Nesta terça-feira (1º), ele fez um pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás, em Goiânia, e concedeu entrevista ao G1. Flagrado em escutas telefônicas com a administradora de empresas Luciane Hopers, suspeita de aliciar prefeitos para investir em fundo de pensão do grupo, ele diz: "Tinha uma relação de amizade".
Em diálogos gravados com autorização da Justiça, o político goiano chama Luciane de "chefa" e diz estar “trabalhando duro” para ela. O peemedebista, no entanto, diz que nunca apresentou a mulher para prefeitos ou agentes previdenciários e afirmou:"Não sou lobista". Sobre o escândalo, ele diz ter se envolvido em "uma conjuntura de azar".
Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
G1 - O sr. foi interceptado pela Polícia Federal em escutas telefônicas com Luciane Hopers. Qual a sua relação com ela?
Samuel Belchior - Amizade. No início nada. Depois com o tempo, ela me ligou, eu retornei e a gente acabou adquirindo uma relação de amizade.
G1 - Como o sr. a conheceu?
Samuel Belchior - Em Campo Grande (MS). Eu estive lá tentando fazer uma parceria em loteamento, em março deste ano. No dia em que eu estava lá, o proprietário da imobiliária, que é meu parceiro lá, convidou alguns amigos, também de Campo Grande, que estavam com duas pessoas de Brasília. Uma delas era a Luciane. Aí eles foram almoçar comigo. Foi coincidência.
G1 - Como ela se apresentou?
Samuel Belchior - Ela falou que prestava serviços para uma empresa de consultoria previdenciária. Mas nós não falamos praticamente nada sobre isso. Era um almoço com muita gente e a conversa era diversificada, de futebol, de cidade, e não foi tratado nada sobre negócios.
G1 - Nas escutas, o sr. fala que vai apresentá-las a algumas pessoas influentes em Goiás, no Mato Grosso e no Acre. Por que esse interesse em ajudá-la?
Samuel Belchior - No início ela queria que eu a apresentasse e eu me voluntariei a ajudá-la, assim como já fiz para várias pessoas. Mas eu não a apresentei para ninguém. Eu ia sendo educado, falando que ia marcar, mas não era uma coisa que, de fato, que eu não queria fazer. Se eu quisesse realmente a apresentar para algum prefeito, eu poderia ter feito isso, porque sou presidente estadual do meu partido, eu conheço muito gente. Com o tempo isso foi passando, eu não apresentei e ficou só essa amizade mesmo.
G1 - Esses pedidos de apresentação vinham com algum tipo de contrapartida?
Samuel Belchior - Não, não. De maneira nenhuma. Ela nunca me propôs nada. Eu nunca soube em detalhes o que de fato ela fazia, assim como ainda não sei. Porque muitas coisas saem nos meios de comunicação e eu ainda não consegui entender esse negócio de fundo podre, fundo falso.
G1 - Em entrevista ao G1 na semana passada, o deputado estadual Daniel Vilela (PMDB), disse que foi apresentado a Luciane pelo senhor. Procede?
Samuel Belchior - Pessoalmente pode ter sido naquele almoço [os deputados foram fotografados pela PF em almoço com Luciane em Brasília], mas ele já a conhecia de nome. Tanto é que ela comenta, em um dos grampos, que almoçaria com o deputado tal [Daniel Vilela], que é filho do prefeito de Aparecida de Goiânia, e com outro deputado [Belchior] que é muito influente em Goiás. Naquele momento ela não me conhecia direito.
G1 - Em uma das escutas o sr. a coloca em contato com um sobrinho do prefeito de Catalão, certo?
Samuel Belchior - Ela havia conhecido o sobrinho do prefeito de Catalão no almoço em Brasília, nesse que vocês têm a foto. Ele estava lá por coincidência, sentado a duas mesas ao lado. Aí ele veio, sentou um pouco conosco e lá eles se conheceram. Então ela estava tentando falar com ele e me disse: 'Oh, se um dia você o ver, me liga, porque eu estou tentando falar com ele'. Eles conversaram rapidamente, mas ela nunca esteve em Catalão. Nem por intermédio dele, nem por intermédio meu.
G1 - O sr. disse hoje na Assembleia que chama muita gente de chefe ao telefone, e por isso a chamou de "chefa". Mas por que fala que nas ligações interceptadas "que está trabalhando duro para ela"?
Samuel Belchior - Foi uma brincadeira que, se fosse hoje eu pudesse voltar atrás, não faria jamais. A gente no telefone, ainda mais eu que sou político, tem o hábito de chamar todo mundo de chefe, liderança. Um dia falei isso, justamente porque ela estava tentando falar com o sobrinho do prefeito de Catalão, que estava naquele dia ao meu lado. E eu liguei e fiz essa brincadeira, que estava trabalhando dura para ela.
G1 - Também de acordo com escutas, o sr. a convida para viajar para o Mato Grosso e para o Acre. Vocês fizeram alguma viagem juntos?
Samuel Belchior - Não. Eu tenho desenvolvido projetos de loteamentos tanto em Várzea Grande (MT) quanto em Rio Branco (AC) e nessa altura a gente já tinha pego alguma amizade. Mas ela nunca me acompanhou em nenhuma viagem. Está nos autos, está nítido isso. Eu nunca a apresentei a nenhum prefeito em Goiás, nem em Cuiabá, Várzea Grande ou Rio Branco. Nem a nenhum gestor previdenciário e nenhum lugar desses.
G1 - Luciane é suspeita de ser lobista de uma quadrilha que fraudava fundos de pensão. Em entrevista o Fantástico, ela nega. O sr. acredita que sua amiga seja inocente?
Samuel Belchior - Para mim, ela nunca propôs nada do tipo 'faz isso para mim que eu te dou isso em troca'. Eu não posso julgar as pessoas. Até onde eu a conheço, sempre me pareceu uma pessoa profissional.
G1 - No plenário da Assembleia, o senhor falou que está sendo vítima de sensacionalismo. Também comentou antes da entrevista que as reportagens colocam a sua imagem ao lado de fotos de Luciane de biquíni, de uma forma até sensual. Isso abalou seu casamento?
Samuel Belchior - Muito. Hoje, o que mais dificulta o meu dia a dia não é o que as pessoas estão pensando de mim como político. Eu sei que isso é passageiro, que ao final do inquérito tudo vai se esclarecer. Não diria que é uma injustiça, mas é uma conjuntura de azar. Eu passei essa semana sem falar até para recompor a minha família e minha esposa está hoje aqui me acompanhando. Mas essa parte familiar me afetou demais.
AUTOR: G1/GO
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