Evandro foi a julgamento acusado de ajudar o policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, que era ex-namorado da vítima, no assassinato de Mércia. Mizael foi condenado a pena de 20 anos em julgamento ocorrido em março deste ano. Segundo as investigações, o vigia e o ex-PM falaram 19 vezes por celular no dia 23 de maio de 2010, data apontada pela polícia como a do crime.
Na sentença, a juíza diz que Evandro "aderiu ao propósito criminoso de seu comparsa, já julgado e condenado, evidenciando com tal postura absoluta frieza e insensibilidade com a vida humana". Ele foi condenado por homicídio doloso com duas qualificadoras: meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
O promotor Rodrigo Merli diz que a pena "foi adequada". "Esperava algo em torno de 18 anos. Em termos de pena não dava para exigir mais do que isso", afirmou após o júri. "Consideramos agora o trabalho em relação a esse caso cumprido, pelo menos em primeira instância, dando um alento para a familia, o que é mais importante."
O advogado de defesa disse que recorreu da sentença. "A prova cabal não está nos autos. Quatro pessoas viram a Mércia e o Mizael no dia 26 [de maio de 2010]. Vamos apelar porque entendemos que essa prova é fundamental para a defesa. Seriam mais quatro testemunhas", disse Aryldo de Paula. "A decisão é descabida e injusta. Evandro é inocente", completou.
Durante o julgamento, o vigia negou qualquer envolvimento na morte de Mércia. Ele disse que apenas deu uma carona a Mizael. "Eu sei que não derramei esse sangue. Eu tenho toda certeza", disse. "Sou inocente, não ajudei Mizael a cometer esse crime. Jamais faria isso por ninguém. Eu não tinha conhecimento”, declarou.
O promotor Rodrigo Merli defendeu a culpa do vigia no caso durante os debates entre defesa e acusação, ocorridos nesta quarta-feira (31). “Evandro é, sim, culpado e partícipe, e deve responder pelo mesmo crime”, defendeu Merli. A acusação listou dez motivos para condenar Evandro e criticou diretamente o réu. "Cachorro, covarde que aceita participar da morte de uma inocente", disse o assistente de acusação Alexandre de Sá Domingues.
O advogado Ricardo Ponzetto, que defende Evandro, disse que não há provas que o réu tenha concordado em participar do assassinato de Mércia Nakashima. O defensor pediu para que os jurados não condenassem Evandro com base em uma “suposição”. “Não está comprovado que Evandro aderiu à vontade de Mizael de matar Mércia”, disse.
Ele justificou as 19 ligações entre Evandro e Mizael no dia apontado pela polícia como o da morte de Mércia alegando que os dois tinham "uma relação profissional".
Entre as testemunhas que prestaram depoimento estava o delegado Antonio de Olim, que investigou o caso. Ele foi enfático em ressaltar a participação de Evandro no crime. "Evandro não matou Mércia, mas foi partícipe ao saber que Mizael planejava matá-la e ao buscar o assassino na represa em Nazaré Paulista", disse.
Crime
O crime foi cometido na represa de Nazaré Paulista depois de Mércia desaparecer de Guarulhos. O veículo da advogada e o corpo dela foram encontrados, respectivamente, nos dias 10 e 11 de junho daquele mesmo ano. A vítima morreu afogada, aos 28 anos, depois de ser baleada de raspão no rosto e nas mãos.
O motivo do assassinato seria o fato de Mércia não aceitar reatar o romance com Mizael. Apontado como o executor, o ex, que está com 43 anos, cumpre pena no Presídio Romão Gomes da Polícia Militar, na Zona Norte da capital.
Ele foi condenado em março por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima). Evandro está preso na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo.
AUTOR: G1/SP
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