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sábado, 27 de junho de 2015

ESTADO ISLÂMICO ASSUME ATAQUES NA TUNÍSIA E KUWAIT COM 62 MORTES

Atentados terroristas realizados em três países de três continentes diferentes deixaram dezenas de mortos nesta sexta-feira (26). França, Tunísia e Kuwait foram alvos de terroristas, sendo que na Tunísia e no Kuwait os ataques foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico.

VEJA GALERIA DE FOTOS

Na França, pelo menos uma pessoa invadiu de carro uma usina de gás em uma área industrial perto de Lyon, causando uma explosão. Duas pessoas ficaram feridas, e um corpo decapitado foi encontrado no local. Três pessoas suspeitas de envolvimento foram presas.

Na Tunísia, pelo menos 37 pessoas morreram no ataque a um hotel na cidade de Sousse. Tiros foram ouvidos no local, e o atirador teria morrido. Cinco das vítimas eram britânicas. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico.

No Kuwait, pelo menos 25 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas após uma explosão em uma mesquita xiita durante as orações de sexta-feira. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico.

Segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, não há nenhuma evidência de que os ataques terroristas foram coordenados. No entanto, eles vieram poucos dias depois de o EI pedir que ataques fossem realizados por seus militantes durante o período de Ramadã.

Veja a seguir como foram os ataques.

FRANÇA
O atentado na França foi classificado como terrorista pelo presidente francês, François Hollande. "É de natureza terrorista, já que foi encontrado um cadáver decapitado com inscrições" no local do crime. "A intenção era, sem dúvida, causar uma explosão. Foi um ataque terrorista", declarou Hollande, que aumentou o alerta de segurança no local do ataque para o mais alto existente.
Investigadores e policiais trabalham em uma usina de gás onde pelo menos duas pessoas ficaram feridas após um atentado em Saint-Quentin-Fallavier, na França. A cabeça de um homem decapitado, com inscrições em árabe, foi encontrada próxima ao local (Foto: Emmanuel Foudrot/Reuters)
O presidente explicou que o ataque foi lançado por meio de "um veículo conduzido por uma pessoa, talvez acompanhada de outra, e que a grande velocidade, e com cilindros de gás, se lançou sobre este centro, considerado sensível". "Não há dúvidas quanto à intenção, que é provocar uma explosão", acrescentou.

Três pessoas foram detidas – entre elas o principal suspeito do crime, identificado como Yassim Salhi, de 35 anos e original de Saint-Priest, na periferia de Lyon, segundo o governo francês.

De acordo com o Ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, o preso foi acompanhado pelas autoridades entre 2006 e 2008 por supostas atividades radicais, mas a partir desta data deixou de ser visto como uma ameaça. Nesse tempo, o suspeito teve vínculo com movimentos salafistas (grupos ultraconservadores), mas "não foi identificado que participasse de atividades de caráter terrorista", disse.
Vista geral da usina de gás da Air Products em Saint-Quentin-Fallavier, perto de Lyon, na França, onde pelo menos duas pessoas ficaram feridas após um atentado (Foto: Jean-Philippe Ksiazek/AFP)

Uma segunda pessoa foi detida horas depois. "Um veículo foi visto dando voltas suspeitas nos arredores do complexo, o número da placa foi investigado e seu proprietário identificado. Ele foi detido na localidade de Saint-Quentin-Fallavier", afirmou uma fonte ligada ao caso.

A esposa do suposto autor do ataque foi a terceira pessoa detida, segundo uma fonte judicial.

O homem decapitado no ataque à fábrica de gás seria o empregador do suposto autor do atentado, de acordo com uma fonte próxima ao caso.
O veículo com o qual o suposto terrorista atacou a fábrica era autorizado para entrar na empresa, por isso, não levantou suspeitas, informou o prefeito de Isère, Jean-Paul Bonnetain.

Em declarações a um grupo de jornalistas, o prefeito explicou que o veículo "não precisou entrar de surpresa" na fábrica, já que contava com a permissão necessária para fazê-lo nesta instalação classificada de "baixo risco industrial".

Fora da usina atacada foi encontrada uma bandeira com inscrições em árabe, disseram as autoridades. Elas ainda são analisadas.
TUNÍSIA
Na Tunísia, o ataque ocorreu em um hotel em Sousse. Uma fonte de segurança disse que o corpo do atirador, armado com um fuzil Kalashnikov, estava no local onde a polícia o matou.

