Pamplona deixa duas filhas e uma viúva, Zeni, com quem foi casado por 60 anos (Foto: Fábio Fabato /Arquivo pessoal)
O carnavalesco Fernando Pamplona morreu na manhã deste domingo (29), em sua casa, em Copacabana, Zona Sul do Rio, um dia após completar 87 anos. O salgueirense foi vítima de um câncer. O velório e o enterro serão na tarde deste deste domingo, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul. Casado havia 60 anos com Zeni, ex-bailarina que conheceu no Theatro Municipal, Pamplona deixa duas filhas, Eneida e Consuelo.
Considerado o "pai de todos" os carnavalescos do Rio, artista fez história no desfile das escolas de samba a partir dos anos 60, quando introduziu os enredos afros nos desfiles, e colocou o Salgueiro no patamar das grandes agremiações cariocas. Foi o líder de uma geração de carnavalescos que brilhou nos anos seguintes em várias escolas: Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Renato Lage, Maria Augusta, dentre outros.
Fernando Pamplona morreu um dia após completar 87 anos (Foto: João Luiz Ribeiro / Arquivo pessoal)
Sua estreia na folia aconteceu em 1960 ("Quilombo dos Palmares"), o primeiro campeonato do Salgueiro. Foi campeão também 1965, 1969 e 1971. “Sempre na mesma escola, sempre sem ganhar dinheiro algum. Fiz apenas no amor”, disse, em trecho da autobiografia lançada em janeiro, "O Encarnado e o Branco" (ed. NovaTerra).
“As mudanças promovidas por ele tinham em vista, principalmente, a preservação dos elementos da cultura negra. Já em 1960 introduziu espetacularmente os atabaques no Salgueiro. Ao substituir por espelhos as lâmpadas usadas nas fantasias dos sambistas, recuperava uma tradição do próprio folclore brasileiro”, afirmou Sérgio Cabral no prefácio da biografia.
'Um gênio'
“O desfile de hoje é como é por conta do que ele fez no Salgueiro na década de 1960. Ele criou a visão contemporânea do carnaval", disse o jornalista e escritor Fábio Fabato, que produziu o livro e se tornou amigo da família. “É uma tristeza. Era um gênio, uma figura marcante. Perde a cultura, perde o carnaval. Estava muito à frente do tempo dele."
Sua estreia na folia aconteceu em 1960 ("Quilombo dos Palmares"), o primeiro campeonato do Salgueiro. Foi campeão também 1965, 1969 e 1971. “Sempre na mesma escola, sempre sem ganhar dinheiro algum. Fiz apenas no amor”, disse, em trecho da autobiografia lançada em janeiro, "O Encarnado e o Branco" (ed. NovaTerra).
“As mudanças promovidas por ele tinham em vista, principalmente, a preservação dos elementos da cultura negra. Já em 1960 introduziu espetacularmente os atabaques no Salgueiro. Ao substituir por espelhos as lâmpadas usadas nas fantasias dos sambistas, recuperava uma tradição do próprio folclore brasileiro”, afirmou Sérgio Cabral no prefácio da biografia.
'Um gênio'
“O desfile de hoje é como é por conta do que ele fez no Salgueiro na década de 1960. Ele criou a visão contemporânea do carnaval", disse o jornalista e escritor Fábio Fabato, que produziu o livro e se tornou amigo da família. “É uma tristeza. Era um gênio, uma figura marcante. Perde a cultura, perde o carnaval. Estava muito à frente do tempo dele."
Capa da autobiografia de Pamplona é assinada por Ziraldo (Foto: Divulgação)
Seu último trabalho como carnavalesco foi em 1978 ("Do Yorubá à luz, a Aurora dos Deuses"). Depois disso, atuou como comentarista da TVE e da Rede Manchete. Também foi professor da Escola de Belas Artes da UFRJ, cenógrafo do Theatro Municipal e o responsável por algumas das melhores decorações de rua do carnaval carioca.
Botafogo e Salgueiro
Tão botafoguense quanto salgueirense, Pamplona foi a síntese de um Rio multidiverso, pleno de referências, de pulsação cultural, mesclando referências eruditas e populares.
“Ao contrário do artista comum, que se comove diante de uma catedral gótica, ele descobriu que a sua catedral era feita de carne e sangue, de suor e prazer, de riso e lágrima em forma de povo”, descreveu o escritor Carlos Heitor Cony, que assinou a orelha da biografia.Carnavais que assinou no G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro:
- 1960: Quilombo dos Palmares – campeão
- 1961: Vida e Obra do Aleijadinho
- 1965: História do Carnaval Carioca – Eneida (Com Arlindo Rodrigues) - campeão
- 1967: História da Liberdade no Brasil (Com Arlindo Rodrigues)
- 1968: Dona Beja, Feticeira de Araxá
- 1969: Bahia de Todos os Deuses (Com Arlindo Rodrigues) – campeão
- 1970: Praça Onze: Carioca da Gema
- 1971: Festa Para um Rei Negro (Com Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Maria Augusta) – campeão
- 1972: Nossa Madrinha, Mangueira Querida
- 1977: Do Cauim ao Efó, Moça Branca, Branquinha
1978: Do Yorubá à Luz, a Aurora dos Deuses
AUTOR: G1/RJ
Seu último trabalho como carnavalesco foi em 1978 ("Do Yorubá à luz, a Aurora dos Deuses"). Depois disso, atuou como comentarista da TVE e da Rede Manchete. Também foi professor da Escola de Belas Artes da UFRJ, cenógrafo do Theatro Municipal e o responsável por algumas das melhores decorações de rua do carnaval carioca.
Botafogo e Salgueiro
Tão botafoguense quanto salgueirense, Pamplona foi a síntese de um Rio multidiverso, pleno de referências, de pulsação cultural, mesclando referências eruditas e populares.
“Ao contrário do artista comum, que se comove diante de uma catedral gótica, ele descobriu que a sua catedral era feita de carne e sangue, de suor e prazer, de riso e lágrima em forma de povo”, descreveu o escritor Carlos Heitor Cony, que assinou a orelha da biografia.Carnavais que assinou no G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro:
- 1960: Quilombo dos Palmares – campeão
- 1961: Vida e Obra do Aleijadinho
- 1965: História do Carnaval Carioca – Eneida (Com Arlindo Rodrigues) - campeão
- 1967: História da Liberdade no Brasil (Com Arlindo Rodrigues)
- 1968: Dona Beja, Feticeira de Araxá
- 1969: Bahia de Todos os Deuses (Com Arlindo Rodrigues) – campeão
- 1970: Praça Onze: Carioca da Gema
- 1971: Festa Para um Rei Negro (Com Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Maria Augusta) – campeão
- 1972: Nossa Madrinha, Mangueira Querida
- 1977: Do Cauim ao Efó, Moça Branca, Branquinha
1978: Do Yorubá à Luz, a Aurora dos Deuses
AUTOR: G1/RJ
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