Após ser indiciado pela polícia por maus-tratos à enteada de apenas três anos, diagnosticada no início da semana com três agulhas dentro do corpo, Ronaldo Apolinário de Oliveira, 25, quebrou o silêncio. Em entevista exclusiva ao G1, na tarde da última sexta-feira (29), ele mostrou a casa onde vivia com a família, no Povoado Santo Antônio, no município de Atalaia, e negou as acusações. O padrasto da criança alega que tudo não passou de acidentes. A menina foi liberada do hospital e foi morar com a tia na cidade de Jacaré dos Homens, Sertão alagoano.
Segundo Oliveira, no momento em que a menina se feriu com as agulhas, ele escovava os dentes do lado de fora da casa, enquanto a mãe da menina, Quitéria dos Santos, tomava banho. Eles ouviram os gritos da criança e foram socorrê-la. "Foi um acidente, a menina encontrou as agulhas que estavam no quarto. Quando chegamos, vimos que ela estava com várias agulhas. Ela [a mãe da menina] retirou rapidamente as que estavam do lado de fora [do corpo], enquanto ela chorava. Sou inocente", afirma Oliveira.
O caso de maus-tratos à menina foi denunciado pelo Conselho Tutelar de Jacaré dos Homens, município do Sertão de Alagoas, onde ela passou a residir com a tia. De acordo com o conselheiro tutelar José Carlos Ferreira Barbosa, a tia da criança foi buscá-la na casa dos pais, em Atalaia, depois que soube que a menina vinha sendo maltratada e estava com marcas de agressão no rosto.
À época, a jovem Quitéria dos Santos, mãe da criança, disse que suspeita que o padrasto da menina seja o responsável pelas agressões. Segundo ela, o companheiro não gostava da criança e costumava espancá-la com frequência. Ela contou ainda acreditar que padrasto fazia algum tipo de ritual macabro com a criança.
"Ele costumava colocar ela de castigo e batia muito. As agulhas eu nunca vi ele colocando. Mas vi ele acendendo velas pela casa e escutei o amigo dele dizendo que se fosse preta ou de outra cor era melhor", relatou em entrevista à TV Gazeta na última quarta-feira (27).
Questionado sobre o hematoma no rosto da menina, o padrasto diz que nunca ficou sozinho com ela. "Ela é muito danada e sempre tive medo de ficar a sós com ela. O olho dela está assim porque ela caiu, quem viu a queda foi a mãe dela. Quando eu vi, chamei um vizinho e levei a menina ao médico. Nunca bati na menina e não entendo porquê ela [mãe da menina] não diz isso para a polícia", defende-se.
Já sobre as velas citadas pela sua mulher, ele disse que desconhece o fato e que nunca comprou nenhuma vela. "Quero que ela prove o que está falando. Não sei o motivo de ela não estar falando a verdade, mas acredito que a tia, com quem ela foi morar, está fazendo a cabeça dela. Espero que ela volte para a nossa casa porque quero cuidar dela e do nosso filho que ela espera ", diz.
Oliveira abriu as portas da casa em que vivia com a família para o G1. De acordo com o suspeito, eles moravam na casa de um primo dele, mas estavam de mudança após o proprietário pedir o imóvel de volta. Ele conta que havia acertado com a companheira, antes do caso vir à tona, que iriam morar em uma casa que está sendo construída no terreno do pai dele na região.
Vizinhos desconhecem perfil violento
A reportagem também entrevistou vizinhos do suspeito. Eles disseram que Ronaldo gostava de "farra" e de sair com os amigos, mas desconhecem que ele seja uma pessoa violenta. "Conheço ele desde pequeno e nunca ouvi que ele era violento e nem soube de nada. A única coisa que sei é que ele gosta muito de farra, mas ele é tranquilo", afirma o aposentado José Cícero da Silva.
A dona de casa Sônia Freire diz que só soube do caso das agulhas pela imprensa. "Nunca ouvi falar nada sobre ele, mas ninguém conhece ninguém. O que eu sei, é que ele gosta de beber com os amigos. Mais nada", afirma.
Oliveira conta ainda que, após a divulgação do caso na imprensa, ele foi hostilizado pelos vizinhos. "Todo mundo me olhou de cara feia. Mas eles sabem que eu sou inocente, nunca fiz mal a ninguém, principalmente a uma criança", reforça.
AUTOR: MISÉRIA
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