilidade do assalto. A quadrilha já era investigada havia pelo menos três meses.

Enquanto uma parte do grupo explodiu a outra agência, os outros integrantes ficaram em uma praça onde têm dois bancos, só que antes de detonar a dinamite, eles foram surpreendidos pela polícia. 

Os assaltantes estavam divididos em sete carros e, de acordo com a assessoria do governo do estado, eles pretendiam também dominar o pelotão da Polícia Militar de Itamonte e atacar ainda caixas eletrônicos em Itanhandu (MG). Durante a ação em Itamonte, foram apreendidos fuzis, espingardas calibre 12, pistolas, dinamites, munições e coletes à prova de bala. 

A informação da polícia é de que a quadrilha seja formada por pelo menos 20 pessoas. Quatro delas foram presas no local.
Pelo menos nove criminosos foram mortos na ação (Foto: Henrique Costa/CPN/ESTADÃO CONTEÚDO)

Um homem de 26 anos foi preso pela Polícia Civil de Mogi das Cruzes (SP) em um condomínio de luxo na cidade de Arujá (SP). Com ele, foram apreendidos uma moto, veículos e dinheiro manchado com tinta vermelha, proveniente do sistema de segurança dos caixas eletrônicos. Outro homem suspeito de integrar a quadrilha foi preso em Pindamonhangaba (SP).

Entre as pessoas mortas durante a operação em Itamonte, oito eram do Estado de São Paulo e um era de Itanhandu (MG). Três policiais civis foram atingidos por disparos feitos por fuzis. Eles foram socorridos em um helicóptero e levados para São Paulo (SP). Dois criminosos também ficaram feridos, foram internados e após receberem alta, foram levados para o Presídio de Pouso Alegre (MG). 

Já os corpos foram levados para os IML de São Lourenço (MG), Pouso Alegre (MG) e Itajubá (MG).

A Polícia Rodoviária Federal também apoiou a operação. Embora os policiais tenham cercado a cidade, alguns criminosos conseguiram fugir e, apesar das buscas feitas com helicópteros da Polícia Militar em matas próximas, não foram encontrados.

AUTOR: G1/MG

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