Segundo o grupo SITE Intel Group, que monitora a ação do Estado Islâmico na internet, o grupo jihadista assumiu a autoria do ataque e identificou o atirador como Abu Yahya al-Qayrawani.

Segundo o Ministério da Saúde, ao menos 37 pessoas morreram – a maioria turistas. A polícia restringiu o acesso ao hotel Imperial Marhaba. Ao menos seis pessoas ficaram feridas. Inicialmente foram reportadas 28 mortes.
Abu Yahya al-Qayrawani, o atirador que promoveu o atentado em um hotel na Tunísia, segundo o Estado Islâmico (Foto: Reprodução/ Twitter/ SITE Intel Group)

Os hóspedes eram em sua maioria britânicos e da Europa central, indicou o estabelecimento sem precisar a nacionalidade das vítimas.

No momento do ataque "havia 565 clientes no hotel. Os clientes são majoritariamente do Reino Unido e da Europa central", indicou o grupo em um comunicado. Segundo uma autoridade tunisiana, uma irlandesa também estaria entre os mortos.

O Ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, afirmou que pelo menos cinco britânicos estavam entre os 37 mortos. "Podemos confirmar que pelo menos cinco britânicos foram mortos nesse incidente, mas devo avisar que devemos esperar mais relatos de fatalidades", afirmou. Inicialmente foram reportadas 28 mortes.

Sousse é um dos mais conhecidos balneários do norte da África, atraindo turistas da Europa e de países vizinhos. A Tunísia tem estado sob forte alerta de segurança desde março, quando militantes em aliança com o grupo Estado Islâmico atacaram o museu do Bardo, em Tunis, matando um grupo de 20 turistas estrangeiros em um dos piores ataques do tipo no país africano.
Corpos de turistas mortos a tiros por um atirador perto de um hotel à beira-mar em Sousse, na Tunísia (Foto: Amine Ben Aziza/Reuters)
Corpo de turista é coberto após ataquem em praia de Sousse, na Tunísia, nesta sexta (26) (Foto: Amine Ben Aziza/Reuters)

KUWAIT
O ataque no Kuwait foi direcionado a uma mesquita xiita, no momento da tradicional oração das sextas-feiras, que atrai muitos fiéis. A explosão aconteceu na mesquita de Al Imam al Sadeq da cidade de Kuwait.

O grupo jihadista sunita Estado Islâmico reivindicou este atentado, assim como outros que já ocorreram em mesquitas xiitas na Arábia Saudita e no Iêmen.

No final de maio, o emir do Kuwait pediu aos países muçulmanos que intensifiquem a luta contra o extremismo, durante uma conferência pan-islâmica dedicada a coordenar os esforços contra os grupos jihadistas.
Explosão em mesquita xiita Al-Imam al-Sadeq deixou dezenas de mortos. Estado Islâmico reivindicou autoria do ataque (Foto: AP)
Mesquita no Kuwait atacada nesta sexta (26) (Foto: Amine Ben Aziza/Reuters)
Repercussão
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse que o governo brasileiro “deplora o incremento dos atentados terroristas que continuam a ceifar vidas inocentes em diferentes partes do mundo”.

“Trata-se de atos criminosos, perpetrados por extremistas em nome de ideias incompatíveis com as regras mais elementares de convívio e respeito aos direitos humanos. A intolerância religiosa e o recurso à violência indiscriminada, praticados sob qualquer pretexto, merecem o mais veemente repúdio da sociedade e do Governo brasileiro.”

A Casa Branca e a ONU também condenaram os ataques na França, Tunísia e Kuwait.

Os Estados Unidos expressaram sua solidariedade e sua vontade de "combater o flagelo do terrorismo". "Nossos pensamentos e orações estão com as vítimas desses ataques atrozes, seus entes queridos e as pessoas desses três países", afirma um comunicado.

Já o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, classificou de "terroristas" e "espantosos" os ataques e exigiu que seus responsáveis sejam julgados.

Segundo o porta-voz, Ban condenou "nos termos mais firmes os ataques terroristas na Tunísia, Kuwait e França". "Os responsáveis por esses atos de violência espantosos devem ser rapidamente levados ante a justiça", acrescentou.

Após os ataques, o ministro italiano do Interior Angelino Alfano anunciou que o governo decidiu elevar o alerta antiterrorista. "Não podemos deixar nos condicionar pelo medo", afirmou o ministro, depois de enfatizar que "os desafios são vencidos apenas se o medo não se espalhar".

Com a medida, a vigilância das infraestruturas e monumentos e as unidades dedicadas à segurança será intensificada.

AUTOR: G1/SP

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